Qual é a importância do acompanhamento da gestação?
A partir do momento em que a gravidez é descoberta, é necessário que a gestante faça todo o acompanhamento pré-natal para que a saúde dela e o desenvolvimento do bebê sejam monitorados e, assim, seja possível diagnosticar e tratar qualquer problema o mais cedo possível, como alterações na pressão arterial e malformações. Mas os cuidados não devem acabar aí! Depois do parto, mãe e bebê devem continuar sendo acompanhados durante algum tempo para garantir que tudo está bem. Continue a leitura para saber o que acontece em cada fase da gestação e depois dela e os cuidados necessários.
Qual o médico responsável pelo acompanhamento da gestação?
Algumas especialidades médicas podem estar envolvidas no acompanhamento da gestação e no período logo após a ela, que é chamado de puerpério e vai do momento que o bebê nasce até 42 dias depois. São eles:
- O obstetra, que presta os cuidados necessários durante a gravidez, no parto e depois do nascimento do bebê;
- O ginecologista, que cuida do sistema reprodutivo feminino;
- O ginecologista obstetra, que é especializado nas duas coisas.
Em relação especificamente ao médico obstetra, as responsabilidades dele são as seguintes:
- Exames de pré-natal;
- Avaliação do desenvolvimento do bebê, em tamanho, peso e posição no útero;
- Identificação de possíveis anomalias congênitas ou possíveis complicações no desenvolvimento da criança;
- Tratamento de condições de saúde que possam afetar a saúde materna ou do bebê;
- Realização do parto;
- Acompanhamento da mãe e do bebê até seis semanas após o parto.
Quais são as fases da gestação?
Uma gestação dura, em média, 40 semanas ou os famosos nove meses. Para o acompanhamento da gestação e avaliação da evolução, os profissionais da saúde, como os obstetras, costumam dividir o período em três trimestres:
Primeiro trimestre – o primeiro trimestre de gestação se inicia no primeiro dia da última menstruação e segue até a 13ª semana. Com o início do desenvolvimento do bebê e as mudanças hormonais comuns do período, alguns sintomas tendem a surgir, como: inchaço e sensibilidade dos seis, sono, cansaço, vontade de urinar, azia, enjoo e náusea. A mulher pode apresentar, também, um pouco de sangramento. Mas, se o sangramento for muito ou sentir cólicas e dores abdominais, é importante buscar ajuda médica. Além disso, ela pode ter dificuldade para evacuar. Para o bebê, os primeiros meses são de transformação, passando de um óvulo fertilizado para um feto com a cabeça delineada e pálpebras que começam a se formar.
Segundo trimestre – corresponde ao período que vai da 14ª semana até a 28ª semana, que é marcado, normalmente, por alguns acontecimentos, como a primeira vez que a mãe sente os movimentos do bebê, especialmente por volta do sexto mês, e o surgimento da barriga. Os sintomas de mal estar e enjoo, comuns do primeiro período, tendem a diminuir no segundo trimestre, mas a gestante pode apresentar dores nas costas e no abdome, aumento dos seios, congestão nasal e cãibras nas pernas. Nesse período, as principais estruturas dos órgãos do bebê são formadas, como os rins, e ele pode fazer o primeiro xixi. Os sentidos da audição, olfato, tato e paladar começam a se desenvolver também.
Terceiro trimestre – na última fase da gestação, que dura da 29ª à 40ª semana, o corpo começa os últimos preparativos para o parto. Dores nas costas e na região abdominal podem surgir, bem como fadiga, azia, hemorroidas e inchaço, além de falta de ar, devido à pressão da barriga. O bebê continua a crescer e a se movimentar de forma a ficar na posição mais adequada para o parto. Até a 36ª semana, a cabeça do bebê deve chegar na área pélvica da mãe e ficará nessa posição nas duas últimas semanas da gestação. Ele já abre e fecha os olhos e consegue perceber a luz a partir da barriga, bem como ouvir os sons do ambiente. Apesar de o marco ser as 40 semanas, o parto pode ocorrer antes ou mesmo depois desse período. Esse prazo varia de pessoa para pessoa.
GESTAÇÃO – Como deve ser feito o acompanhamento pré-natal?
São recomendadas, pelo menos, seis consultas de pré-natal, sendo que a primeira deve ser feita no primeiro trimestre da gestação; duas durante o segundo e, no terceiro trimestre, mais três atendimentos. Nos acompanhamentos da gestação, a paciente recebe, além do cartão da gestante, o calendário de vacinas e os exames de rotina que deverão ser feitos, orientações e recomendações gerais sobre a saúde e o agendamento dos próximos atendimentos.
Entretanto, apesar de a recomendação mínima ser de seis consultas ao longo de toda a gestação, o ideal é, sempre que possível, os acompanhamentos com as equipes de saúde serem mais frequentes.
- Até a 13ª semana – a primeira consulta, por exemplo, pode ocorrer no primeiro trimestre e,
- Até a 34ª semana, seria indicado que a gestante buscasse o atendimento uma vez por mês.
- Entre a 34ª e a 38ª semana de gestação, uma consulta a cada duas semanas;
- A partir da 38ª semana e até o momento do parto — que acontece, normalmente, próximo da 40ª semana — a recomendação é que os atendimentos sejam semanais.
No momento das consultas, a equipe segue um protocolo para o monitoramento da saúde da mãe e do bebê. Esse protocolo inclui:
- Anamnese (entrevista/conversa) com a gestante, na qual o profissional questiona aspectos da saúde física, mas também emocional;
- Exame físico;
- Análise dos exames laboratoriais (de sangue) e de imagem.
Entre os exames normalmente solicitados, estão:
- Hemograma completo, que deve ser repetido entre a 28ª e 30ª semana de gestação;
- Grupo sanguíneo e fator Rh;
- Sorologia para sífilis (VDRL), que deve ser repetido entre a 28ª e 30ª semana de gestação;
- Glicemia em jejum, que deve ser repetido entre a 28ª e a 30ª semana de gestação;
- Teste oral de tolerância à glicose, para as gestantes avaliadas com fator de risco para diabetes gestacional, ou que apresentem glicemia em jejum maior ou igual a 85 mg/dL;
- Exame sumário de urina, que avalia alterações no sistema urinário;
- Urocultura com antibiograma, para avaliar a presença de bactérias na urina, que deve ser repetido entre a 28ª e 30ª semana de gestação;
- Sorologia para identificar se a gestante é portadora de HIV, que deve ser repetida entre a 28ª e 30ª semana de gestação;
- Sorologia para toxoplasmose, imunoglobulina G e M (IgG e IgM) — anticorpos que identificam se houve uma infecção recente ou mais antiga por protozoário. Deve ser repetida trimestralmente se o IgG for não reagente;
- Sorologia para hepatite B (HBSAg);
- Protoparasitológico de fezes, exame que avalia a presença de parasitas nas fezes;
- Colpocitologia oncótica, mais conhecido como “Papanicolau”, que avalia possíveis alterações nas células do colo do útero, que podem indicar câncer;
- Bacterioscopia da secreção vaginal, na qual avalia quais bactérias estão presentes na região da vagina e, caso haja alguma patogênica, pode ser indicado um tratamento precoce;
- Cultura específica do estreptococo do grupo B, que avalia a presença da bactéria na região íntima da gestante. O objetivo é evitar que o bebê se contamine, durante o parto, com esse agente infeccioso. A análise é feita a partir de uma coleta das secreções da vagina e do ânus, entre a 35ª e 37ª semana de gestação;
- Ultrassonografia obstétrica, que pode ser realizada entre a 10ª e 13ª semana de gestação, caso o pré-natal tenha sido iniciado precocemente. O exame deve ser repetido entre a 20ª e 24ª semana.
Esse acompanhamento permite que sejam avaliados possíveis riscos de saúde durante a gestação, como a identificação precoce de uma possível pré-eclâmpsia — condição que eleva a pressão arterial da mulher, comprometendo a função dos rins e do cérebro, podendo gerar convulsões. É uma das principais causas de mortalidade materna no Brasil. Outras doenças, como diabetes, anemias e mesmo infecções sexualmente transmissíveis, como a sífilis, podem também ser diagnosticadas.
PÓS-PARTO – Como é o acompanhamento no puerpério?
Os acompanhamentos após o parto, no período conhecido como puerpério, se dividem entre os cuidados com o bebê recém-nascido e com a mulher. As primeiras consultas com o ginecologista / obstetra são agendadas, geralmente, entre uma semana e 10 dias após o nascimento do bebê, para avaliar a recuperação do organismo feminino e o estado geral do bebê.
Nesse período, algumas medidas podem ser adotadas para facilitar os cuidados com o bebê e a recuperação da mãe, como por exemplo:
- Mantenha, sempre que possível, as pernas levantadas para prevenir inchaços;
- Sente-se em uma banheira ou bacia com água morna para aliviar desconforto vaginal;
- Use hidratantes e loções específicas para as estrias;
- Alimente-se com frutas, vegetais e grãos integrais;
- Use sutiãs adaptados, para aliviar as dores nos seios;
- Tome água e prefira alimentos ricos em fibras para prevenir a constipação;
- Caso sinta tristeza, e ela não passe em até duas semanas, entre em contato com o médico.
Quais cuidados que a gestante deve ter durante a gravidez e depois dela?
É importante que, durante a gravidez, a mulher receba todo o acompanhamento possível, para avaliar a saúde própria e o desenvolvimento do bebê. Isso inclui as visitas regulares aos profissionais para os cuidados com a saúde física, mas também mental e emocional. Orientações sobre a gestação, parto, doenças, alimentação, exercícios físicos, redes de apoio e acolhimento também fazem parte do pré-natal.
Após o parto, os cuidados permanecem, tanto os físicos quanto os emocionais. Vale destacar que as seis semanas após o nascimento devem ser acompanhadas de perto, para verificar as mudanças no organismo da mãe e do bebê. Sintomas como dores abdominais, sensibilidade e dor na região íntima e nos seios, sangramento vaginal e mudanças hormonais são comuns nesse período.
Manter um acompanhamento com os especialistas da saúde, principalmente o médico obstetra, é fundamental nesse período para tirar dúvidas e melhorar a qualidade de vida.
*Conteúdo validado pelo coordenador médico da Ginecologia e Obstetrícia do Hospital e Maternidade Christóvão da Gama, Dr. Raphael Garcia Moreno Leão.