Maioria dos casos de queimadura acontece em casa: saiba como evitá-los e quando procurar ajuda médica
Acidentes com queimaduras são uma das principais causas de urgência em prontos-socorros. No Brasil, acontecem cerca de um milhão de casos de queimadura por ano, sendo que 100 mil deles precisam de atendimento de emergência e 2,5 mil levam à morte. Dia 06 de junho é o Dia Nacional de Luta Contra Queimaduras, uma data para conscientizar sobre a importância de prevenir acidentes e saber como lidar com vítimas queimadas. Para falar sobre o assunto, conversamos com o coordenador do Pronto Socorro do Hospital e Maternidade Christóvão da Gama, Dr. Giancarlo Dall’Olio.
Como acontecem os casos de queimadura e o que fazer para socorrer?
De acordo com a Sociedade Brasileira de Queimaduras, 80% dos casos acontecem dentro de casa e cerca de 40% das vítimas são crianças. Também são comuns acidentes de trabalho e ocorrências externas, como incêndios causados por balões, curtos-circuitos, choques-elétricos, explosões de fogos de artifício, entre outros. As queimaduras podem ser:
Térmicas ou por calor – causadas diretamente pelo fogo ou calor. São as mais comuns e envolvem acidentes com água quente, panelas de pressão, superfícies aquecidas, fogueiras, álcool, churrasqueiras e incêndios.
Elétricas – são causadas por choques elétricos em fios de eletricidade, postes, tomadas de luz, torres de alta tensão e eletrodomésticos. A gravidade do acidente vai depender da corrente elétrica envolvida e o tempo de permanência em contato.
Químicas – são causadas por agentes químicos ácidos ou básicos, como produtos de limpeza fortes (soda cáustica) e venenos.
O Dr. Giancarlo explica que a gravidade das queimaduras varia de acordo com a profundidade das lesões. Elas podem ser classificadas em três tipos, que vão determinar o modo de tratamento:
Queimaduras de primeiro-grau – atingem apenas a camada superficial da pele, causando vermelhidão, inchaço e dor local. O que fazer em caso de queimaduras de primeiro-grau: resfriar o local com água corrente, em temperatura ambiente, por cerca de 20 minutos. Caso permaneça com dor ou perceba alteração no aspecto da lesão, procure ajuda médica.
Queimaduras de segundo-grau – atingem a camada superficial da pele e também a derme, onde se encontram os capilares e vasos sanguíneos. Ocorre a formação de bolhas e a lesão tem um aspecto úmido, acompanhada de dor. O que fazer em caso de queimaduras de segundo-grau: resfriar o local com água corrente, em temperatura ambiente, de 20 a 40 minutos, e procurar ajuda médica.
Queimaduras de terceiro-grau – atingem todas as camadas da pele e também outros tecidos, como nervos, músculo e até ossos. O ferimento tem aparência escura e a dor é apenas em volta dele, já que os nervos são danificados. O que fazer em caso de queimaduras de terceiro-grau: cobrir o local da lesão com pano ou gaze limpo e procurar um pronto-socorro com muita urgência.
Atenção: no caso das queimaduras de primeiro e segundo-grau, se o local da queimadura for superior a 10% do corpo, não resfriar em água corrente. Apenas cobrir com pano limpo e procurar ajuda médica o quanto antes.
Veja um vídeo do Grupo Leforte sobre primeiros-socorros para queimaduras
Como é feito o tratamento dos casos de queimadura?
De acordo com o Dr. Giancarlo, o tratamento dos casos de queimadura pode variar desde curativos até cirurgias reparadoras de cicatrizes decorrentes de lesões graves. O tratamento em câmara hiperbárica também uma terapia usada para acelerar a cicatrização de pessoas com queimaduras.
O Grupo Leforte oferece suporte no tratamento de queimaduras, que engloba todas as etapas – desde a entrada no pronto-socorro a terapias para cicatrização e cirurgias plásticas. O médico explica que o atendimento ao paciente começa na chegada ao hospital: “um enfermeiro imediatamente avalia a pessoa com queimadura, classifica a prioridade de urgência e aciona a equipe médica”.
A partir da triagem no pronto-socorro e avaliação de equipe multidisciplinar, a pessoa com queimadura pode ser direcionada para algum(s) tratamento(s):
Curativos – no caso de lesões mais simples, são feitos curativos e a pessoa é orientada sobre como lidar com a queimadura em casa até a cicatrização.
Expansão de tecidos – o médico usa água salina para estimular o crescimento de tecido em regiões que a pele foi perdida.
Tratamento em câmara hiperbárica – a pessoa inala de oxigênio 100% puro em uma câmara hiperbárica fechada e individual, com pressão superior à atmosférica. O oxigênio do corpo aumenta até 20 vezes, o que favorece a vascularização. No caso das queimaduras, acelera a cicatrização e diminui o risco de infecções, cirurgias e tempo de uso de antibióticos.
Cirurgias reparadoras – feitas para reconstruir a área atingida e recuperar funções que podem ter sido prejudicadas pela queimadura, como a perda de elasticidade e mobilidade.
Tratamento de cicatrizes – reparos de descolorações, irregularidades e marcas.
O que fazer para prevenir acidentes e casos de queimadura?
- Mantenha crianças longe da cozinha durante o preparo de alimentos e deixe sempre o cabo dos utensílios direcionados para dentro do fogão;
- Use panelas de pressão que estejam em bom estado e mantenha sempre a válvula de segurança limpa;
- Nunca use produtos inflamáveis como álcool, gasolina, querosene ou outros perto do fogo. Acenda churrasqueira com acendedor apropriado;
- Guarde produtos de limpeza em recipientes identificados e longe do alcance de crianças;
- Não acenda fósforo ou isqueiro perto de botijão de gás, tecidos ou produtos inflamáveis;
- Em festas juninas, não faça balões. Caso for fazer fogueira, prefira as pequenas e só acenda longe de matas, tecidos, produtos inflamáveis e ventanias;
- Oriente as crianças para não mexam em tomadas e não tentem pegar pipas em fios elétricos ao brincar;
- Cuidado ao mexer em quadros de força ou remendar fios, caso não saiba o que está fazendo. Deixe para que um especialista manipule com segurança;
O Dr. Giancarlo Dall’ Olio é cirurgião plástico do Hospital e Maternidade Christóvão da Gama, Dr. Giancarlo Dall’Olio. É membro titular do Colégio Brasileiro de Cirurgiões – TCBC, da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica – SBCP, da International Confederation for Plastic Reconstructive and Aesthetic Surgery – IPRAS e da International Society Of Aesthetic Plastic Surgery – ISAPS. Também é delegado superintendente adjunto CREMESP.
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