Saúde da mulher e o sangramento uterino anormal
O sangramento uterino anormal é uma condição comum, que afeta de 10% a 30% das mulheres em idade reprodutiva, piorando a qualidade de vida delas. Para falar sobre o assunto, o Leforte convidou o ginecologista e obstetra Dr. Raphael Garcia Moreno Leão para falar sobre a saúde da mulher e o sangramento uterino anormal – SUA.
SAÚDE DA MULHER: o que é o sangramento uterino anormal (SUA)?
“O sangramento uterino anormal é o sangramento excessivamente intenso, prolongado ou frequente, de origem uterina, na ausência de gravidez”, explica o Dr. Raphael Leão. “Qualquer mulher pode apresentar. Principalmente no período da menacme, que é o período entre a primeira menstruação – a menarca – e a última menstruação, a menopausa”.
Segundo a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), o sangramento uterino anormal é uma queixa frequente, seja no atendimento em unidades públicas de saúde ou em consultórios particulares de ginecologia e obstetrícia. Mas, na maioria das vezes, o sangramento é de pequena intensidade e não chega a comprometer o estado geral das pacientes.
SAÚDE DA MULHER: como reconhecer o sangramento uterino anormal?
O Dr. Raphael conta que “o sangramento uterino anormal pode ser reconhecido quando há aumento do fluxo menstrual, aumento da duração da menstruação ou sangramento fora do período menstrual”. O especialista alerta que o SUA pode vir acompanhado, principalmente, por cólicas”.
Além disso, “o SUA pode levar à anemia, causando cansaço e desânimo nas mulheres. A qualidade de vida também pode ser afetada pelo sangramento que pode atrapalhar a mulher na realização de suas atividades cotidianas”, diz o especialista. De acordo com a Febrasgo, o sangramento uterino anormal pode ser debilitante em algumas situações, tanto que, em grande parte dos casos em que isso acontece, costuma ser indicado o tratamento cirúrgico.
SAÚDE DA MULHER: quais são as principais causas do sangramento uterino anormal?
“As principais causas são distúrbios endocrinológicos, como os ciclos anovulatórios, e as causas anatômicas, como os miomas e os pólipos uterinos”, diz o Dr. Raphael. O ciclo anovulatório é quando o ciclo menstrual acontece sem que que haja ovulação. Já os miomas são um tipo benigno de tumor que se forma no tecido muscular do útero, como se fossem nódulos, enquanto os pólipos uterinos são o crescimento excessivo de células na parede interna do útero, que ficam parecendo verrugas, em geral, benignas.
SAÚDE DA MULHER: como o sangramento uterino anormal é diagnosticado, quais exames podem ser solicitados?
“O diagnóstico é feito pela sintomatologia e podem ser pedidos exames hormonais e ultrassonografia para identificar a causa do sangramento anormal”, diz o Dr. Raphael. É comum ser solicitado pelo médico exame de sangue para medir concentrações hormonais para saber se há um desequilíbrio que possa estar causando o SUA ou sinal de algum problema de saúde que possa causar sangramento.
Se for necessário, o especialista pode pedir ainda a realização de uma ultrassonografia transvaginal, pois ela consegue identificar a maior parte de miomas, pólipos e alterações indicativas de câncer ou que podem ser pré-cancerosas, além de alterações no ovário.
SAÚDE DA MULHER: como é o tratamento do sangramento uterino anormal?
O Dr. Raphael conta que o “tratamento é feito conforme a causa do sangramento. Pode ir desde a prescrição de pílula anticoncepcional até uma histerectomia”, um tipo de cirurgia ginecológica que é feita para a retirada do útero, cuja recuperação pode variar de três a oito semanas. Infelizmente, explica o especialista, “não há como prevenir o SUA, a condição é tratada quando ocorrer”.
A cirurgia para a retirada do útero pode ser recomendada para os casos em que o sangramento uterino anormal ainda é significativo depois que outros tratamentos foram tentados. Ou, então, se forem detectadas alterações cancerígenas. “É importante que a mulher procure um ginecologista se começar a apresentar alteração do fluxo menstrual e deve fazer a rotina anual de exames com seu médico”, alerta o Dr. Raphael.

O Dr. Raphael Garcia Moreno Leão é médico especialista em ginecologia e obstetrícia pela Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), com especialização em videolaparoscopia e videohisteroscopia pela mesma instituição. Ele é coordenador da ginecologia e obstetrícia do Hospital Maternidade Christóvão da Gama e atende pacientes no ambulatório do Hospital em consultas nas segundas das 11:30h às 13:30h, às terças das 10:30 às 13:30 e às quintas das 11:30h às 17:30h.