As doenças cardiovasculares são a causa número um de morte no Brasil e no mundo. Para preveni-las, é importante manter um estilo de vida saudável, além de consultar um cardiologista e realizar exames médicos regularmente para checar a saúde do coração. O médico cardiologista Dr. Fernando Menezes, líder da equipe de cardiologia do Hospital Leforte Morumbi, alerta que as doenças cardiovasculares nem sempre apresentam sinais. Então, confira a partir de quando o check-up cardiológico deve ser feito e quais são os principais exames recomendados.
Qual a importância do check-up cardiológico?
O Dr. Fernando Menezes explica que “a primeira manifestação de doença cardiovascular pode ser infarto agudo do miocárdio, no qual a maioria dos óbitos ocorre nas primeiras horas de manifestação da doença – 40% a 65% na primeira hora e 80% nas primeiras 24 horas. Devido a essa evolução rápida e súbita, a ausência de sintomas não é o suficiente para determinar saúde cardiovascular”, afirma.
Os check-ups cardiológicos periódicos permitem a descoberta precoce de possíveis doenças, antes mesmo que os sintomas apareçam e tragam sequelas irreversíveis, para que elas possam ser tratadas adequadamente. Mas não é só isso: os exames de rotina permitem, ainda, a identificação de fatores que aumentam o risco de a pessoa desenvolver doenças cardíacas no futuro, para que eles possam ser controlados.
“Quando falamos de saúde cardiovascular, falamos de fatores de risco para doença ateromatosa (placas de gorduras nas artérias que obstruem o fluxo e podem causar infarto). Esses fatores são colesterol elevado, hipertensão arterial, obesidade, sedentarismo, tabagismo, estresse crônico. diabetes e predisposição familiar. A detecção precoce e correção desses fatores podem atenuar ou evitar um evento cardiovascular”, diz o Dr. Fernando.
Quando fazer o check-up cardiológico?
Recomenda-se que homens e mulheres iniciem uma rotina de exames cardiológicos, com acompanhamento médico, a partir dos 30 anos de idade – sobretudo se tiverem fatores de risco, como obesidade, sedentarismo, tabagismo e histórico familiar de doenças cardiovasculares. Se os resultados estiverem dentro de índices normais, os exames devem ser repetidos a cada dois anos e, se alterados, semestralmente ou a critério do médico.
A triagem de fatores de risco para doenças cardíacas, como diabetes, pressão alta e colesterol alto, deve ser iniciada ainda mais cedo, geralmente na infância ou adolescência.
- Se a pessoa for diagnosticada com doenças como hipertensão arterial e diabetes, a rotina de exames cardiológicos deve ser e definida caso a caso pelo especialista.
Também é indicado realizar um check-up cardiológico antes de iniciar a prática de atividades físicas, para assegurar que o exercício não colocará o coração em risco. Isso porque, quando a pessoa é sedentária e começa a se exercitar, ocorre um aumento rápido e exagerado dos batimentos cardíacos e da pressão arterial, o que pode sobrecarregar o coração e levar a uma arritmia cardíaca fatal ou desencadear um infarto.
O Dr. Fernando alerta que, para pacientes com cardiopatias graves, a atividade física deve ser supervisionada por equipe multiprofissional de reabilitação cardíaca ou profissional de saúde especializado.
Outra recomendação importante é informar imediatamente ao médico sobre qualquer sinal de alerta que o coração possa dar. Segundo o médico, “quando falamos de doença cardiovascular instalada, os sintomas mais comuns são dor no peito, falta de ar, desmaios, palpitação, fadiga, cansaço aos mínimos esforços, inchaço de pernas e mãos”.
Quais são os principais exames do check-up cardiológico?
O check-up cardiológico consiste em uma avaliação clínica completa da saúde da pessoa. Inicialmente, o médico irá perguntar sobre o estilo de vida e o histórico de saúde pessoal e familiar do paciente. A partir da entrevista, o profissional irá solicitar alguns exames para investigar a existência de fatores de risco ou de alguma possível doença cardiovascular. Comumente, o check-up preventivo inclui os seguintes exames:
Exame de sangue – mede os níveis de gordura (por exemplo, colesterol e triglicerídeos), glicemia, ácido úrico, homocisteína e outras substâncias indicativas de problemas cardiovasculares no organismo. Em alguns casos, o médico também pode solicitar exames de sangue específicos, como PCR, CK-MB ou CPK.
Eletrocardiograma (ECG) – o paciente fica em repouso e usa eletrodos fixados na pele, para que seja analisada a atividade elétrica do coração. Por meio deste exame, é possível identificar alterações no ritmo dos batimentos cardíacos (arritmia) e outras doenças coronarianas.
Tanto o exame de sangue quanto o ECG são capazes de adicionar ao quadro geral uma informação nova sobre o coração. Caso a pessoa pertença a um grupo de risco, o médico pode pedir também os seguintes testes para obter mais dados:
Teste ergométrico – com eletrodos conectados à pele, o paciente deve correr em uma esteira ou pedalar em uma bicicleta ergométrica. O teste avalia a pressão arterial e a resposta do coração ao estresse físico, o que possibilita identificar arritmias, doença arterial coronária e acompanhar patologias cardíacas já existentes.
Ecocardiograma – é o ultrassom do coração. Fornece informações sobre a estrutura do órgão, incluindo contração do músculo, as medidas das cavidades cardíacas e o funcionamento das válvulas.
Dependendo do estilo de vida do paciente ou dos resultados obtidos nos primeiros testes, o médico pode solicitar exames adicionais, como a cintilografia e a angiotomografia.
Quais são as doenças cardíacas mais comuns?
Segundo o Dr. Fernando, as doenças do coração mais comuns são doença das artérias coronárias, arritmias, doenças das valvas cardíacas e insuficiência cardíaca. “A mais grave é a insuficiência cardíaca. De acordo com estudo de metanálise de 2019, a mortalidade em cinco anos é de 47%, chegando a 65% em 10 anos”.
Que outras medidas são importantes para prevenir doenças cardíacas?
A melhor maneira de garantir a saúde do coração é aliar o check-up cardiológico regular à adoção de um estilo de vida saudável. O Dr. Fernando ressalta que “a prevenção começa desde a infância, por meio de educação alimentar e orientação de atividade física com o pediatra. No paciente adulto, além desses dois fatores, o controle de fatores de risco e consultas com cardiologistas são essenciais”.
Dr. Fernando Menezes é especialista em terapia intensiva cardiológica e coronariopatias agudas pelo InCor HCFMUSP. Ele é líder da equipe de cardiologia do Hospital Leforte Morumbi.
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