Dia 4 de maio é o Dia Mundial de Combate à asma, doença que afeta cerca de 20 milhões de brasileiros de todas as faixas etárias. A data busca conscientizar a população sobre os aspectos da doença, que ainda enfrenta obstáculos para um diagnóstico e tratamento adequado, como a confusão entre a asma e a bronquite.
Em tempos de pandemia de covid-19, outra questão levantada é a interação entre a asma e o coronavírus. Pacientes asmáticos têm mais chances de desenvolver complicações da covid-19? Para responder essa e outras dúvidas, conversamos com o Dr. André Suzuki, médico pneumologista do Grupo Leforte.
Os sinais e sintomas da asma são os mesmos para todas as pessoas que sofrem com a doença? Existe alguma diferença entre a manifestação da asma em crianças e adultos?
DR. ANDRÉ SUZUKI – Os sintomas da asma – tosse, chiado, aperto no peito e falta de ar – são os mesmos em crianças, adolescentes e adultos. Porém, nem todos os pacientes apresentam todos os sintomas ao mesmo tempo, podendo manifestar apenas um deles, como a tosse persistente, por exemplo.
Como os pacientes costumam descobrir o diagnóstico da asma? As manifestações da doença se dão apenas na infância ou é possível desenvolver a asma na vida adulta?
DR. ANDRÉ SUZUKI – A asma é uma doença crônica que pode surgir em qualquer fase da vida, seja na infância, idade adulta e até mesmo em idosos. Se não tratada, pode causar complicações e até levar à morte.
Geralmente, o paciente recebe o diagnóstico da asma somente ao procurar um pneumologista. Isso acontece por conta da falta de informação de pacientes, familiares e até mesmo de médicos, que confundem asma e bronquite.
A asma não tem cura e pode ser desencadeada por fatores genéticos e/ou ambientais, como a exposição a fumaça de cigarro, poeira, poluição, entre outros elementos irritantes. A reação a esses elementos faz com que as vias aéreas fiquem mais estreitas, dificultando o fluxo de ar. Já a bronquite é uma inflamação das vias aéreas, geralmente causada pela infecção por vírus ou bactérias. Asma e bronquite podem gerar sintomas parecidos, mas necessitam tratamentos diferentes.
Quais os tipos de tratamento para a asma, considerando os níveis de gravidade da doença?
DR. ANDRÉ SUZUKI – O tratamento para a asma é bastante amplo e vai depender da frequência dos sintomas, resultado do exame de prova de função pulmonar (espirometria) e gravidade da doença.
Geralmente usamos medicamentos anti-inflamatórios e broncodilatadores em dispositivos inalatórios, as chamadas “bombinhas”, que fazem com que a medicação tenha ação apenas nas vias aéreas sem gerar grandes efeitos colaterais. Para os casos mais graves e de difícil controle, ainda existe a possibilidade de usarmos medicamentos administrados por infusões subcutâneas.
É importante ressaltar a importância das medidas não farmacológicas para o controle da doença, como prática regular de atividade física, não fumar e, para os casos de asma alérgica, evitar exposições ambientais aos agentes desencadeantes de crises, como poeira, mofo, cheiros fortes de produtos químicos, poluição etc.
Em relação à covid-19 e os pacientes com asma, como o coronavírus age especialmente neste grupo?
DR. ANDRÉ SUZUKI – Nos estudos mais recentes sobre o tema, a prevalência de asma em pacientes com suspeita de covid-19 foi similar à da população sem a doença. De acordo com dados disponíveis, até o momento não existe evidência de que os pacientes com asma têm um risco maior de infecção pelo coronavírus.
O diagnóstico de asma em geral não foi associado a piores desfechos em pacientes com covid-19, independentemente da idade, obesidade ou outras comorbidades. Não houve diferença significativa no tempo de internação hospitalar, necessidade e tempo de intubação, traqueostomia, readmissão hospitalar ou mortalidade entre pacientes com e sem asma. Ou seja, não há evidências de uma pior evolução da covid-19 no asmático leve a moderado, com a doença controlada.
Além dos cuidados próprios para evitar o contágio da covid-19, existe alguma recomendação específica para pacientes com asma durante esse período de pandemia?
É fundamental que os pacientes com asma tenham sua doença controlada. O controle da doença significa uso da medicação prescrita pelo médico e ausência de crise diurnas, de despertares noturnos por crises e de incapacidade para realizar qualquer tipo de atividade física.
E, claro, seguir as recomendações dos órgãos de saúde para evitar o contágio da covid-19: distanciamento social, uso de máscaras e higiene frequente das mãos.
O Dr. André Suzuki é médico pneumologista do Grupo Leforte. Atende na Clínica e Diagnósticos Leforte Liberdade às quartas e sextas-feiras e na Clínica e Diagnósticos Leforte Morumbi às quintas-feiras.
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