A Doença de Parkinson é uma doença crônica, que evolui de forma progressiva e atinge o sistema nervoso central, afetando os movimentos da pessoa. Estima-se que cerca de 200 mil brasileiros sofram com o problema. Dia 11 de abril é conhecido como o Dia Mundial de Conscientização da Doença de Parkinson, que alerta sobre a necessidade do diagnóstico precoce para o sucesso do tratamento.
O Grupo Leforte conversou com o Dr. Gabriel Bienes, neurologista e Coordenador de equipe de neurologia do Hospital Leforte Liberdade, para falar sobre como a doença se desenvolve, quais os sinais e sintomas e como os tratamentos funcionam.
A doença de Parkinson é mais incidente em idosos com mais de 60 anos, mas uma pesquisa da Michael J Fox Foundation aponta que 10% a 20% das pessoas com a doença são adultos com até 40 anos. Existe diferença no prognóstico da doença entre esses dois tipos de casos?
DR. GABRIEL BIENES – A doença de Parkinson de início precoce tem evolução mais lenta, menos agressiva e com menor taxa de quadro de demência relacionado à doença, que está altamente relacionado com incapacidade do paciente de realizar tarefas do dia a dia.
No entanto, a doença Parkinson de início precoce tem maior incidência de flutuações motoras e discinesias – que são movimentos musculares involuntários – relacionadas ao uso da levodopa (um dos medicamentos indicados para o tratamento da doença), bem como de depressão.
Especialistas apontam a importância do diagnóstico precoce para o sucesso no tratamento, no entanto a doença de Parkinson é tida como difícil de diagnosticar. Como é possível fazer um diagnóstico precoce? Geralmente quais sinais e sintomas fazem os pacientes procurarem um médico?
DR. GABRIEL BIENES – Os sinais e sintomas mais frequentes da doença são lentidão dos movimentos, tremor, dificuldade de marcha e rigidez dos membros. O diagnóstico é realizado por critérios que são baseados no histórico do paciente e exame físico. Não há exame de laboratório ou imagem que sozinho faça o diagnóstico.
Ao perceber algum desses sintomas acima, é importante procurar um neurologista. Caso o diagnóstico se confirme, quanto antes se iniciar o tratamento da doença de Parkinson, menores serão as limitações do paciente e melhor será a qualidade de vida proporcionada a ele.
Existe alguma forma de prevenir o desenvolvimento da doença de Parkinson?
DR. GABRIEL BIENES – Não existem tratamentos preventivos direcionados para a doença. No entanto, quanto melhor for a capacidade cerebral e menor a perda de neurônios ao longo da vida da pessoa, maior será a resistência à doença.
Se a pessoa mantiver um hábito de vida saudável, com boa dieta, sono, descanso, estímulo cognitivo e atividade física, irá ter menos doenças que podem levar a perda de neurônios, como isquemias e sangramentos, e terá maior reserva e resistência neuronal, dificultando o início da doença de Parkinson.
Quais os tratamentos da doença de Parkinson e de que forma ajudam no prognóstico do paciente? Os efeitos colaterais desses tratamentos causam impacto na qualidade de vida?
DR. GABRIEL BIENES – No momento os tratamentos medicamentosos para a doença de Parkinson agem na melhora dos sintomas, mas não capazes de atrasá-la. A doença de Parkinson ocorre pela destruição dos neurônios que produzem e estocam dopamina, um neurotransmissor, levando a uma perturbação do circuito cerebral que controla os movimentos. As medicações fazem a ação equivalente a dopamina, ligando e ativando os mesmos receptores que a ela ligaria e ativaria.
Como toda medicação, efeitos colaterais podem ocorrer. Eles variam conforme o medicamento, porém as reações mais comuns são intolerância gástrica, como náuseas e queimação no estomago, sonolência, movimentos involuntários – as chamadas discinesias, que ocorrem em geral após alguns anos de doença – entre outros. Para minimizar o impacto dos efeitos colaterais, o início gradual e uso de dose adequada são extremamente importantes.
Estão sendo estudados atualmente vários tratamentos que buscam modificar a evolução da doença e devemos ter os resultados destes estudos nos próximos anos.
Em quais situações é indicada a Deep Brain Stimulation, cirurgia para doença de Parkinson?
DR. GABRIEL BIENES – A cirurgia chamada Deep Brain Stimulation, ou DBS, é realizada com a colocação de um eletrodo cerebral que envia impulsos elétricos diretamente aos locais em que a doença de Parkinson está causando atividade cerebral anormal. Para esta terapia ser efetiva é importante a correta indicação.
A indicação correta depende de alguns fatores. Primeiro, a pessoa tem que ter uma boa resposta ao uso da levodopa e apresentar algum dos seguintes sintomas, independentemente de ter usado as medicações de forma otimizada: flutuações motoras (perda de efeito da medicação entre as tomadas), tremor que não responde mais ao uso de remédios ou discinesias.
A cirurgia para doença de Parkinson não melhora sintomas como dificuldade de marcha, problemas cognitivos, dificuldade de fala e instabilidade postural. Não se beneficiam também os pacientes que não têm resposta à levodopa, possuem outras doenças que causam Parkinsonismo, apresentam quadro de demência e quadro psiquiátrico sem tratamento.
Dr. Gabriel H. A. A. Bienes é mestre em neurologia e especialista em doença de Parkinson e distúrbios do movimento pela UNIFESP. Atualmente é Coordenador de equipe de neurologia do Hospital Leforte unidade Liberdade.
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