Dia 11 de março é marcado pelo Dia Mundial do Rim, data que alerta para os cuidados de prevenção e acompanhamento de doenças que podem levar à falência do órgão, como a doença renal crônica. Para falar sobre esta e outras doenças renais, entrevistamos o Dr. Leon Alvim, nefrologista da unidade Leforte Liberdade.
Quais são os tipos de doenças renais mais preocupantes e que podem causar complicações?
DR. LEON ALVIM – A doença renal pode ser aguda ou crônica. Os casos agudos são aqueles em que a função do rim volta à normalidade após o tratamento, como infecções, desidratação e obstrução por cálculo renal.
Já os casos crônicos, que são causados por doenças como hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus e obesidade, se não houver controle, evoluem com piora gradativa até a falência renal. Nestes casos, os pacientes podem necessitar de tratamento por hemodiálise ou transplante de rim.
Quais sinais e sintomas são pontos de atenção para possíveis doenças renais que as pessoas devem procurar atendimento médico?
DR. LEON ALVIM – Às vezes só detectamos problemas em exames laboratoriais, por isso é importante o acompanhamento clínico regular com um médico. Mas alguns sinais e sintomas que podem indicar problemas renais são náuseas, vômitos, inchaço nas pernas, tornozelos e pés, urina com espuma ou sangue, ardência ao urinar, aumento da pressão arterial.
Em casos mais graves, a pessoa pode manifestar anemia, falta de ar, fadiga, sonolência, falta de apetite, até convulsões e coma.
Quais pessoas estão mais propensas a desenvolverem doenças renais? Esses fatores de risco são evitáveis?
DR. LEON ALVIM – As pessoas com mais riscos de desenvolver doenças renais são pacientes com diabetes mellitus, hipertensão arterial sistêmica, obesidade, antecedentes de problemas renais na família, história de cálculos renais e uso crônico de medicamentos, como anti-inflamatórios.
Podemos evitar problemas renais com controle dessas doenças que levam à perda de função renal, evitar o uso de medicamentos e suplementos sem orientação médica e ter um estilo de vida saudável – seguir uma dieta adequada, evitar uso abusivo de sal, beber pelo menos dois litros de água por dia, praticar atividades físicas regulares e controlar o peso.
Existem boas práticas de saúde para garantir o bom funcionamento dos rins?
DR. LEON ALVIM – Sim, mesmo pessoas que não possuem doenças renais devem beber bastante água, ao menos dois litros por dia, ter uma dieta saudável – evitar o excesso de sal e de alimentos processados – e fazer exercícios físicos regularmente.
Quais as principais indicações para transplantes de rim? O paciente transplantado costuma ter um bom prognóstico?
DR. LEON ALVIM – As indicações para transplantes de rim são pacientes com função renal ruim.
Nós realizamos exames para verificar a taxa de filtração glomerular (TGF), que é um indicador importante para detectar, avaliar e acompanhar a doença renal crônica. A TGF pode ser calculada a partir do valor de creatinina no sangue ou com o exame de clearance de creatinina na urina de 24 horas. Os valores de referência da TGF para adultos saudáveis são acima de 90 mL/min/1,73m². Para considerar o transplante renal, usamos como base os seguintes valores de referência:
- Pacientes diabéticos – TFG abaixo de 15 mL/min/1,73 m²;
- Pacientes não diabéticos – TFG abaixo de 10 mL/min/1,73 m²;
- Para pacientes diabéticos tipo 1, hiperlábil, que necessitam de transplante duplo (pâncreas + rim) – TFG abaixo de 20 ml/min/1,73 m2.
A evolução pós-transplante que observamos é muito boa, com melhora da qualidade de vida do paciente e sobrevida maior que nos tratamentos de diálise, procedimento que filtra o sangue por meio de uma máquina. A sobrevida do órgão transplantado é de 99% no primeiro ano e de 95% em cinco anos.
Mesmo com o cenário da pandemia, os transplantes realizados no Grupo Leforte continuaram acontecendo. Como foi a situação dos transplantes de rim neste período?
DR. LEON ALVIM – Mesmo com os problemas da pandemia, o Grupo Leforte realizou 125 transplantes envolvendo rim em 2020, sendo 44 transplantes de rim com doador falecido; 26 transplantes de rim com doador vivo e 55 transplantes de rim e pâncreas, feitos simultaneamente.
As principais causas de perda renal nos pacientes que transplantamos foram diabetes mellitus e hipertensão arterial sistêmica.
Dr. Leon Alvim é nefrologista do Hospital Leforte Liberdade e membro do Grupo Hepato, que integra o corpo clínico dos hospitais do Grupo Leforte. Atende na Clínica e Diagnósticos Leforte Liberdade. Agendamento pelo call center/WhatsApp: (11) 3345-2288 ou online.
Conteúdos relacionados no site do Grupo Lefortes
- O que é diabetes?
- Dor na barriga é sinal de quê?
- Retenção de líquido com inchaço nas pernas é sinal do quê?
- Transplante de órgãos – indicações, cuidados com paciente e atuação do Grupo Leforte no ato de salvar vida
Este conteúdo é meramente informativo e educativo, sendo destinado para o público em geral. Ele não substitui a consulta e o aconselhamento com o médico e não deve ser utilizado para autodiagnóstico ou automedicação. Se você tiver algum problema de saúde ou dúvidas a respeito, consulte um médico. Somente ele está habilitado fazer o diagnóstico, a prescrever o tratamento mais adequado para cada caso e acompanhar a evolução do quadro de saúde do paciente.