O lúpus eritematoso sistêmico é uma doença crônica e autoimune, em que sistema de defesa do organismo reage contra as células saudáveis, causando danos que podem afetar a pele e/ou articulações e órgãos internos, como rins, coração, cérebro e pulmões. A progressão da doença costuma variar entre períodos de atividade e remissão.
Incidência do lúpus
Estima-se que aproximadamente 65 mil pessoas tenham lúpus no Brasil, sendo que a maioria são mulheres entre 20 e 45 anos.
Quais são as causas do lúpus?
As causas do lúpus ainda não são conhecidas, mas pessoas com predisposição genética para desenvolver a doença podem ter alterações imunológicas e desencadear o lúpus após interagir com fatores ambientais e hormonais, como irradiação solar e infecções por vírus, fungos ou bactérias. Esses fatores também podem causar uma recaída em pessoas que já possuem a doença.
Quais são os fatores de risco para o lúpus?
- Sexo – cerca de 70% a 90% das pessoas com lúpus são mulheres em idade fértil. No Brasil, uma a cada 1700 podem desenvolver a doença;
- Idade – mulheres entre 20 e 45 anos são mais atingidas pelo lúpus;
- Etnia – negros e asiáticos têm mais chances de desenvolver a doença. A incidência do lúpus em mulheres negras chega a ser três a quatro vezes maior do que em mulheres brancas;
- Uso de medicamentos – alguns antibióticos e medicamentos para tratar convulsões, tuberculose e pressão podem desencadear lúpus. Em alguns casos, a doença induzida por medicamentos desaparece depois que o uso é interrompido.
Quais os sinais e sintomas do lúpus?
Os sinais e sintomas do lúpus são particulares para cada pessoa e variam de acordo com o tipo de manifestação da doença – que pode atingir somente a pele ou se estender a todo o organismo – e a gravidade das crises, que podem ser leves ou gerar complicações. Os sinais e sintomas gerais do lúpus podem ser:
- Fadiga;
- Febre;
- Dor nas articulações;
- Inchaço e rigidez articular;
- Aumento dos linfonodos (ínguas);
- Mal-estar.
Há um conjunto de sinais e sintomas para cada parte do corpo que o lúpus pode atingir. São eles:
Sinais e sintomas do lúpus na pele
- Vermelhidão na face em forma de asa de borboleta, atingindo o nariz e as maçãs do rosto;
- Lesões na pele que pioram com a exposição ao sol;
- Queda de cabelo;
- Sensibilidade à luz solar;
- Mudança de cor nos dedos com o frio;
- Feridas no céu da boca.
Sinais e sintomas do lúpus nos pulmões
- Dor ao respirar profundamente;
- Tosse;
- Falta de ar.
Sinais e sintomas do lúpus no coração
- Arritmia;
- Falta de ar;
- Dor no peito.
Sinais e sintomas do lúpus no sistema nervoso
- Perda de memória;
- Confusão mental;
- Ansiedade;
- Convulsões;
- Alterações de comportamento.
Sinais e sintomas do lúpus nos rins
- Pressão alta;
- Urina espumosa;
- Diminuição da quantidade de urina;
- Em casos graves, pode levar à insuficiência renal.
Sinais e sintomas do lúpus no trato gastrointestinal
- Náusea;
- Diarreia;
- Lesões no fígado ou pâncreas;
- Dor abdominal.
Sinais e sintomas do lúpus no sangue
- Sangramentos devido à diminuição de plaquetas;
- Formação de coágulos, aumentando o risco de AVCs e trombose;
- Anemia;
- Abortos espontâneos recorrentes.
Apresentar um ou mais dos sinais e sintomas listados não significa que seja lúpus. Inclusive, alguns podem ser provocados por outras questões de saúde. Somente um médico pode fazer o diagnóstico correto.
Como é feito o diagnóstico do lúpus?
Apesar de não existir um exame específico para o diagnóstico do lúpus, ele pode ser confirmado com a combinação da análise dos sintomas feita pelo médico e alguns exames comuns de sangue e urina:
Exame de sangue – o médico pode solicitar exames laboratoriais gerais como hemograma, função renal, função hepática e provas inflamatórias, além do teste de fator antinuclear para identificar a presença de anticorpos antinucleares, que estão presentes na maior parte das pessoas com lúpus e outras doenças autoimunes. Caso a taxa esteja elevada, pode ser feito um teste para anticorpos contra DNA de cadeia dupla e um teste para outros anticorpos autoimunes. Esse conjunto de exames podem apoiar o diagnóstico do lúpus e excluir a possibilidade de outras doenças.
Exame de urina – pode ser solicitado para analisar a presença de proteína ou sangue na urina. O resultado pode indicar a presença de inflamações e apoiar o diagnóstico de lúpus, já que 50% dos pacientes com a doença têm algum tipo de sintoma renal.
Também podem ser feitos exames complementares para ajudar a identificar a atividade da doença e prever o melhor tratamento, como biópsia renal para verificar se existe lesão e exames de imagem como tomografia, ressonância magnética, ultrassonografia e radiografia.
Quais são os tratamentos para o lúpus?
Os tratamentos para o lúpus variam de acordo com a manifestação e a gravidade dos sinais e sintomas. Conheça as principais terapias que só devem ser adotas após avaliação e prescrição médica:
Medicamentos antimaláricos – costumam ser administrados via oral para maioria dos pacientes com sintomas leves ou graves, pois diminui as crises da doença e o risco de morte.
Medicamentos imunossupressores – geralmente são indicados para pacientes com a manifestações moderadas e graves da doença, para diminuir o ataque autoimune do corpo.
Medicamentos corticoides – são indicados tanto para pacientes com sintomas graves, que utilizam altas dosagens, quanto para pacientes com lúpus leve, que usam baixas dosagens para controle de sintomas de pele e artrite. As lesões na pele também podem ser tratadas com pomadas à base de corticoide.
Medicamentos analgésicos – usados por pacientes com manifestação leve da doença, para aliviar dores nas articulações.
Como prevenir o lúpus?
Por ser uma doença autoimune e sem causas definidas, não existe uma forma de prevenir o lúpus. No entanto, o diagnóstico precoce da doença ajuda a definir o melhor tratamento e evitar danos ao organismo. Para pacientes que possuem lúpus, alguns cuidados são essenciais para não desencadear crises ou agravar a atividade da doença, tais como:
- Evitar a exposição solar – ela pode acelerar a atividade da doença e agravar os sintomas. É essencial usar protetor solar diariamente, proteger as lesões com roupas adequadas e minimizar a exposição ao sol no dia a dia.
- Não fumar – e, se possível, não conviver com fumantes. O cigarro aumenta a atividade do lúpus e ainda reduz a eficácia dos tratamentos.
- Ter cuidado com gravidez – metade das pacientes apresentam piora da doença durante a gestação e sofrem risco de aborto. O indicado pelos médicos é não engravidar caso o lúpus não esteja controlado por, pelo menos, seis meses.
*Conteúdo produzido e revisado com a participação da reumatologista, Dra. Juliana D’Agostino Gennari, que atende na Clínica e Diagnósticos Leforte Liberdade às segundas, terças e quintas-feiras.
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Referências
- https://www.reumatologia.org.br/doencas-reumaticas/lupus-eritematoso-sistemico-les/ – acessado em 08/02/2021;
- http://bvsms.saude.gov.br/dicas-em-saude/990-cancer-do-colo-de-utero – acessado em 08/02/2021;
- https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-%C3%B3sseos,-articulares-e-musculares/doen%C3%A7as-autoimunes-do-tecido-conjuntivo/l%C3%BApus-eritematoso-sist%C3%AAmico-les – acessado em 08/02/2021;
- https://antigo.saude.gov.br/saude-de-a-z/lupus – acessado em 08/02/2021;
- https://www.sbd.org.br/dermatologia/pele/doencas-e-problemas/lupus/32/#sintomas – acessado em 08/02/2021.
Este conteúdo é meramente informativo e educativo, sendo destinado para o público em geral. Ele não substitui a consulta e o aconselhamento com o médico e não deve ser utilizado para autodiagnóstico ou automedicação. Se você tiver algum problema de saúde ou dúvidas a respeito, consulte um médico. Somente ele está habilitado fazer o diagnóstico, a prescrever o tratamento mais adequado para cada caso e acompanhar a evolução do quadro de saúde do paciente.