As taxas de obesidade infantil, que já vinham aumentando em todo o mundo – ao ponto de a Organização Mundial da Saúde prever que ela afetará 250 milhões de crianças até 2030 -, podem ter crescido mais rapidamente desde o início da pandemia de Covid-19. Um relatório do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC) mostra que, de março a novembro de 2020, nos oito meses iniciais da pandemia, o índice de massa corporal (IMC) quase dobrou entre os norte-americanos que foram pesquisados.
O relatório analisou os dados de mais de 400 mil pessoas com idades de 2 até 19 anos. Foi comparada a taxa de variação do IMC delas antes da pandemia, do período de 1º de janeiro de 2018 a 9 de fevereiro de 2020, com a taxa de variação que houve durante os oito meses iniciais da pandemia, de 1º de março a 30 de novembro de 2020. O resultado serve como alerta para os outros países, inclusive o Brasil, pois além de o IMC no geral ter quase dobrado, os maiores aumentos foram nas pessoas com sobrepeso ou obesidade pré-pandemia e crianças em idade escolar.
O que torna ainda mais importante as campanhas de conscientização, como a que acontece anualmente em 11 de outubro no País, que é o Dia Nacional de Prevenção da Obesidade. Especialmente em relação às crianças e adolescentes. Isso porque 12,9% das crianças na faixa de cinco a nove anos tinham obesidade antes da pandemia de Covid-19. Assim como 7% dos adolescentes de 12 aos 17 anos, segundo dados do Ministério da Saúde e da Organização Pan-Americana da Saúde.
- A prevalência da obesidade infanto-juvenil no Brasil teve um aumento de 240% nas duas últimas décadas.
Obesidade infantil aumenta o risco de problemas de saúde no futuro
A obesidade infantil pode levar à estigmatização e aumenta as chances de a criança e o adolescente sofrer bullying e ter problemas tanto de saúde física quanto de saúde mental, por exemplo:
- Diabetes tipo 2;
- Doenças cardiovasculares;
- Colesterol alto;
- Problemas respiratórios;
- Problemas ortopédicos;
- Baixa autoestima;
- Ansiedade;
- Depressão;
- Distúrbios alimentares.
Além disso, quem tem obesidade infantil possui 40% de chance de também ter na fase adulta. Esse risco é ainda maior nos adolescentes que têm obesidade: há 70% de probabilidade de eles serem adultos com obesidade. Sem contar que há um risco maior de desenvolver doenças cardiovasculares, alguns tipos de câncer e outros problemas de saúde.
Como prevenir a obesidade infantil
A obesidade pode ter várias causas: hábitos alimentares, comportamento sedentário, problemas emocionais e genética. Inclusive, filhos de mãe ou pai com obesidade têm 80% de chance de também ter obesidade. Mas, hábitos saudáveis ajudam a prevenir a obesidade infantil e também combatê-la, pois os fatores que mais contribuem para o ganho de peso são alimentar-se de forma pouco saudável e não fazer exercícios físicos.
Atividade física – é qualquer atividade que movimente o corpo de forma intencional, seja para o lazer, tarefas domésticas etc. É importante que as crianças e adolescentes diminuam o tempo de tela, ou seja, o tempo que passam no computador, celular e TV. Assistir televisão durante uma a três por dia, por exemplo, aumenta o risco de obesidade infantil de 10% a 27%. Mas, não adianta diminuir o tempo de tela e continuar parado, é o comportamento que precisa mudar, por exemplo:
- Adotar brincadeiras em que é necessário se movimentar;
- Andar de bicicleta, skate, jogar bola;
- Ajudar nas tarefas domésticas;
- Caminhar para ir a algum lugar ao invés de ir de carro.
Exercícios físicos – são atividades planejadas e executadas sistematicamente para manter ou melhorar a estrutura muscular, a flexibilidade e o equilíbrio. Geralmente, são orientadas por um profissional de educação física. Pode-se dizer que é um tipo de atividade física, embora uma atividade física não seja um exercício físico. Veja alguns exemplos de exercícios físicos de diferentes intensidades:
- Intensidade moderada – caminhar rápido, andar de bicicleta em ritmo normal;
- Intensidade vigorosa – correr, pular corda rápido.
Alimentação – por mais cômodo e saboroso que seja, por exemplo, um fast food e pacotes de salgadinhos e doces, a base da alimentação de crianças e adolescentes deve ser de alimentos in natura ou minimamente processados. É importante comer diferentes frutas, legumes e verduras, bem como alimentos assados e grelhados ao invés de fritos e tomar água, ao invés de bebidas industrializadas e açucaradas. Aliás, deve-se ingerir pouca gordura e açúcar. O comportamento relacionado à alimentação também é importante:
- Não use comida para negociar ou recompensar algum tipo de comportamento;
- Não force a criança ou o adolescente a comer mais se ele mostrar que está satisfeito;
- Estabeleça horários fixos para as refeições;
- Faça as refeições à mesa, sem interferências externas, como TV e celular.
Como a obesidade é uma doença multifatorial, é importante que ela seja tratada por uma equipe de profissionais de várias especialidades. Dessa forma, é possível ter avaliação endocrinológica, psiquiátrica e psicológica, além de orientação nutricional para reeducação alimentar e também de um educador físico ou fisioterapeuta.
Este texto foi validado pela Dra. Andressa Castanha da Câmara (CRM 177302), Endocrinologista Pediátrica que faz atendimento na Clínica e Diagnósticos Leforte Morumbi.
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