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Quais são os sintomas e como é feito o diagnóstico do transtorno bipolar?

Veja, no site do Grupo Leforte, quais são os sintomas, como o transtorno bipolar pode afetar o paciente e a família e como é feito o diagnóstico.
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Equipe Leforte - Equipe Leforte Atualizado em 07/04/2022

O transtorno afetivo bipolar, que também é chamado popularmente de transtorno bipolar, é responsável por 1,37% do total de anos de vida perdidos por incapacidades relacionadas com doenças neuropsiquiátricas, de acordo com a Organização Mundial da Saúde. Para falar sobre esse transtorno do humor, o Grupo Leforte convidou o Dr. Israel Montefusco Florindo, que é chefe do setor de interconsulta psiquiátrica do Hospital Leforte Liberdade.

TRANSTORNO BIPOLAR – o que é?

DR. ISRAEL MONTEFUSCO FLORINDO – o transtorno afetivo bipolar (TAB) é um transtorno de humor caracterizado pela alternância de episódios de depressão, mania ou hipomania. O TAB resulta em prejuízo significativo e impacto negativo na qualidade de vida dos pacientes. Indivíduos com TAB também demonstram aumentos grandes na utilização de serviços de saúde ao longo da vida se comparados a pessoas sem outras doenças psiquiátricas.

TRANSTORNO BIPOLAR – como se caracterizam as fazes do transtorno, elas têm alguma duração média?

DR. ISRAEL MONTEFUSCO FLORINDO – o TAB é um transtorno mental crônico que tem início, geralmente, entre 17 e 21 anos. As principais características dele são:

Sintomas que determinam mania ou hipomania – exaltação do humor, aceleração do pensamento com fuga de ideias, aumento da atividade motora, aumento de energia (com diminuição da necessidade de sono), pressão de fala, irritabilidade, paranoia, hipersexualidade e impulsividade. A intensidade, o tipo e a cronicidade desses sintomas determinam a subdivisão do diagnóstico entre mania ou hipomania.

Sintomas que determinam depressão – lentificação ou diminuição de quase todos os aspectos de emoção e comportamento como velocidade de pensamento e fala, energia, sexualidade e capacidade de sentir prazer. A depressão associada ao TAB pode se apresentar de maneira semelhante a outros quadros depressivos. É a história prévia de um episódio maníaco ou hipomaníaco ao longo da vida que define o quadro depressivo como depressão bipolar.

A gravidade do TAB pode variar consideravelmente, de uma discreta lentificação ou aceleração física e mental, com quase nenhuma distorção cognitiva ou perceptiva, até quadros graves, com delírios e alucinações.

TRANSTORNO BIPOLAR – qual a incidência no Brasil e no mundo?

DR. ISRAEL MONTEFUSCO FLORINDO – o TAB é a quinta maior causa de prejuízo funcional entre os transtornos psiquiátricos, sendo superado apenas por depressões unipolares, transtorno de ansiedade, transtornos associados ao uso de álcool e outras drogas e esquizofrenia. É responsável por 1,37% do total de anos de vida perdidos por incapacidades relacionadas com doenças neuropsiquiátricas, de acordo com a Organização Mundial da Saúde.

Estimativas de prevalência do TAB são consistentes em diferentes culturas e grupos étnicos, variando de 0,4% a 1,6% em adultos. Estimativas mais recentes, que incluem o espectro mais amplo da doença, sugerem prevalências entre 4% e 5% da população geral, conforme estudos realizados nos Estados Unidos e nos Países Baixos.

No Brasil, um estudo realizado em São Paulo e publicado em 2005 encontrou uma prevalência ao longo da vida de 0,9%. Uma meta-análise publicada em 2015, que inclui 25 estudos de diferentes países, indica uma prevalência ao longo da vida de 1,06% para o TAB do tipo I.

Existe um risco consideravelmente aumentado de suicídio entre pessoas com TAB, que é de 15 a 20 vezes maior do que aquele da população geral. Sendo que de 25% a 60% dos pacientes tentam suicídio pelo menos uma vez na vida, e de 4% a 19% morrem por suicídio.

TRANSTORNO BIPOLAR – como pode afetar a vida do paciente nas diferentes fases da vida?

DR. ISRAEL MONTEFUSCO FLORINDO – O transtorno bipolar é uma condição que, de maneira geral, acontece em fases: o paciente apresenta períodos de agitação ou depressão, que duram de dias a semanas ou meses. Devido a essas flutuações, por vezes, há prejuízo na construção de planos de longo prazo.

Além disso, nos quadros com sintomas mais intensos, há risco de prejuízos importantes, principalmente nos pacientes que apresentem sintomas psicóticos. Seja por quadros de mania, com exposição social inadequada, exposição a relações interpessoal e sexuais de risco, perda de dinheiro e patrimônios por gastos descontrolados, risco de agitação e agressões físicas; ou por quadros de depressão, com incapacidade para realização de atividades básicas do dia a dia. Além disso, pacientes com transtorno bipolar apresentam risco de suicídio mais elevado do que a população em geral.

TRANSTORNO BIPOLAR – como pode afetar a vida das pessoas próximas do paciente, como familiares?

DR. ISRAEL MONTEFUSCO FLORINDO – durante sua trajetória de vida, principalmente nos casos onde o transtorno apresenta-se com mais sintomas, o paciente com transtorno bipolar precisa do suporte da família. Como o transtorno tem um curso crônico, muitas vezes os parentes próximos se veem com muitas angústias, relacionadas a vários pontos:

  • A incerteza em relação ao curso e altos e baixos do paciente, gerando insegurança;
  • O estigma da doença na sociedade;
  • O fardo de dar suporte emocional, financeiro e contenção nos períodos agudos de crise;
  • As restrições e mudanças de rotina;
  • As dificuldades de aderência ao tratamento medicamentoso.

TRANSTORNO BIPOLAR – como é feito o diagnóstico do transtorno bipolar?

DR. ISRAEL MONTEFUSCO FLORINDO – para o TAB ser diagnosticado, é necessário que o paciente apresente dois episódios de humor (hipomania/mania ou depressão). Além disso, ao menos um dos episódios de humor precisa ser de hipomania/mania.

TRANSTORNO BIPOLAR – como é feito o tratamento?

DR. ISRAEL MONTEFUSCO FLORINDO – o tratamento do TAB, além de psicoeducação para familiares e pacientes, consiste no uso de medicamentos adequados, que tanto diminuem a duração dos episódios depressivos e de mania/hipomania, quanto ajudam a prevenir novos episódios. O uso regular de medicamentos é fundamental, tendo em vista ser um transtorno crônico.

Pode-se dividir o tratamento medicamentoso em fase aguda, na qual são usados medicamentos para diminuir sintomas e duração dos episódios de alteração de humor; e de manutenção, na qual o uso de medicamentos é mantido visando preservar a estabilização do humor do paciente.

Como principais classes de medicamentos, podemos elencar o uso dos estabilizadores de humor e de antipsicóticos. Deve-se atentar sempre ao uso de antidepressivos para pacientes com transtorno bipolar devido ao risco de eles induzirem a um quadro de mania/hipomania. Por isso, não devem ser usados em monoterapia.

Além da psicoeducação e do uso de medicamentos, o apoio psicoterápico pode ajudar o paciente em muitos casos.

TRANSTORNO BIPOLAR – quais são as causas do transtorno bipolar?

DR. ISRAEL MONTEFUSCO FLORINDO – embora vários fatores e mecanismos tenham sido propostos para explicar a fisiopatologia do TAB, sua etiopatologia definitiva permanece desconhecida. No entanto, acredita-se que a etiologia do TAB envolve uma interação entre vários fatores genéticos, neuroquímicos e ambientais:

  • Genéticos – dentre os transtornos mentais, o TAB é o que possui maior herdabilidade, mas a elucidação da transmissão genética ainda é um grande desafio para a ciência;
  • Neuroquímicos;
  • Ambientais – os estressores ambientais podem estar intimamente relacionados com o surgimento ou agravamento de sintomas maníaco, hipomaníacos e ou depressivos: maior número de estressores vitais (traumas, perdas, estresse grave), uso de substâncias psicoativas.

TRANSTORNO BIPOLAR – existe algo que seja possível fazer para diminuir o risco de desenvolver transtorno bipolar?

DR. ISRAEL MONTEFUSCO FLORINDO – sabe-se que o transtorno afetivo bipolar tem grande herdabilidade genética, mas que há também correlações com maus-tratos infantis e, possivelmente, com estressores na vida e uso de substâncias. Portanto, garantir, na população em geral, um ambiente de crescimento sem maus-tratos, ajudaria a diminuir a prevalência da doença.

Para além disso, há fatores que são desencadeantes de crises em pacientes com o diagnóstico já estabelecido, e entre os principais podemos elencar:

  • Privação de sono;
  • Uso de drogas;
  • Suspensão de medicamentos;
  • Quadros infecciosos.

Esses fatores são mais estudados e de mais fácil controle, sendo um ponto fundamental do tratamento.

O Dr. Israel Montefusco Florindo é médico psiquiatra formado pela FMUSP, com residência no Instituto de psiquiatria da FMUSP, e chefe do setor de interconsulta psiquiátrica do Hospital Leforte Liberdade.

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Este conteúdo é meramente informativo e educativo, sendo destinado para o público em geral. Ele não substitui a consulta e o aconselhamento com o médico e não deve ser utilizado para autodiagnóstico ou automedicação. Se você tiver algum problema de saúde ou dúvidas a respeito, consulte um médico. Somente ele está habilitado fazer o diagnóstico, a prescrever o tratamento mais adequado para cada caso e acompanhar a evolução do quadro de saúde do paciente.

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