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Ameaças à saúde exigem atenção do governo e conscientização da população

O Brasil está no caminho certo na conscientização e cuidados, mas precisa intensificar informação e ampliar medidas para atingir os mais vulneráveis.
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Equipe Leforte - Equipe Leforte Atualizado em 24/01/2020

Brasil está no caminho certo da prevenção e cuidados, mas precisa intensificar a informação e ampliar medidas para atingir os mais vulneráveis, dizem especialistas

Não basta uma lei que garanta vacina para todos: as pessoas precisam querer se vacinar e vacinar seus filhos. Só dessa forma é possível combater ou até mesmo erradicar algumas doenças transmissíveis. Mas como fazer com que a maioria das pessoas se vacine? Só com muita campanha, informação e conscientização da população.

Os governos precisam fazer sua parte, oferecendo vacinas e promovendo informação a respeito. “Toda divulgação nesse sentido é da maior importância”. Essa é a opinião da médica infectologista Carolina Toniolo Zenatti, infectologista do Hospital Leforte.  

A relutância para vacinação é uma das 10 ameaças à saúde listadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a serem combatidas por um plano estratégico, colocados em prática no início do ano passado. Denominado de 13th General Programme of Work, ele terá duração de cinco anos. Nesse período, a OMS espera garantir que pelo menos 1 bilhão de pessoas no planeta consigam ter melhor qualidade de vida. 

Além da questão da vacina, estão sob atenção especial da OMS: 

  • poluição do ar e mudanças climáticas
  • doenças crônicas não transmissíveis
  • pandemia de influenza
  • cenários de fragilidade e vulnerabilidade
  • resistência antimicrobiana
  • ebola
  • atenção primária de saúde mais frágil
  • dengue
  • HIV

A meta de redução e controle dessas ameaças – que atingem o Brasil também, em maior ou menor grau – é ambiciosa, mas necessária e, mais do que tudo, urgente.

No caso da vacina, a recusa em se imunizar pode comprometer os avanços já alcançados no combate às doenças evitáveis. De acordo com dados da OMS, atualmente, com a imunização, previne-se cerca de 2 a 3 milhões de mortes por ano no mundo. Outras 1,5 milhão de mortes poderiam ser evitadas se a cobertura global de vacinação tivesse maior alcance.

Doenças que estavam controladas ressurgem por conta do movimento antivacina.

Carolina cita o caso do sarampo, que reapareceu no país no ano passado, colocando muitas vidas em risco e causando diversos óbitos. “Era uma doença controlada”, afirma. E o seu recrudescimento não foi observado só no Brasil. No mundo houve um aumento de 30% dos casos, segundo a OMS. 

A médica observa que, por trás da recusa à vacina existem questões religiosas e desinformação. “Há quem acredite que a vacina pode levar à morte ou causar outros problemas”, assegura. Cabe aos profissionais da saúde e aos meios de comunicação mostrar a importância das vacinas, assim como tranquilizar a população para que confiem na sua segurança e eficácia. 

O relatório da OMS aponta a preocupação com diversas doenças que poderiam ser controladas por meio de vacina. Entre essas está o câncer do colo de útero. “Em 2019, a OMS intensificará os esforços para eliminar o câncer do colo de útero em todo o mundo, aumentando a cobertura da vacina contra o HPV, entre outras medidas”, diz o texto da organização. 

Outro problema em foco é a transmissão do poliovírus, especialmente no Afeganistão e no Paquistão, locais para onde a OMS está direcionando mais esforços. No ano passado, menos de 30 casos foram registrados nos dois países. No Brasil, está sob controle, e graças à vacinação. É o que precisa ser feito em outras regiões e ser mantido aqui dessa forma. 

O vírus da gripe, influenza, é outro que, apesar de campanhas de vacinação, tem sido motivo de preocupação. O foco é, mais uma vez, as populações mais vulneráveis. Todos os anos, a OMS recomenda quais cepas devem ser incluídas na vacina contra a influenza para proteger as pessoas da gripe sazonal”, alerta o material da OMS. 

Dengue e HIV

Em se tratando de doença transmissível, mas sem vacina ainda para preveni-la, uma outra preocupação mundial – e bem brasileira – é a dengue. “O controle desse problema   está intimamente relacionado à conscientização da população, pois, mais uma vez, envolve mudanças de hábitos e muita informação”, diz a especialista.

Dengue: mudança de hábito e conscientização da população é o grande desafio.

Não há vacina ainda contra a doença, que já fez várias vítimas. Transmitida por mosquitos, pode matar até 20% das pessoas que desenvolvem sua forma mais grave, que é a dengue hemorrágica. A estratégia da OMS para controlar a doença visa reduzir as mortes em 50% até 2020.

Em relação ao HIV também é preciso atenção constante. A epidemia que assolou o mundo nos anos 1980/90 foi controlada por meio de muita campanha, informação na mídia, escolas, pesquisa de medicamentos e acesso amplo a eles, com a quebra de patentes. Essas medida foram consolidadas aqui no Brasil de forma vitoriosa, país referência no combate à infecção e seu controle. 

No entanto, apesar dos progressos inegáveis, a doença ainda cresce no país e no mundo. “O que ocorre é descuido na prevenção, receio de procurar serviços de saúde para fazer o teste e muita desinformação ainda também”, lembra a infectologista. 

Contra todas essas ameaças no Brasil, o Ministério da Saúde tem investido em campanhas e medidas para coibir os avanços dos problemas, mas parte do êxito, vale ressaltar, está nas mãos das pessoas, que precisam se conscientizar e trabalhar para que a população  também se conscientizem a respeito das medidas preventivas.

Resistência antimicrobiana

Uma outra questão polêmica e tanto quanto preocupante é a que diz respeito ao uso de antibióticos. Não há como repudiar sua utilização, obviamente, que há muitos anos salva diversas vidas. Ao lado de medicações antivirais e antimaláricas são alguns dos maiores êxitos da medicina moderna, de acordo com a OMS. 

Mas, o uso indiscriminado tem colocado em risco a eficácia de algumas dessas drogas. A resistência antimicrobiana – a capacidade de bactérias, parasitas, vírus e fungos resistirem a esses medicamentos – ameaça nos mandar de volta a uma época em que não conseguíamos tratar facilmente infecções como pneumonia, tuberculose, gonorreia e salmonelose. A incapacidade de prevenir infecções pode comprometer seriamente cirurgias e procedimentos como a quimioterapia”, alerta o texto da OMS.

O uso indevido de antibióticos aumenta a resistência antimicrobiana.

A médica Carolina chama atenção para o problema no país. Ela afirma que a Vigilância Sanitária tem tentado refrear o uso abusivo desses medicamentos em serviços ligados à saúde e também na agropecuária e meio ambiente. “No Brasil, há pessoas que tomam antibiótico para doenças virais, o que é um erro. Também temos diversas farmácias que vendem medicações sem receita, tanto as ministradas por via oral como cutânea (pomadas)”. Quando as pessoas precisam de fato de um antibiótico, a medicação se apresenta menos eficiente, pois o microrganismo criou cepas resistentes. 

A OMS tem trabalhado arduamente para implementar um plano de ação global de combate à resistência antimicrobiana, aumentando a conscientização e o conhecimento sobre o tema. 

Doenças crônicas não transmissíveis

No mundo, as doenças crônicas não transmissíveis – como diabetes, hipertensão, câncer e doenças cardiovasculares – são responsáveis por mais de 70% de todas as mortes (o equivalente a 41 milhões de pessoas). Isso inclui 15 milhões de pessoas que morrem prematuramente, ou seja, com idade entre 30 e 69 anos. Mais de 85% dessas mortes ocorrem em países de baixa e média renda, segundo informações da OMS.

No Brasil, a ameaça também preocupa, embora o cardiologista Heron Rached, coordenador do Centro de Cardiologia do Leforte, veja o cenário com certo otimismo. “As pessoas aqui estão mais cientes da necessidade de controlar o peso, deixar de fumar, fazer exercícios e procurar o médico para avaliar a saúde”, diz. 

Segundo ele, os resultados dessa maior conscientização serão vistos a longo prazo, com a melhora nos indicativos de doenças cardiovasculares e da diabetes.

A população está mais consciente e se exercitando mais.

Desde o ano passado a OMS tem atuado junto aos governos para atingir a meta global de redução da inatividade física em 15% até 2030. Por aqui, muita coisa tem sido feita, segundo Rached. 

Na opinião do médico, essas doenças precisam de um processo de gestão para terem o número reduzido no país. “O controle da diabetes não depende só de medicamentos, hábito de vida e acesso à medicação. Isso o governo tem tentado promover, com sucesso, já há algum tempo. Mas o que precisamos cada vez mais é de conscientizar as pessoas”, ressalta também, a exemplo da infectologista Carolina.

A favor, ele cita o poder da informação de se disseminar rapidamente hoje em dia. “Se houver maior circulação de notícias corretas sobre essas ameaças, as pessoas vão se tornando mais atentas, reduzindo riscos, gerando medidas preventivas”, acredita. 

Otimismo com cautela

Marcio Krakauer, endocrinologista do Grupo Leforte, também bate na tecla da informação. “No Brasil, mais de 10% da população tem diabetes e metade não sabe. Isso retarda o tratamento e tem consequências muito sérias”.  

Na sua avaliação, apesar de muito ser feito no país, é preciso intensificar os cuidados com a saúde cardiovascular, especialmente nas populações mais vulneráveis. “Faltam programas de controle alimentar, de atividade física e também de cuidados com a saúde mental mais amplos, em nível federal”, afirma Krakauer. 

Os rótulos dos alimentos, exemplifica, deveriam ser feitos de forma que todas as pessoas compreendessem. As escolas, na sua opinião, precisam trabalhar mais a educação alimentar,  a importância do controle do sono e do estresse. “Mais do que emagrecer, a população precisa repensar seus hábitos. O emagrecimento e a qualidade de vida vêm junto. E o governo precisa incentivar isso de todas as formas, assim como os serviços privados de saúde”, pontua.

Os avanços tecnológicos também estão a serviço do bem-estar das populações. No Brasil, o governo está tentando unificar o prontuário dos pacientes, para facilitar o controle de notificações importantes do ponto de vista da saúde, segundo Rached. Isso contribui para a criação e implementação de diversas ações em prol da população.

Os serviços suplementares de saúde trabalham para fidelizar os pacientes. No âmbito das pesquisas, elas também avançam para cada vez mais o indivíduo ser tratado em sua totalidade e de forma bem pessoal. Há estudos para monitoramento do DNA que têm por objetivo justamente personalizar mais tratamentos e medidas preventivas. 

De forma geral, o Brasil, segundo os entrevistados, tem feito diversos movimentos para aderir ao cumprimento dessas metas. O cenário é de otimismo, mas de cautela.

   https://www.leforte.com.br/vacinacao-contra-o-sarampo-proteja-sua-familia/

https://www.leforte.com.br/gripe-e-resfriado-quais-sao-as-diferencas/

Este conteúdo é meramente informativo e educativo, sendo destinado para o público em geral. Ele não substitui a consulta e o aconselhamento com o médico e não deve ser utilizado para autodiagnóstico ou automedicação. Se você tiver algum problema de saúde ou dúvidas a respeito, consulte um médico. Somente ele está habilitado fazer o diagnóstico, a prescrever o tratamento mais adequado para cada caso e acompanhar a evolução do quadro de saúde do paciente.

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