O acidente vascular cerebral (AVC) é a principal causa de incapacidade a segunda causa de morte natural do mundo. Em 2021, no Brasil, cerca de 105 mil pessoas foram vítimas de AVC, que acontece quando o fluxo sanguíneo dos vasos que levam o sangue ao cérebro é comprometido, provocando danos à área cerebral que ficou sem circulação. O tempo de socorro após um acidente vascular cerebral é determinante para que a pessoa sofra menos sequelas. Por isso, o Leforte, da rede de saúde Dasa, convidou o médico neurologista Dr. Daniel Damiani para falar sobre sinais e sintomas de alerta, além de prevenção do AVC.
Quais os tipos de AVC e como acontecem?
O Dr. Damiani explica que o AVC é dividido em dois tipos:
Isquêmico – acontece quando há obstrução de um vaso sanguíneo, impedindo o fluxo de sangue às células do cérebro. Isso pode acontecer devido a um coágulo ou à presença de placas de gordura calcificada nas paredes dos vasos sanguíneos, doença chamada de aterosclerose. O AVC isquêmico representa de 80% a 85% de todos os casos.
Hemorrágico – ocorre quando uma artéria se rompe e há extravasamento de sangue para o sistema nervoso central. O AVC hemorrágico acontece com menos frequência que o isquêmico e pode ser desencadeado por pressão alta, rompimento de um aneurisma, entre outros fatores.
“Ambas as situações são críticas e, dependendo da extensão dos danos, as lesões podem ser irreversíveis, causando sequelas ao paciente ou até mesmo complicações clinicas que levarão a morte”, afirma o médico.
Quais os fatores de risco para o AVC?
90% dos principais fatores de risco associados ao AVC podem ser evitados. São eles:
Hipertensão – representa metade dos casos de AVC. A pressão arterial considerada normal é de 120x80mmHg;
Diabetes mellitus – aumenta em cerca de duas vezes o risco de AVC. Pacientes com diabetes têm taxa de mortalidade de 20% após um derrame;
Tabagismo – um em cada dez eventos de AVC está associado ao hábito de fumar;
Obesidade e sobrepeso – em pessoas com sobrepeso, com índice de massa corporal (IMC) entre 25 e 29,9, o risco de AVC é aumentado em 22%. Em pessoas com obesidade (IMC acima de 30) o risco é aumentado em 64%.
Sedentarismo – um terço dos episódios de AVC acontece em pessoas que não praticam exercícios físicos;
Colesterol alto – um a cada quatro casos de AVC está relacionado a níveis altos de colesterol LDL no sangue, popularmente conhecido como “colesterol ruim”;
Consumo de álcool – o consumo excessivo está associado a mais de um milhão de casos de AVC.
Outros fatores de risco para o AVC incluem doenças congênitas, que já nascem com a pessoa, e doenças estruturais, como aneurismas cerebrais ou malformações nas veias e artérias.
Aumento da incidência de AVC em jovens – por que acontece?
A proporção de jovens que morrem de AVC no Brasil tem aumentado nos últimos anos. Em 2019, a taxa de óbitos por derrame entre pessoas de 20 a 59 anos era de 17,2%. Em 2020, passou para 18,5% e, em 2021, chegou a 20%.
Para o Dr. Daniel Damiani, esses índices estão subindo por dois motivos: o primeiro é a melhora na tecnologia direcionada ao diagnóstico de AVC e, como consequência, aumento no número de registros de eventos. Outra razão é que “há mais jovens acometidos por doenças que eram consideradas de ‘idosos’ como diabetes tipo 2, hipertensão arterial e colesterol alto. Hábitos de vida como tabagismo precoce e excessivo, uso abusivo de álcool e drogas ilícitas associados ao estresse e ansiedade também favorecem o risco de acidente vascular cerebral nessa população”, explica.
Ainda segundo o neurologista, diversas outras causas também podem ser atribuídas aos AVCs em indivíduos mais jovens, valendo destacar:
- Dissecções cervicais – quando uma das camadas internas da parede da artéria “rasga”, fazendo com que fique mais fácil de se romper;
- Anemia falciforme;
- Doencas metabólicas;
- Doencas cardíacas congênitas ou adquiridas – com destaque para doença de Chagas, valvulopatias e fibrilação atrial;
- Doenças reumatológicas – como vasculites, que é inflamação dos vasos sanguíneos;
- Apneia obstrutiva do sono;
- Sequelas da Covid-19.
Quais os sinais e sintomas do AVC?
“A detecção precoce do AVC é fundamental para o adequado tratamento”, alerta o Dr. Daniel Damiani. Por isso, é necessário acionar o serviço de emergência (SAMU ou resgate) ao notar os seguintes sinais e sintomas:
- Fraqueza ou formigamento na face, braço ou perna, especialmente em um dos lados do corpo;
- Desvio de rima labial – a boca aparenta estar torta;
- Confusão mental;
- Alteração da fala ou compreensão;
- Alterações na visão, como visão dupla, em um ou ambos os olhos;
- Desequilíbrio, perda de coordenação, alteração no andar;
- Tontura ou desmaio;
- Dor de cabeça súbita e intensa, sem causa aparente.
Para se ter uma ideia da importância do socorro imediato durante um possível episódio de AVC, o Dr. Damiani explica que “após o início dos sintomas, há uma janela de apenas quatro horas e meia para o tratamento padrão, feito de forma intravenosa com uma medicação chamada trombolítico. Mais recentemente, para alguns casos selecionados, temos a possibilidade do tratamento endovascular (que remove o coágulo por cateterismo) com a trombectomia mecânica, podendo ser indicada em até 24 horas. Portanto, quanto antes o paciente for tratado, maiores serão as chances de reabilitação com menos sequelas que comprometerão a qualidade de vida”.
Como prevenir o AVC?
“O AVC e uma doença prevenível em até 90% dos casos. No entanto, demanda mudanças de hábitos de vida, o que dificulta muito a adesão dos pacientes. Ainda não temos a cultura de prevenção primária, apenas nos preocupamos quando os sintomas já estão instalados”, alerta o médico.
Alguns hábitos para prevenir o AVC ao longo da vida são:
- Ter uma alimentação saudável, de preferência com pouco sódio e alimentos ultraprocessados;
- Praticar exercícios físicos regularmente;
- Dormir de sete a oito horas por dia;
- Não fumar;
- Não usar drogas ilícitas;
- Evitar o abuso de álcool;
- Controlar doenças crônicas existentes, como diabetes e pressão alta.
Atenção, este conteúdo é meramente informativo!
Este conteúdo é meramente informativo e educativo, sendo destinado para o público em geral. Ele não substitui a consulta e o aconselhamento com o médico e não deve ser utilizado para autodiagnóstico ou automedicação. Se você tiver algum problema de saúde ou dúvidas a respeito, consulte um médico. Somente ele está habilitado a fazer o diagnóstico, a prescrever o tratamento mais adequado para cada caso e a acompanhar a evolução do quadro de saúde do paciente.
O Dr. Daniel Damiani é médico neurologista pelo Hospital do Servidor Público do Estado – IAMSPE, fellowship em transtornos do movimento pelo IAMSPE e membro da Academia Brasileira de Neurologia – ABN. É pós-graduado em medicina de urgências e emergências pelo Hospital Israelita Albert Einstein e médico preceptor de neurologia da Faculdade de Medicina da Universidade Cidade de São Paulo – UNICID. Atende na Clínica e Diagnósticos Leforte Morumbi.
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