A cirrose é uma doença crônica do fígado, decorrente de processos inflamatórios persistentes no órgão. Em longo prazo, essas lesões impedem a regeneração das células e a circulação sanguínea, o que resulta na substituição de tecido normal do fígado por nódulos e fibroses (cicatrizes).
É denominado cirrose quando as cicatrizes no fígado são tão extensas que dificultam o desempenho do órgão, que deixa de realizar tarefas cruciais para o organismo. Entre essas funções estão a produção de colesterol, proteínas e bile (responsável por facilitar a digestão de gorduras), processamento de nutrientes, de medicamentos e álcool, assim como armazenamento de glicose e vitaminas.
Quais são as causas da cirrose?
A doença pode ser provocada por vários fatores, mas as principais causas da cirrose são:
- Hepatite gordurosa alcoólica – relacionada ao consumo excessivo e contínuo de bebidas alcoólicas;
- Doenças virais, como as hepatites B e hepatite C – sendo que a primeira pode ser evitada através da vacinação e a segunda pode ser curada com os tratamentos antivirais modernos;
- Hepatite autoimune – entre outras doenças autoimunes do fígado;
- Hepatites medicamentosas – alguns medicamentos também podem causar danos, mas dificilmente resultam em distúrbio hepático grave.
Entre algumas condições menos comuns que podem evoluir para cirrose estão: a doença de Wilson, um distúrbio genético que afeta o metabolismo; a colestase crônica, que é a diminuição ou interrupção do fluxo biliar; a obstrução das vias biliares por conta de tumores; e a síndrome de Budd-Chiari, doença que causa obstrução sanguínea.
Incidência da cirrose na população
Cirrose hepática e outras hepatites crônicas foram a décima maior causa de morte no país no ano de 2017, de acordo com o Ministério da Saúde, com uma taxa de mortalidade de 15,6 casos de falecimento para cada 100 mil habitantes. A doença é cinco vezes mais comum em homens do que em mulheres. Constatou-se também que o principal fator de risco é o consumo excessivo de bebidas alcoólicas.
Quais os fatores de risco para a cirrose?
- Abuso de bebidas alcoólicas – o consumo regular e excessivo de bebidas alcoólicas causa danos no fígado, que podem levar à cirrose;
- Obesidade e diabetes – a diabetes e a obesidade são os principais fatores de risco para a ocorrência de doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA);
- Hepatites virais (B e C) – afetam as células do fígado, favorecendo a inflamação crônica do órgão, o que pode causar a cirrose;
- Hepatite autoimune – ocorre quando o sistema imunológico se volta contra o próprio fígado e o agride, o que pode resultar em cirrose se não for tratado. É mais comum em jovens e entre mulheres, mas pode ocorrer em ambos os sexos;
- Doenças que aumentam a coagulação sanguínea – a síndrome de Budd-Chiari ocorre quando grandes coágulos sanguíneos causam bloqueio das veias que drenam o fígado, favorecendo o surgimento da cirrose;
- Colestase crônica – a condição pode causar cirrose por dificultar a condução da bile para fora do fígado;
- Medicamentos – quando utilizados em excesso e sem controle médico podem causar inflamação no fígado e levar à cirrose.
Quais os sinais e sintomas de cirrose?
Nos primeiros estágios, a cirrose raramente manifesta sinal ou sintoma, podendo não ser notada durante anos. Sintomas pouco específicos como fadiga, cansaço no fim do dia e coceira pelo corpo podem ocorrer. Em estágio avançado, surgem indícios associados ao comprometimento da atividade do fígado. Nessa fase, alguns sinais e sintomas de cirrose podem ser:
- Náuseas, vômitos e tosse com presença de sangue;
- Perda de peso em excesso e perda de apetite;
- Dor abdominal e constipação;
- Inchaço no abdômen e nas pernas, promovendo, por sua vez, ganho de peso excessivo;
- Olhos e peles amarelados (icterícia), acompanhados ou não por urina escura;
- Cansaço constante;
- Ascite, que é presença de líquido no abdômen;
- Encefalopatia hepática, ou seja, confusão mental, esquecimento;
- Urina escura;
- Perda de cabelo;
- Mau hálito forte de amônia.
Quais os tratamentos para a cirrose?
O tratamento para a cirrose visa identificar o agente causador e limitar o avanço da doença. Dependendo da causa, pode ser avaliado o uso de medicamentos de modo a diminuir a sobrecarga do fígado. Mudanças alimentares também são fundamentais para controlar a cirrose, com o controle de ingestão de sal e de calorias. Além disso, o consumo de bebidas alcoólicas deve ser proibido. Em casos graves, o transplante de fígado pode ser a única solução.
Como é feito o diagnóstico da cirrose?
O diagnóstico da cirrose é feito pelo médico por meio do histórico de saúde da pessoa e de exames laboratoriais e de imagem, como a ultrassonografia, tomografia computadorizada e ressonância magnética. Uma biópsia de parte do fígado pode confirmar definitivamente a presença da doença, mas pode ser substituída por métodos menos invasivos.
Como prevenir a cirrose?
A cirrose é uma doença que avança silenciosamente. Portanto, o melhor método de prevenção é controlar os fatores de risco por meio de uma dieta saudável, com poucas gorduras e diminuir o consumo de álcool.
Além disso, é fundamental proteger-se contra as hepatites virais, principalmente dos tipos B e C, seja por meio de vacinas ou com o uso de preservativos durante as relações sexuais. O Check-up periódico com o médico também é imprescindível para o diagnóstico precoce da doença, o que aumenta muito a chance de recuperação.
Somente um médico pode diagnosticar um problema de saúde e indicar o melhor tratamento para cada caso. Nunca tome medicamentos por conta própria, mesmo que tenham sido recomendados por alguém com problema que você ache parecido com o seu. Eles podem disfarçar os sinais e sintomas da cirrose, dificultando o diagnóstico e até agravar o problema de saúde e criar novos.
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Referências
- http://www.hepcentro.com.br/cirrose.htm – acessado em 13/09/2020;
- https://sbhepatologia.org.br/noticias/ja-esta-disponivel-cartilha-sobre-cirrose/ – acessado em 13/09/2020;
- http://www.sobrice.org.br/paciente/condicoes-clinicas/cirrose – acessado em 13/09/2020;
- https://www.medicina.ufmg.br/cirrose-entenda-causas-e-consequencias/ – acessado em 13/09/2020;
- http://svs.aids.gov.br/dantps/centrais-de-conteudos/paineis-de-monitoramento/mortalidade/gbd-brasil/principais-causas/ – acessado em 13/09/2020;
- https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1415-790X2017000500061&script=sci_arttext#:~:text=Os%20n%C3%BAmeros%20de%20%C3%B3bitos%20por,totalizando%2028.337%20mortes%20no%20pa%C3%ADs – acessado em 13/09/2020.
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