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Conheça algumas lesões nos joelhos e como podem ser tratadas

Veja, no site do Grupo Leforte, quais lesões nos joelhos podem acontecer com frequência, quem são os mais afetados e como é o tratamento.
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Equipe Leforte - Equipe Leforte Atualizado em 14/07/2021

Seja pela prática de alguns esportes ou pela degeneração natural devido à idade, os joelhos podem ser afetados por inúmeros problemas. Algumas lesões nos joelhos frequentes são a do ligamento cruzado anterior e da cartilagem, seja em pacientes jovens ou por um processo degenerativo denominado osteoartrose. Para falar sobre o assunto, o Grupo Leforte convidou o Prof. Dr. Diego da Costa Astur, que atua no ambulatório, centro cirúrgico e pronto-socorro do Hospital Leforte Liberdade.

LESÕES NOS JOELHOS – lesão do ligamento cruzado, artrose e lesão cartilaginosa são problemas que acometem mais quais grupos?

DR. DIEGO DA COSTA ASTUR – a lesão do ligamento cruzado anterior é muito comum principalmente em atletas. Esse ligamento funciona como um freio para o joelho e quando recebe, por causa de um entorse ou de um impacto direto, uma energia maior do que o joelho pode aguentar, ele rompe. O que resulta em uma lesão do ligamento cruzado anterior.

Já a artrose e a lesão da cartilagem, elas se confundem. Porque, na verdade, a artrose é um estágio avançado da lesão da cartilagem. E o que é a cartilagem? Ela é a “capa” que envolve todas as articulações, é o que permite que o movimento seja liso, perfeito, sem atrito. Quando você tem um trauma e machuca essa cartilagem, há uma lesão localizada da cartilagem. Isso vai acontecer, principalmente, em atletas ou em pacientes mais jovens.

Na medida que essa cartilagem começa a evoluir para a sua degeneração completa, de toda a articulação específica, aí nós temos o que é chamado de artrose. Ou seja, a artrose é a lesão da cartilagem, só que de forma mais difusa, acometendo todo um compartimento ou toda uma articulação.

LESÕES NOS JOELHOS – o que é o ligamento cruzado qual a função dele?

DR. DIEGO DA COSTA ASTUR – o ligamento cruzado pode ser anterior ou posterior. Ou seja, são dois ligamentos cruzados dentro do joelho. Eles têm o papel de estabilizar o joelho, a relação entre o fêmur, que é o osso da coxa, e a tíbia, que é o osso da perna. Então, os ligamentos cruzados atuam como freios. Fazendo uma analogia com o carro, eles são o freio do nosso joelho. Quando você rompe esse freio, esse ligamento, você perde a capacidade de manter os dois ossos nas posições adequadas.

LESÕES NOS JOELHOS – como acontece a lesão do ligamento cruzado, o que a pessoa sente?

DR. DIEGO DA COSTA ASTUR – a lesão do ligamento cruzado, principalmente o anterior, geralmente vai acontecer em um movimento de rotação durante a prática de um esporte. É o que a gente chama de movimento do pivô. Então, o nosso corpo gira sobre a nossa perna e o ligamento acaba não aguentando e arrebenta. Ele também pode romper de outras formas. Por exemplo, recentemente, temos visto na televisão, na NBA (liga profissional de basquete) e na Eurocopa (Campeonato Europeu de Futebol), alguns casos de entorse e hiperextensão do joelho. Nessa situação, também pode acontecer o rompimento do ligamento cruzado anterior.

É comum o paciente falar que ouviu um estalo na hora da ruptura do ligamento. E também é muito comum o paciente não conseguir mais continuar a praticar a atividade física que estava fazendo nesse momento e o joelho evoluir com um edema, com um inchaço bastante intenso.

LESÕES NOS JOELHOS – como é feito o tratamento da lesão do ligamento cruzado?

DR. DIEGO DA COSTA ASTUR – via de regra, o tratamento da lesão do ligamento cruzado anterior é cirúrgico, é necessário reconstruir o ligamento. São poucas as situações em que cabe o tratamento não cirúrgico. Depois da reconstrução ligamentar, o paciente vai precisar de um tempo de reabilitação sem a realização da atividade física durante, pelo menos, de seis a 12 meses.

Hoje, a tendência é que a gente espere um pouquinho mais para voltar a praticar o esporte. Antigamente, falava-se muito que em seis meses a pessoa voltava. Mas, hoje, a gente segura um pouco mais. O melhor entendimento da evolução dessa estrutura tem mostrado um ligamento mais capaz de voltar a realizar toda as funções que eram realizadas antes da lesão em um tempo mais próximo de 12 meses do que de seis meses.

LESÕES NOS JOELHOS – a lesão do ligamento cruzado é mais frequente em pessoas que têm alguma atividade específica, é possível prevenir?

DR. DIEGO DA COSTA ASTUR – qualquer pessoa pode evoluir com uma lesão do ligamento cruzado. Independentemente de ser ou não um esportista. Mas, o movimento que geralmente é relacionado com a lesão desse ligamento acontece, com muita frequência, em esportes que têm o movimento de pivô – no qual é preciso apoiar o pé no chão e fazer o movimento abrupto de rotação. Bem como esportes de contato, em que você tem um choque entre o teu joelho e o joelho do oponente. Nessas situações, é mais fácil de acontecer a lesão do ligamento cruzado anterior.

A forma de prevenção mais óbvia é você não se envolver nesse tipo de trauma. O que, muitas vezes, não há como fazer. Porém, manter a musculatura da nossa coxa e da nossa perna sempre bastante ativa, desenvolvida, ajuda a prevenir. E, de certa maneira, ter também uma evolução progressiva durante o treinamento. Por exemplo, se você tem uma competição de futebol daqui a três meses, é aconselhável preparar o corpo para estar no mais alto nível competitivo até lá e não querer disputar todas as bolas desde o primeiro treino.

LESÕES NOS JOELHOS – o que é artrose do joelho e quais são os sintomas?

DR. DIEGO DA COSTA ASTUR – artrose é a falência de uma articulação, quando a função dela vai se perdendo porque todas as estruturas que a compõe vão ficando degeneradas. Isso pode acontecer de forma progressiva ao longo de muitos anos. O resultado final é uma articulação onde as peças não se encaixam e, consequentemente, você não consegue mais fazer o movimento funcional dela.

Os sintomas, basicamente, são dor, incapacidade funcional, muitas vezes aumento da temperatura local por causa do processo inflamatório e pode acontecer uma vermelhidão aumentada. Mas, o que realmente chama a atenção de quem tem artrose é a dor e a incapacidade de realizar aquela função.

LESÕES NOS JOELHOS – quais as causas da artrose do joelho?

DR. DIEGO DA COSTA ASTUR – a forma mais comum do surgimento da artrose é a forma idiopática, ou seja, a pessoa que desenvolve a condição de maneira natural sem uma razão específica. Isso, geralmente, acaba acometendo mulheres após os 60 anos de idade.

Mas, também pode acontecer como sequela de uma fratura mal tratada, de uma infecção que gerou uma destruição muito grande na articulação, entre outras.

LESÕES NOS JOELHOS – é possível prevenir a artrose do joelho?

DR. DIEGO DA COSTA ASTUR – de maneira geral, a artrose não tem cura. O objetivo do tratamento é evitar a progressão do processo degenerativo. As principais medidas são perda de peso, fortalecimento da musculatura ao redor do joelho e medicações condroprotetoras por via oral e injetáveis. Não conseguimos impedir que a artrose evolua, mas podemos retardar bastante a velocidade com que isso acontece.

LESÕES NOS JOELHOS – Como é feito o tratamento da artrose do joelho, a pessoa pode voltar às atividades normais, inclusive praticando esportes?

DR. DIEGO DA COSTA ASTUR – o tratamento da artrose visa impedir a evolução do processo degenerativo. Quando se aborda um paciente nos estágios mais iniciais, os principais objetivos são fortalecer a musculatura e diminuir a carga que incide sobre aquela articulação – por exemplo, perdendo peso. Além de medicações anti-inflamatórias para combater o processo inflamatório na fase aguda e de medicações condroprotetoras que vão, principalmente, tentar diminuir o impacto da destruição daquela cartilagem.

Muitas vezes, o paciente vai poder voltar a praticar esportes. Só que, obviamente, se a artrose está acometendo articulações de carga, vamos pedir para ele evitar praticar esportes que necessitem muito dessa articulação. Então, por exemplo, se você tem uma artrose do joelho, pode ser necessário trocar a corrida pelo ciclismo ou o futebol pela natação. Ou seja, vamos tentar tirar o impacto sobre a articulação que está lesionada, que está machucada.

LESÕES NOS JOELHOS – qual a função das cartilagens do joelho?

DR. DIEGO DA COSTA ASTUR – a função da cartilagem do joelho é auxiliar no amortecimento, na lubrificação e na possibilidade de você ter um movimento perfeito, com baixo coeficiente de atrito, permitindo que os ossos se encaixem e realizem a sua determinada função da maneira ideal.

LESÕES NOS JOELHOS – como podem acontecer uma lesão cartilaginosa e o que a pessoa sente?

DR. DIEGO DA COSTA ASTUR – as lesões da cartilagem vão acontecer de duas formas basicamente: por conta de um trauma – você fez um movimento errado e ele provocou um grau de energia muito alto naquela região específica e isso gerou um machucado na cartilagem – ou porque o próprio corpo foi desenvolvendo o processo degenerativo da cartilagem. Como acontece na artrose.

LESÕES NOS JOELHOS – existe algum determinado grupo que costuma ser mais afetado pela lesão cartilaginosa, é possível prevenir?

DR. DIEGO DA COSTA ASTUR – na lesão traumática da cartilagem, é mais comum que ela aconteça em paciente do sexo masculino. Isso porque, com mais frequência, ele pratica esporte com maior grau de energia. Então, disputas de bola e choques em lutas, que causam um impacto maior na cartilagem quando feitos da maneira errada, isso acaba gerando uma lesão da cartilagem.

Mas, especificamente na mulher entre 20 e 40 anos, existe um tipo de lesão cartilaginosa chamada de condromalácia ou condropatia patelar, que acomete quase 70 a 80% das mulheres ativas. É como se fosse um desgaste, uma fricção por cisalhamento entre a cartilagem da patela e a tróclea femoral (sulco do fêmur que fica na parte da frente do joelho, onde a patela se movimenta quando dobramos ou esticamos o joelho), que vai causando um amolecimento, um enfraquecimento da cartilagem da superfície articular daquele ponto de maior pressão.

LESÕES NOS JOELHOS – como é feito o tratamento da lesão cartilaginosa?

DR. DIEGO DA COSTA ASTUR – nesse caso, diferentemente da artrose, a lesão da cartilagem traumática pode ser tratada com foco específico no local machucado. Temos inúmeras técnicas de tratamento não cirúrgico e cirúrgico – e as indicações não são uma opção, mas sim o resultado do tipo da lesão que a pessoa tem. Então, em lesões mais profundas, mais amplas, às vezes faz-se somente uma intervenção cirúrgica. Já em lesões menos profundas, em algumas vezes é possível tentar promover uma melhor homeostase local diminuindo o processo inflamatório com aplicação de ácido hialurônico no joelho e assim por diante.

O Prof. Dr. Diego da Costa Astur é professor afiliado do Departamento de Ortopedia e Traumatologia da EPM/UNIFESP, Pós-Doutorado em Cirurgia Translacional da EPM/UNIFESP e orientador do Programa de Pós-Graduação de Medicina Esportiva da EPM/UNIFESP. Possui mais de 80 publicações nacionais e internacionais e mais de 20 livros e capítulos de livros publicados, tendo recebido nove prêmios ou menções honrosas.

É membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT), da Sociedade Brasileira de Cirurgia do Joelho (SBCJ), da Sociedade Brasileira de Traumatologia Esportiva (SBRATE), da Sociedade Americana de Ortopedia (AAOS), da Sociedade Americana de Medicina do Esporte (AOSSM), da Sociedade Mundial de Cirurgia de Joelho e Artroscopia (ISAKOS) e da ACL Study Group. Além disso, é
coordenador do Instituto Astur e médico ortopedista do Hospital Leforte Liberdade, onde atua no ambulatório nas manhãs das quintas-feiras, no centro cirúrgico nas quartas-feiras e no pronto-socorro aos domingos.

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Este conteúdo é meramente informativo e educativo, sendo destinado para o público em geral. Ele não substitui a consulta e o aconselhamento com o médico e não deve ser utilizado para autodiagnóstico ou automedicação. Se você tiver algum problema de saúde ou dúvidas a respeito, consulte um médico. Somente ele está habilitado fazer o diagnóstico, a prescrever o tratamento mais adequado para cada caso e acompanhar a evolução do quadro de saúde do paciente.

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