O consumo do álcool pode causar mais de 200 doenças e está associado ao risco de desenvolver vários problemas de saúde, como distúrbios mentais e comportamentais, alguns tipos de câncer, doenças cardiovasculares e cirrose hepática, além de poder causar dependência, de acordo com a Organização Mundial da Saúde. Para falar sobre o assunto, o Leforte – que faz parte da rede de saúde integrada Dasa – convidou o Dr. Lucas Souto Nacif, que é cirurgião geral e do aparelho digestivo e médico hepatologista no Hospital Leforte Morumbi.
Quais são os efeitos nocivos da ingestão de álcool em curto e em longo prazo?
O Dr. Lucas explica que, “em curto prazo, os efeitos nocivos do álcool são relacionados, principalmente, com a quantidade consumida. Ou seja, podemos apresentar desde náusea, vômito, mal-estar até coma alcoólico” – que acontece quando a quantidade de álcool ingerido ultrapassa o limite que o fígado consegue metabolizar e continua em nível alto no sangue, causando intoxicação.
Já em longo prazo, diz o médico, com “o consumo frequente de álcool em uma dose maior do que 80 g por dia, por mais de 10 anos, tem-se o risco do desenvolvimento de cirrose. Porém, antes disso, podemos evoluir com esteatose hepática e hepatite alcoólica”, sendo que a esteatose é o acúmulo de gordura no fígado, a hepatite alcoólica é a inflamação do órgão pelo consumo excessivo e prolongado de álcool e a cirrose é uma doença crônica em decorrência do processo inflamatório prolongado do fígado.
Quais danos o consumo excessivo álcool pode provocar?
O consumo de álcool, alerta o Dr. Lucas, “vai alterando vários órgãos devido ao acúmulo e ao metabolismo dele no organismo, causando destruição celular e, no caso do fígado, induzindo à lesão hepática com inflamação, fibrose (formação de uma quantidade muito grande de tecido cicatricial no fígado) e cirrose”.
“O uso excessivo de álcool pode causar hepatite aguda grave com necrose e falência rápida do órgão”. Além disso, “o uso crônico pode levar à falência progressiva e permanente do órgão, como a cirrose hepática. Uma das principais causas é, justamente, o consumo de álcool”, conta o médico.
Quais são os sinais e sintomas de cirrose hepática e como é feito o diagnóstico?
“Os sinais e sintomas da cirrose hepática são emagrecimento, fraqueza, cor amarela da pele e olhos e anemia, entre outros”, diz o Dr. Lucas. Sendo que o diagnóstico é feito “pela história clínica do paciente, exames laboratoriais e de imagem e, em alguns casos específicos, com a biópsia hepática”, que é a retirada de uma amostra do tecido do órgão para análise por um médico patologista.
O Dr. Lucas explica que “o ideal é fazer o diagnóstico na fase de fibrose, ou seja, antes do desenvolvimento da cirrose. Com a cirrose estabelecida, temos que fazer cuidados e tratamento clínico para controle da doença”.
A cirrose hepática tem cura?
“O transplante de fígado é o único tratamento definitivo da cirrose hepática e cura da doença”, conta o médico. “A espera pelo doador é realizada por uma lista única e relacionada pela prioridade em gravidade, ou seja, os mais graves precisam e serão transplantados antes”.
“O transplante de fígado é realizado com a troca do fígado do doador (sadio) pelo do receptor (doente) e, depois disso, o paciente deverá tomar medicações imunossupressoras para que não haja rejeição do órgão transplantado”.
Existe uma quantidade segura para o consumo de álcool no dia a dia?
“O consumo de álcool, na minha opinião, não deve ser estimulado pela classe médica, é um risco ao organismo”, ressalta o médico.
Veja alguns dados da Organização Mundial da Saúde sobre consumo de álcool:
- 3 milhões de mortes por ano no mundo devido ao uso nocivo do álcool;
- 5,3% de todas as mortes do mundo acontecem pelo uso nocivo do álcool;
- 5,1% da carga mundial de doenças e lesões são atribuídas ao consumo do álcool;
- 13,5% das mortes de pessoas de 20 a 39 anos, aproximadamente, se deve ao consumo de álcool.
O Dr. Lucas Souto Nacif fez pós-doutorado na FMUSP; post-doctoral Clinical and Research fellow no Hospital Clínic Barcelona; Master in Translational Medicine-MSc na Universidade de Barcelona (UB); mestrado e doutorado em Ciências em Gastroenterologia na FMUSP; fellow em Cirurgia Hepatobiliopancreática e Transplante de Fígado no Hospital Clínic de Barcelona; e Cirurgia do Fígado e Transplante de Órgãos do Aparelho Digestivo no HC / FMUSP.
É membro ativo da ABTO (Associação Brasileira de Transplante de Órgãos), ILTS (Internacional Liver Transplantation Society), TTS (The Transplantation Society), AHPBA (Americas Hepato-Pancreato-Biliar Association) e especialista e membro efetivo do Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva (CBCD), além de titular do Colégio Brasileiro de Cirurgiões (CBC). Além disso, é médico assistente na disciplina de Transplante de Órgãos do Aparelho Digestivo (HC/FMUSP), professor coordenador da disciplina de pós-graduação em Gastroenterologia na FMUSP e também cirurgião geral e do aparelho digestivo e médico hepatologista no Hospital Leforte Morumbi.
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