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Entenda as infecções oportunistas em pacientes com HIV

Sem tratamento adequado, o HIV enfraquece o sistema imunológico, permitindo o aparecimento de doenças oportunistas. Leia no site do Grupo Leforte.
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Equipe Leforte - Equipe Leforte Atualizado em 11/12/2021

A campanha nacional Dezembro Vermelho busca gerar mobilização na luta contra o vírus HIV, a AIDS e outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). Descobrir o quanto antes o diagnóstico de HIV e realizar o tratamento adequado é fundamental para aumentar o tempo e a qualidade de vida das pessoas que vivem com o vírus. Sem o tratamento, esta infecção vai enfraquecendo o sistema imunológico, permitindo o aparecimento de doenças oportunistas, que recebem esse nome por se aproveitarem da fraqueza do organismo. Para falar sobre o assunto, convidamos o Dr. Igor Marinho, médico infectologista do Grupo Leforte.

O que é o HIV e quantas pessoas estão infectadas por ele no Brasil e no mundo?

DR. IGOR MARINHO – O HIV é a sigla em inglês para o vírus da imunodeficiência humana. Identificado na década de 1980, com os primeiros casos relatados nos Estados Unidos e rapidamente disseminado em todo o planeta, foi o responsável por uma das piores doenças que vimos no último século, a AIDS. Basicamente, esse vírus é capaz de infectar as células humanas e destruir o sistema imunológico a partir da diminuição de alguns linfócitos que atuam ativamente na defesa contra possíveis invasores. O vírus em si causa um quadro inflamatório, mas, mais importante do que isso, ele gera uma deficiência imunológica, que acaba sendo responsável pelo possível surgimento de outras doenças, as chamadas as doenças oportunistas.

Em todo o mundo, 37 milhões de pessoas vivem com HIV atualmente, que é o número mais alto da história. E estima-se que 25% delas não sabem que têm o vírus, o que é um problema, porque essas pessoas podem contaminar outras. No Brasil, desde 1980 até junho de 2020 – que são os dados mais recentes, publicados no último Boletim Epidemiológico de AIDS, de dezembro de 2020 – o Brasil tem hoje um total de 1.011.617 casos, com uma média de 39 mil casos por ano. O que se observa desde 2013 é uma queda lenta na quantidade de casos desde 2013, quando eram 43.368 casos por ano, o que é uma boa notícia.

Qual a diferença entre HIV e AIDS?

DR. IGOR MARINHO – O HIV é o nome do vírus, não descreve a doença ou a síndrome causada por ele. Existem indivíduos que são portadores assintomáticos do vírus ou portadores com muitos poucos sintomas, com um grau de imunidade adequado. Para esses indivíduos é usado o termo “pessoas vivendo com HIV” ou a sigla PVHIV.

Sem tratamento, em um período de alguns anos eles caminham para a imunossupressão grave, ou seja, para uma depressão do sistema imunológico. Nesses casos, ocorre a chamada síndrome da imunodeficiência adquirida, cuja sigla em português é SIDA, em inglês AIDS. A AIDS é o grande fator de risco para mortalidade e para doenças graves nesses pacientes. No estágio dessa síndrome, há risco de inúmeras doenças por agentes infecciosos, sejam bacterianos, fúngicos, virais, protozoários, entre outros.

Como a doença se desenvolve a partir da infecção pelo vírus, há sintomas?

DR. IGOR MARINHO – Como eu mencionei, pacientes infectados por HIV podem permanecer assintomáticos por anos. Porém, depois de alguns dias da infecção, o indivíduo pode desenvolver alguns sintomas que se confundem facilmente com uma infecção viral, também conhecida como virose. Nessa fase aguda, logo após a infecção, a pessoa pode ter linfadenomegalias, que são aumento de gânglios, um pouco de fraqueza, febre, manchas no corpo, mas esse quadro não costuma durar muito tempo e se resolve sozinho. Se a pessoa não investigar, ela ficará por anos sem ter o diagnóstico.

Até que, depois de um período, que geralmente costuma ser de sete a 10 anos, o indivíduo passa a ter emagrecimento, fraqueza, mal-estar, infecções oportunistas por esses outros agentes infecciosos que aproveitam uma janela de imunidade mais baixa. Então, a pessoa pode passar muitos anos sem nenhum sintoma até que ela chegue realmente no estágio da AIDS.

A partir de que momento a pessoa infectada pelo HIV corre risco de desenvolver infecções oportunistas?

DR. IGOR MARINHO – a pessoa corre o risco de desenvolver infecções oportunistas a partir do momento que, depois de algum tempo infectada pelo vírus do HIV, ela desenvolve a síndrome da imunodeficiência adquirida. Então há uma queda da imunidade muito importante, que é causada em longo prazo pelo vírus, e aí qualquer agente infeccioso pode causar uma doença grave que não causaria no indivíduo com imunidade boa.

Quais são as infecções oportunistas mais frequentes?

DR. IGOR MARINHO – São muitas as infecções oportunistas possíveis, desde verminoses até alguns tipos de câncer, além de doenças causadas por fungos, bactérias ou vírus.

Entre as principais doenças oportunistas relacionadas ao HIV estão:

  • Tuberculose – tem uma relação muito próxima com HIV o – cerca de 10% dos casos da doença estão associados à infecção pelo vírus;
  • Pneumocistose – quadro pulmonar semelhante a uma pneumonia, inclui tosse, falta de ar e outros sintomas respiratórios;
  • Neurotoxoplasmose – infecção do sistema nervoso central que pode causar confusão mental e outros sintomas neurológicos;
  • Neurocriptococose – doença fúngica do sistema nervoso central, que pode causar hipertensão intracraniana, náuseas, vômitos e muita dor de cabeça;
  • Sarcoma de Kaposi – câncer relacionado a uma infecção viral, que pode causar manchas na pele e sangramentos em órgãos internos.

Como é o tratamento dessas infecções oportunistas mais frequentes no portador de HIV?

DR. IGOR MARINHO – O tratamento das infecções oportunistas de um modo geral vai compreender, primeiro, o tratamento do próprio HIV. Isso é feito com o uso de medicamentos capazes de melhor o sistema imunológico do paciente. E, também, o tratamento específico para o agente encontrado, bacteriano, viral ou fúngico.

Como é o tratamento da pessoa portadora de HIV?

DR. IGOR MARINHO – Portadores de HIV precisam de um acompanhamento médico próximo até que o quadro esteja bem controlado. A partir desse momento, é possível fazer consultas mais espaçadas, a cada seis meses. O tratamento é feito por medicações chamadas antirretrovirais, que evitam a reprodução do vírus HIV e a sua ação no corpo humano. O tratamento não elimina o vírus totalmente, mas é capaz de controlar a carga viral, ou seja, a quantidade de vírus na corrente sanguínea, e também a ação desse vírus, praticamente inativando a sua atividade e fazendo com que a pessoa viva uma vida muito próxima ao normal.

O tratamento é individualizado, depende da resposta do paciente ao medicamento e da tolerância a efeitos colaterais. Hoje em dia, existem terapias muito seguras, potentes e com poucos efeitos colaterais. A quantidade de comprimidos necessários também diminuiu, o que facilita bastante a possibilidade de tratamento.

O que é vírus indetectável?

DR. IGOR MARINHO – Quando iniciamos o tratamento, o objetivo é fazer com que a carga viral do HIV no sangue se torne indetectável. Quando essa meta é atingida, o indivíduo não transmite mais o HIV e a doença se torna melhor controlada. Porém, o vírus não some totalmente do organismo. Então, se a pessoa para de tomar os medicamentos, a carga viral pode voltar a se tornar detectável, ou seja, positiva.

Mas o paciente que faz o tratamento adequado, bem ajustado e que tem uma boa adesão caminha para não ter mais vírus na corrente sanguínea, o que significa uma menor morbidade e a impossibilidade de transmissão do HIV.

O Dr. Igor Marinho é médico assistente da Divisão de Moléstias Infecciosas e Parasitárias do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (HCFMUSP). Também atua como médico da equipe de Clínica Médica e Infectologia do Hospital Leforte Liberdade, atendendo no centro médico da unidade às quartas-feiras, no período da tarde.

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Este conteúdo é meramente informativo e educativo, sendo destinado para o público em geral. Ele não substitui a consulta e o aconselhamento com o médico e não deve ser utilizado para autodiagnóstico ou automedicação. Se você tiver algum problema de saúde ou dúvidas a respeito, consulte um médico. Somente ele está habilitado fazer o diagnóstico, a prescrever o tratamento mais adequado para cada caso e acompanhar a evolução do quadro de saúde do paciente.

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