A Medicina conhece mais de 80 tipos de doenças autoimunes, que se desenvolvem quando o sistema imunológico ataca os tecidos saudáveis do próprio corpo. O lúpus é uma das mais graves e não tem cura.
Não se sabe ao certo o que provoca o desenvolvimento dessas doenças, mas estudos até agora apontam para uma predisposição genética e para o uso de certos medicamentos como possíveis fatores que desencadeiam o surgimento. Não são doenças transmissíveis e o tratamento é voltado para o controle dos sintomas que aparecem e desaparecem continuamente.
O que é lúpus?
Doença rara e muito mais frequente em mulheres (prevalência de 90%), geralmente entre 15 e 30 anos de idade (quanto mais jovem, mais tende a ser grave), o lúpus faz com que os anticorpos atuem nos tecidos do próprio organismo, ou seja, uma autoag
ressão, principalmente no núcleo das células. Entre os tecidos atacados estão articulações, pele, coração, rins, pulmão, fígado e cérebro.
O lúpus pode provocar dores e muitos incômodos à pessoa portadora, por isso o tratamento adequado melhora a qualidade de vida, possibilitando que a paciente tenha até mesmo uma vida normal. Do contrário, existem fatores capazes de acarretar sérias complicações.
Os sintomas podem surgir de repente, moderados ou graves, e variam de acordo com as partes do corpo que foram afetadas. Nem sempre é fácil o diagnóstico da doença, até pela semelhança que possa ter com outros tipos de patologias, mas quando há a confirmação do diagnóstico, é fundamental rigor nos cuidados e acompanhamento de médicos especialistas.
No início da década de 1970, a Sociedade Americana de Reumatologia enumerou 11 critérios básicos para o diagnóstico da doença, assegurando que pelo menos quatro deles indicariam a presença do lúpus.
Alguns dos deles:
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lesões importantes/úlceras na mucosa bucal e mucosite (inflamação na boca).
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mancha avermelhada no rosto (na altura do nariz) no formato da asa de borboleta (buttefly rash), reconhecida como um dos principais sintomas do lúpus.
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fotossensibilidade (problemas como queimaduras quando exposto à luz do sol).
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dor nas juntas, especialmente nos membros e de um só lado do corpo (passa de uma região para outra).
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lesão nos rins, o que pede acompanhamento especial, principalmente se existir também hipertensão arterial – geralmente, o quadro sinaliza um processo de inflamação dos glomérulos, minúsculas estruturas no rim que participam do processo de filtração do sangue e produção da urina (glomerulonefrite). Trata-se de um dos problemas mais graves, pois se não tratado adequadamente, pode evoluir para insuficiência renal.
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lesão cerebral, sendo a mais comum a tromboembolia (quando há presença de coágulo no cérebro). As lesões podem ocasionar situações neurológicas graves, como paralisia de um lado do corpo, parcial ou dos membros (superiores e inferiores). Esses quadros dificilmente acometem a pessoa no início da doença. E há um importante do quadro clínico se existir a associação de lesão cerebral com lesão renal.
Outros sintomas
– Febre
– Dificuldade para respirar
– Fadiga
– Rigidez muscular e inchaços
Sol X lúpus
Os raios ultravioleta prevalentes entre 10h e 15 horas é visto como o fator mais agressor às pessoas predispostas ao lúpus. Estudos relacionam o primeiro surto da doença logo depois da pessoa ter ficado algumas horas exposta à radiação solar. Foram muitos os casos de pacientes que haviam passado pela situação.
Os especialistas afirmam que entre 30% e 40% dos pacientes com lúpus são extremamente fotossensíveis aos raios ultravioleta, que desencadeiam um processo inflamatório por causa das reações imunológicas no organismo. Quando a exposição acontece, o comum são esses pacientes apresentarem lesões na pele, principalmente no rosto (no formato de asa de borboleta).
Essas reações podem ocorrer, na verdade, em todos os órgãos que costumam ser agredidos, como rins, cérebro e as articulações.
Tipos de Lúpus
Lúpus Discóide – São lesões avermelhadas com tamanhos, formatos e colorações específicas na pele, principalmente no rosto, nuca e coro cabeludo. Pode evoluir para o Lúpus sistêmico;
Lúpus Sistêmico – Pode ser leve ou grave e se manifesta no organismo da pessoa, comprometendo vários órgãos, sistemas e articulações;
Lúpus induzido por medicamentos – As substâncias de alguns medicamentos podem provocar inflamações que caracterizam o lúpus sistêmico. Mas os sintomas tendem a desaparecer quando a medicação terminar;
Lúpus neonatal – É o tipo mais raro da doença e pode afetar os filhos de mulheres portadoras da doença. O bebê nasce com erupções na pele, problemas no fígado ou baixa contagem de células sanguíneas, que desaparecem naturalmente durante o crescimento da criança.
Como diagnosticar o lúpus
O diagnóstico pode ser feito por hemograma completo (deve haver pesquisa do fator antilúpus), biópsia renal, radiografia de tórax, exame físico, de anticorpos e de urina. No caso do exame de sangue, método antígeno-anticorpo com corante fluorescente, sinaliza se a pessoa desenvolverá o lúpus chamado de benigno, cujas lesões ocorrem na pele e articulações, ou se o problema desencadeará lesões graves – rins e cérebro.
O tratamento do lúpus é paliativo, com o objetivo de controlar os sintomas, já que a doença não tem cura. Com o avanço farmacológico, os médicos dispõem hoje de alternativas terapêuticas bastante eficientes, com significativa redução dos efeitos colaterais quando comparadas aos medicamentos utilizados há algumas décadas.
A administração correta dos medicamentos, aliada a cuidados como uso diário de filtro solar (e várias vezes ao dia, mesmo se o dia não estiver ensolarado), evitar situações que possam causar infecções e cuidar do emocional, oferece condições para uma vida com qualidade.
Este conteúdo é meramente informativo e educativo, sendo destinado para o público em geral. Ele não substitui a consulta e o aconselhamento com o médico e não deve ser utilizado para autodiagnóstico ou automedicação. Se você tiver algum problema de saúde ou dúvidas a respeito, consulte um médico. Somente ele está habilitado fazer o diagnóstico, a prescrever o tratamento mais adequado para cada caso e acompanhar a evolução do quadro de saúde do paciente.