Gripes, resfriados, bronquites e outros problemas respiratórios aumentam no outono e também no inverno por diversos fatores. Para falar sobre isso e explicar o que pode ser feito para preveni-los, bem como o risco que a Covid-19 representa para esses pacientes, o Grupo Leforte convidou a Dra. Nathalia Campos, que é médica otorrinolaringologista cirurgiã e atua ativamente nos hospitais do Grupo.
PROBLEMAS RESPIRATÓRIOS – Qual o percentual de aumento de problemas respiratórios no outono e inverno em relação às outras estações do ano?
DRA. NATHALIA CAMPOS – nesse período, há um aumento de 30% a 40% tanto nas doenças infecciosas quanto nas crises alérgicas, piorando doenças como asma e bronquite.
PROBLEMAS RESPIRATÓRIOS – O aumento dos problemas respiratórios no outono e inverno se deve a quais fatores e por quê?
DRA. NATHALIA CAMPOS – existem alguns fatores que implicam nesse aumento. No outono, assim como no inverno, temos a diminuição da temperatura, principalmente à noite, e a diminuição da umidade, o que faz a poluição piorar devido à menor dispersão das partículas de gases poluentes. O que também provoca o aumento de gotículas que ficam suspensas no ar com vírus e bactérias, bem como o aumento do número de alérgenos.
Além disso, a redução da temperatura e da umidade dificulta o trabalho das vias respiratórias, pois diminui o movimento dos cílios que as recobrem desde as narinas até o pulmão. Com isso, o trabalho de limpeza que os cílios fazem nas vias respiratórias piora, o que também contribui para o aumento de infecções.
Outro fator relacionado ao clima é que quando esfria as pessoas se aglomeram mais e ficam mais tempo reclusas, no quentinho. Com o aumento da aglomeração, aumenta a transmissão. Então, temos mais alérgenos, mais poluição, mais vírus e bactérias, mais oportunidades de transmissão desses agentes infecciosos e a piora no trabalho dos cílios das vias aéreas. Tudo isso contribui para o aumento dos casos.
PROBLEMAS RESPIRATÓRIOS – Quais são os problemas respiratórios mais frequentes no outono e no inverno?
DRA. NATHALIA CAMPOS – são os resfriados, as gripes, a asma, a bronquite, a sinusite e a pneumonia.
PROBLEMAS RESPIRATÓRIOS – Qual a diferença entre gripe e resfriado?
DRA. NATHALIA CAMPOS – a gripe e o resfriado têm sintomas parecidos, então essa diferenciação é mais difícil mesmo. Mas o resfriado costuma ser uma doença mais branda, mais curta, com menos sintomas. É aquele nariz entupido, coriza, mal estar mais leve. Já a gripe é uma doença um pouco pior. Geralmente, ela vem com febre, dura mais, causa uma prostração maior, pode se complicar com uma pneumonia ou sinusite, além de ter um início repentino.
As doenças também possuem agentes causais diferentes. O resfriado geralmente é causado pelo adenovírus, pela parainfluenza ou pelo rinovírus e a gripe é causada pela influenza.
PROBLEMAS RESPIRATÓRIOS – Sinais e sintomas de problemas respiratórios podem ser confundidos com os da Covid-19. É possível diferenciá-los?
DRA. NATHALIA CAMPOS – a Covid-19 é uma doença muito versátil em relação aos sintomas, então ela pode se comportar como um resfriado, como uma gripe ou como uma doença mais grave, como a insuficiência respiratória. Como são sintomas semelhantes, precisamos fazer a diferenciação por exames de diagnóstico. Se tem sintomas respiratórios por dois ou três dias, a gente precisa excluir Covid, sim, com exame de PCR ou de antígeno.
PROBLEMAS RESPIRATÓRIOS – Ter problemas respiratórios torna a pessoa mais suscetível à infecção pelo novo Coronavírus e/ou aumenta as chances de a pessoa desenvolver reações mais graves?
DRA. NATHALIA CAMPOS – sim, podemos pensar, por exemplo, na pessoa que tem rinite. Ela leva a mão com mais frequência ao nariz para coçar, assoar etc. Então, nesse número maior de vezes que leva a mão à via aérea, a pessoa pode levar o coronavírus e se infectar com mais facilidade. Em relação à gravidade, quem tem uma doença pulmonar obstrutiva crônica, uma asma, tem uma chance maior de evoluir para uma complicação pulmonar séria.
PROBLEMAS RESPIRATÓRIOS – O que pode ser feito para prevenir problemas respiratórios de uma forma geral?
DRA. NATHALIA CAMPOS – temos uma série de recomendações. A primeira delas é a vacina. A gripe é uma doença que tem vacina anual pelo SUS, inclusive. Então, precisamos incentivar essa vacinação em massa por parte da população. Quem já integra grupos contemplados pela vacina contra o novo coronavírus precisa se vacinar também. Além da vacinação, o cuidado para todos é a etiqueta respiratória, que é espirrar e tossir sempre nos ombros e nunca nas mãos, não se aglomerar e não compartilhar objetos de uso pessoal, como garfo e faca.
Também são necessárias visitas periódicas ao médico, bem como cuidar e controlar doenças pré-existentes para evitar que outras doenças possam atingir as vias respiratórias. Em relação à umidade, que diminui bastante no outono, podemos evitar atividades físicas no período mais seco do dia, entre as 10h e 16h, usar umidificador, lavar bastante o nariz com soro fisiológico, tomar mais de dois litros de água por dia e cultivar hábitos saudáveis de alimentação e exercícios físicos.
Em relação às alergias, principalmente ao pó e ao ácaro, podemos mudar um pouquinho os hábitos de higiene para ajudar no controle. Principalmente no quarto, onde o alérgico fica boa parte do tempo, é importante passar pano úmido para limpar em vez de varrer, além de usar o aspirador com um filtro chamado hepa (do inglês Hight Efficiency Particulate Air), que é mais potente. Também se deve evitar cortinas, tapetes e bichos de pelúcia. É indicado usar umidificador e, nos casos de alergias mais graves, envelopar o colchão e o travesseiro com capas plásticas para isolar os ácaros dentro delas, além de trocar a roupa de cama ao menos duas vezes na semana.
A Dra. Nathalia Campos é formada pela Universidade Federal de Pernambuco e fez residência em otorrinolaringologia pelo Hospital das Clínicas da USP. Também possui o título de especialista pela Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL). A principal área de atuação na sua clínica é a rinologia, que cuida das doenças nasais e dos seios da face. Realiza cirurgias no Hospital Leforte Liberdade. Informações: (11) 3345-2288.
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Este conteúdo é meramente informativo e educativo, sendo destinado para o público em geral. Ele não substitui a consulta e o aconselhamento com o médico e não deve ser utilizado para autodiagnóstico ou automedicação. Se você tiver algum problema de saúde ou dúvidas a respeito, consulte um médico. Somente ele está habilitado fazer o diagnóstico, a prescrever o tratamento mais adequado para cada caso e acompanhar a evolução do quadro de saúde do paciente.