De acordo com a Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), cerca de 10 milhões de brasileiros sofrem com algum problema renal. Estudos ainda mostram que a previsão é que haja um aumento de 17% para os próximos anos. Continue a leitura, tire suas dúvidas sobre doenças renais e descubra como saber se o seu rim não está bem.
Qual a função dos rins?
Os rins são dois órgãos de aproximadamente dez centímetros e em formato de grão de feijão, que estão localizados na região lombar, na parte posterior do abdômen, em ambos os lados da coluna vertebral. Eles possuem diversas funções essenciais para o funcionamento do corpo humano, sendo a principal delas remover toxinas e o excesso de água do organismo. Além disso, é função do rim:
- Filtrar o sangue;
- Produzir hormônios, como a vitamina D;
- Controlar o equilíbrio de eletrólitos, como sódio, potássio, cálcio e fósforo;
- Controlar o equilíbrio ácido-básico do corpo;
- Controlar a pressão arterial;
- Estimular a produção de glóbulos vermelhos.
Quais são os fatores de risco para doenças renais?
- Doenças crônicas – hipertensão arterial, diabetes e obesidade;
- Histórico familiar de doenças crônicas renais – pessoas com parentes de primeiro grau que tiveram problemas nos rins possuem mais chances de desenvolverem a doença também;
- Idosos – o risco de desenvolver doenças crônicas renais aumenta conforme a idade;
- Tabagismo;
- Consumo excessivo de álcool;
- Histórico de doenças cardiovasculares – tais como acidente vascular cerebral (AVC), insuficiência cardíaca, doença coronariana, entre outras;
- Uso de determinados medicamentos – alguns são potencialmente tóxicos para os rins, principalmente para pessoas que já possuem algum problema renal. Por isso, é muito importante evitar a automedicação.
Quais são os principais problemas renais?
As doenças renais podem ser diversas, além de geralmente estarem associadas a outros problemas de saúde.
Cálculos renais – popularmente conhecidas como pedras nos rins, elas se formam principalmente por alterações no metabolismo. Quando há formação de cálculos, eles podem se movimentar até à bexiga e pelo canal da uretra, sendo um processo bastante doloroso e que pode causar infecção urinária e até nos próprios rins.
Nefrite aguda e crônica – essa doença no rim é causada pela inflamação dos glomérulos, que são elementos que realizam a filtragem do sangue. A nefrite aguda pode ser causada por bactérias e, em alguns casos, é facilmente tratada. Já a nefrite crônica pode gerar um quadro grave e intenso, oferecendo risco ao paciente de desenvolvimento de doença renal crônica terminal, fase que o paciente necessita de diálise para sobreviver.
Pielonefrite – também conhecida como infecção renal, a pielonefrite é resultado de uma infecção bacteriana na bexiga ou na uretra (ITU ou Infecção de Trato Urinário) que ascende para os rins, causando febre e dores intensas. É necessário atendimento médico imediato para evitar complicações graves.
Doença renal crônica (DRC) – é a perda progressiva e irreversível da função dos rins. Geralmente ocorre em função de doenças como o diabetes e a hipertensão arterial. O paciente com DRC demora a manifestar sintomas, mas quando acontecem, podem ocasionar pés e tornozelos inchados, fadiga e vontade frequente de urinar. Nos casos que a doença renal crônica evolui para a fase terminal, é necessário o tratamento dialítico para a filtração do sangue ou até mesmo o transplante renal.
Além das doenças mais comuns nos rins, também é possível o desenvolvimento de cistos renais, que são como bolhas cheias de líquido que se formam no rim e que precisam ser acompanhados regularmente. Esses cistos, em raras ocasiões, podem se tornar tumores, identificados como lesões sólidas, muitas vezes malignas. Entretanto, possuem altas chances de cura se diagnosticados e tratados nas fases iniciais.
Quais são os principais sintomas de problemas nos rins?
São muitas as causas e fatores que levam a problemas renais e o desenvolvimento de uma doença renal crônica pode acontecer de forma lenta e assintomática. Isso traz um grande problema: muitas vezes, o diagnóstico é feito apenas quando surgem sintomas, o que significa que o quadro já é bastante avançado.
Casos avançados costumam ser graves e podem necessitar de medidas mais invasivas de tratamento, como diálise e transplante renal. Por isso, é essencial que se esteja alerta mesmo a sinais e sintomas mais sutis de que algo está errado, tais como:
- Sangue na urina;
- Urina espumosa;
- Inchaços – principalmente nos pés e tornozelos, podendo evoluir para as coxas;
- Desenvolvimento súbito de hipertensão;
- Anemia;
- Cansaço e apatia;
- Perda do apetite, náusea e vômitos;
- Excesso ou ausência de urina;
- Palidez não explicada por outras causas;
- Cólica renal;
- Infecção urinária frequente.
Mesmo sendo sintomas que podem estar associados a outras doenças, ao perceber um ou mais deles, é indicado recorrer a um médico para investigação.
O que é a falência renal e quais os possíveis tratamentos nestes casos?
A falência renal é a insuficiência no funcionamento dos rins, quadro este em que o órgão perde a capacidade de realizar suas funções básicas, podendo ser aguda ou crônica.
Doença renal crônica (DRC) – a perda de função do rim acontece de forma progressiva e irreversível, podendo ser caracterizada como terminal se comprometer mais do que 85% da filtração glomerular, que é a medida da função renal. Isso faz com que haja um aumento de toxinas e água no organismo, sendo necessário o início de tratamentos que substituam as funções essenciais dos rins.
Injúria renal aguda (IRA) – a perda de função é súbita e, com isso, há perda aguda na capacidade de eliminação do excesso de líquidos e toxinas produzidas pelo organismo. Esse quadro pode se desenvolver em algumas horas ou alguns dias e, geralmente, é observado em pacientes que já estão no hospital devido a alguma outra condição.
A injúria renal aguda (IRA) é mais comum em pacientes gravemente doentes e requer tratamento intensivo, mas, ao contrário da crônica, a condição pode ser reversível, dependendo do estado de saúde da pessoa.
Os sintomas da falência ou injúria renal aguda podem incluir a diminuição da urina, sonolência, falta de ar, confusão, dor ou pressão no peito, convulsões e coma, quando em estágios avançados. Muitas vezes, essa condição é apenas identificada devido a exames de laboratório realizados por outras razões.
Os principais tratamentos nestes casos são:
Medidas de suporte – a principal medida é o tratamento da doença que causou a IRA, como corrigir a desidratação, tratar quadros de infecções sistêmicas, parar sangramentos, retirar drogas tóxicas para os rins, entre outras.
Diálise – nos pacientes graves que necessitam de diálise, o principal método dialítico utilizado é a hemodiálise. O processo de hemodiálise é basicamente o desvio do sangue para fora do corpo, passando por uma máquina que faz a filtragem dos resíduos, para depois devolvê-lo limpo para o corpo. Esse procedimento demora aproximadamente três ou quatro horas. Nos pacientes com doença renal crônica (DRC) terminal, pode ser feito em clínicas especializadas, já nos casos de injúria renal aguda (IRA) ocorre no hospital.
Como identificar se tenho um problema renal?
Ao perceber os sintomas e sinais das doenças renais, é recomendado procurar um médico, de preferência um especialista em rins – um nefrologista. Para o diagnóstico dos problemas renais podem ser solicitados os seguintes exames:
Exame de urina – serve para medir a taxa de filtração glomerular e a perda de proteína;
Exames de sangue – para medir a creatinina, um dos indicativos que avalia a função dos rins;
Exames de imagem – tais como ultrassonografia do aparelho urinário, para verificar as estruturas internas dos órgãos;
Biópsia dos rins – uma pequena amostra de tecido renal é retirada para ser analisada em laboratório.
É possível prevenir os problemas renais?
Sim, é possível ter alguns cuidados no dia a dia para a prevenção de problemas no rim, como:
- Manter uma vida ativa e uma dieta balanceada;
- Controlar a pressão arterial;
- Controlar a glicose no sangue (glicemia) nos pacientes diabéticos;
- Reduzir o consumo de sal;
- Evitar o tabagismo e excesso de álcool;
- Controlar a obesidade;
- Não utilizar remédios sem prescrição médica;
- Fazer um acompanhamento médico regular.
*Conteúdo produzido com apoio da médica nefrologista Dra. Waldere Luconi, que atende na Clínica e Diagnósticos Leforte Liberdade, às quartas-feiras, período da tarde.
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Referências
- https://bvsms.saude.gov.br/vivendo-bem-com-doencas-renais-11-3-dia-mundial-do-rim/ (acessado em 27/03/2022)
- https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/d/doencas-renais-cronicas-drc (acessado em 27/03/2022)
- https://www.sbn.org.br/orientacoes-e-tratamentos/doencas-comuns/insuficiencia-renal/ (acessado em 27/03/2022)
- https://bvsms.saude.gov.br/insuficiencia-renal-cronica/#:~:text=Insufici%C3%AAncia%20renal%20%C3%A9%20a%20condi%C3%A7%C3%A3o,%C3%A9%20lenta%2C%20progressiva%20e%20irrevers%C3%ADvel. (acessado em 27/03/2022)
- http://saude.sp.gov.br/ses/perfil/cidadao/orientacoes-gerais-sobre-saude/como-cuidar-dos-seus-rins-e-prevenir-a-doenca-renal (acessado em 27/03/2022)
Este conteúdo é meramente informativo e educativo, sendo destinado para o público em geral. Ele não substitui a consulta e o aconselhamento com o médico e não deve ser utilizado para autodiagnóstico ou automedicação. Se você tiver algum problema de saúde ou dúvidas a respeito, consulte um médico. Somente ele está habilitado fazer o diagnóstico, a prescrever o tratamento mais adequado para cada caso e acompanhar a evolução do quadro de saúde do paciente.