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Cardiologia

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Quais são as doenças cardiovasculares silenciosas?

Saiba, no site do Leforte, quais as doenças cardiovasculares silenciosas mais comuns na população, os fatores de risco e como evitá-los.
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Equipe Leforte - Equipe Leforte Atualizado em 14/05/2022

No Brasil, em torno de 340 mil pessoas morrem anualmente por problemas cardiovasculares, segundo dados do Data SUS, e em torno de 50% dos brasileiros com mais e 50 anos de idade têm hipertensão. Para falar sobre doenças cardiovasculares, principalmente sobre as que se desenvolvem silenciosamente, sem provocar sinais e sintomas na maioria das vezes, o Leforte convidou o Dr. Heron Rached, que é médico cardiologista.

DOENÇAS CARDIOVASCULARES – o que são e quais fazem parte desse grupo?

DR. HERON RACHED – as doenças cardiovasculares são as que afetam o coração e os vasos sanguíneos. As que compõem esse grupo são as seguintes:

  • Doenças coronárias – que acometem os vasos que irrigam o músculo do coração;
  • Doenças cerebrovasculares – que comprometem os vasos que irrigam o cérebro;
  • Doença arterial periférica – que afetam os vasos que irrigam os membros superiores e os inferiores;
  • Doença cardíaca reumática – na qual há o comprometimento do coração, principalmente das válvulas cardíacas devido à febre reumática, o que é mais frequente na população de menor renda;
  • Trombose venosa profunda e embolia pulmonar – são doenças que acometem a parte venosa. Elas formam um coágulo que, quando se soltam, migram para o lado direito do coração promovendo o tromboembolismo pulmonar.

DOENÇAS CARDIOVASCULARES – quais são as mais frequentes?

DR. HERON RACHED – a doença mais frequente é a hipertensão que, quando não é controlada e está associada com outros fatores de risco, pode levar ao acidente vascular cerebral (AVC) e ao infarto agudo do miocárdio. Em nosso País, os dados do Data SUS mostram que em torno de 340 mil pessoas morrem anualmente por problemas cardiovasculares, principalmente por infarto e AVC.

A incidência da hipertensão arterial cresce na medida que aumenta a idade. Em torno de 50% dos brasileiros após 50 anos de idade são portadores de hipertensão arterial. Mas, infelizmente, uma pequena parte da população sabe que tem a doença e, por isso, não procura um médico para tratamento. Então, essa doença vai se desenvolvendo ao longo dos anos e arquitetando o que mais à frente poderá promover um AVC ou em um infarto.

DOENÇAS CARDIOVASCULARES – quais são os sinais e sintomas que podem indicar esses problemas mais frequentes?

DR. HERON RACHED – eles podem variar, a depender do infarto ou AVC:

Sinais e sintomas do infarto do miocárdio – o sintoma mais frequente é a dor no peito, que é chamada de angina. Ela pode se irradiar para o membro superior esquerdo, para a mandíbula ou para o dorso. Em alguns pacientes, o infarto é manifestado apenas com a sensação de náuseas e vômitos. Em outros pacientes, principalmente aqueles diabéticos, o infarto pode ocorrer sem qualquer sintoma. O nosso cuidado com esse paciente de risco é fazer com que ele realize checkups anualmente para evitar o evento de infarto, avaliando o risco por meio de exames complementares.

Sinais e sintomas do acidente vascular cerebral – o paciente pode apresentar formigamento e/ou perda de força em um dos membros superiores ou inferiores, geralmente em um dos lados – direito ou esquerdo. É comum que essas manifestações sejam acompanhadas de desvio da rima labial para um dos lados. O AVC também pode se manifestar com desmaios e até mesmo súbita.

DOENÇAS CARDIOVASCULARES – quais são os fatores de risco?

DR. HERON RACHED – Nós dividimos os fatores de risco nos que chamamos de modificáveis e de não modificáveis.

Os fatores de risco não modificáveis são:

  • Genética – pacientes com histórico de doença cardiovascular tem maior possibilidade de desenvolver esse tipo de doença;
  • Sexo – doença cardiovascular é mais frequente em indivíduos do sexo masculino do que no feminino;
  • Etnia – pessoas negras têm maior propensão de desenvolver hipertensão arterial de difícil controle, então, desenvolve mais doença cardiovascular;
  • Idade – depois dos 60 anos a incidência de doenças cardiovasculares passa a ser maior.

Quando falamos de fatores de risco modificáveis, vamos ter:

  • Estresse;
  • Tabagismo;
  • Sedentarismo;
  • Obesidade;
  • Colesterol alto;
  • Diabetes;
  • Hipertensão.

Esses fatores de risco modificáveis precisam ser gerenciados para que o indivíduo não progrida com o desenvolvimento da doença cardiovascular.

DOENÇAS CARDIOVASCULARES – quais podem não provocar sinais ou sintomas inicialmente e quais dessas são mais frequentes?

DR. HERON RACHED – a mais frequente é a hipertensão. Há pessoas que chegam a apresentar níveis de pressão extremamente elevados sem sentirem nada, assim como também há indivíduos que, frente a menor alteração da pressão arterial, apresentam principalmente dor de cabeça, tonturas e ânsia de vômito. Alguns pacientes relatam também aquela sensação de dor no peito semelhante à angina, mesmo que não possuam doença coronária.

Outra doença silenciosa é a doença aterosclerótica, caracterizada por placas de gordura calcificadas e não calcificadas impregnadas nas paredes dos vasos sanguíneos. Elas podem acompanhar o indivíduo por toda a vida e não provocar nenhum sintoma. Mas, em um determinado dia, uma dessas placas pode se romper e causar um AVC (caso esteja localizada em uma região cerebrovascular) ou um infarto (caso esteja nas artérias coronárias).

DOENÇAS CARDIOVASCULARES – é possível fazer algo que diminua o risco de ter esses problemas de saúde ou de evitá-los?

DR. HERON RACHED – se você tem histórico de doença cardiovascular, precisa começar a fazer checkup o quanto antes. A partir dos 18 anos de idade, já pode fazer uma bateria de alguns exames cardiovasculares para o acompanhamento de doença. Entretanto, quem tem evidência de infarto precoce na família – por exemplo, um tio, irmão ou pai que infartou com baixa idade, em torno de 30 a 35 anos -, seria indicado começar a verificar o perfil de colesterol, de triglicérides e de diabetes a partir dos oito ou 10 anos de idade.

Independentemente de você possuir fatores de risco não modificáveis ou modificáveis, ter uma dieta saudável, uma boa noite de sono e fazer atividade física com frequência, isso muda totalmente a história da sua vida.

DOENÇAS CARDIOVASCULARES – qual a importância da detecção precoce?

DR. HERON RACHED – quanto mais precocemente eu puder detectar a doença e tratá-la, mais eu vou ter o controle evolutivo dessa doença. Então, tratar precocemente é a chave do sucesso para a redução das doenças cardiovasculares no Brasil e em qualquer lugar do mundo.

DOENÇAS CARDIOVASCULARES – existem exames que devem ser feitos de forma periódica e que podem indicar a existência delas?

DR. HERON RACHED – o mais importante é ter a história do paciente. De acordo com ela, é possível selecionar os exames mais adequados para poder acompanhar o paciente. Muitos pacientes fazem pacotes de checkups e acreditam que estão em dia com a saúde. Mas, como fez um pacote, algum exame pode faltar e dar a esse paciente a falsa impressão de que ele está saudável sem que esteja de fato. O checkup não é uma receita de bolo, ele precisa ser personalizado para a história que cada um carrega.

Então, o segredo é o médico fazer uma boa anamnese, fazer uma boa história clínica, um bom exame físico e, daí, selecionar qual exame complementar deve ser feito – entendendo que esse exame complementar é para algo que ele suspeita, não se pode fazer isso para todo mundo. Então, o médico elege o exame complementar mais adequado para o paciente que examinou.

O Dr. Heron Rached formou-se em 1990 pela Universidade Federal da Paraíba, fez residência médica em cardiologia clínica pela Real e Benemérita Sociedade Portuguesa de Beneficência e doutorado em ciências médicas pela Universidade de São Paulo. Possui especialização em ecocardiografia pela USP e em ressonância magnética cardiovascular pela HCFMUSP. É membro titular da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) – onde atua como professor convidado na área de cardiotoxicidade – e do Colégio Brasileiro de Radiologia (CBR). É especialista em cardiologia pela SBC e radiologia pelo CBR. É autor de três livros, todos focados na parte de cardiotoxicidade – que são os efeitos deletérios no sistema cardiovascular que medicamentos do câncer podem ocasionar e a importância da detecção precoce deles. Além disso, é chefe do setor de cardiologia das unidades Leforte Liberdade e Morumbi.

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Este conteúdo é meramente informativo e educativo, sendo destinado para o público em geral. Ele não substitui a consulta e o aconselhamento com o médico e não deve ser utilizado para autodiagnóstico ou automedicação. Se você tiver algum problema de saúde ou dúvidas a respeito, consulte um médico. Somente ele está habilitado fazer o diagnóstico, a prescrever o tratamento mais adequado para cada caso e acompanhar a evolução do quadro de saúde do paciente.

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