Saber diferenciar a dor de barriga comum, causada por acúmulo de gases ou má digestão, das dores abdominais que indicam algum tipo de urgência, em que muitas vezes é necessária cirurgia, é importante para evitar complicações. Para falar sobre os sinais de alerta nas emergências abdominais e os problemas de saúde mais frequentes, o Grupo Leforte entrevistou o Dr. Giuliano Noccioli Mendes, gastroenterologista e cirurgião robótico do aparelho digestivo.
Existem sinais e sintomas característicos de uma possível situação de urgência abdominal?
DR. GIULIANO MENDES – Sim. Normalmente uma situação de urgência abdominal é acompanhada de dores abdominais que não melhoram com analgésicos comuns e persistem por períodos mais longos. Essas dores surgem com alguns outros sintomas sistêmicos, como febre, calafrios, falta de apetite, queda do estado geral do paciente. Isso normalmente significa que é algum problema mais sério e mais relevante.
Quais as diferenças que o paciente pode notar entre uma dor de barriga comum e uma dor de barriga que pode indicar uma possível situação de emergência?
DR. GIULIANO MENDES – Além dos sintomas associados, as dores abdominais de uma possível urgência é um tipo em que a apalpação não é suportável quando encostamos na barriga. O paciente não deixa nem encostar.
Como é feito o diagnóstico do paciente na chegada ao hospital com esse tipo de dor abdominal, que pode indicar uma urgência?
DR. GIULIANO MENDES – Primeiro a anamnese, o histórico do paciente e da doença. Nós vamos verificar há quanto tempo a dor está presente, qual o tipo de dor, se ela irradia para outras partes do corpo, se o paciente perdeu fome, se tem outros sintomas associados.
O segundo passo é o exame físico. Há pacientes que não deixam encostar na barriga, ou que tem um ponto específico que ao apertar e soltar a mão – o que a gente chama de descompressão brusca – tem dores fortes. Essas duas situações indicam uma possível em urgência abdominal.
Depois, fazemos os exames de laboratório e imagem, que vão mostrar uma série de doenças que podem ocorrer. Os exames laboratoriais podem indicar infecções até problemas no fígado, no pâncreas. Já os de imagem podem indicar um problema na vesícula, que é a colecistite aguda, um problema no apêndice, que é a apendicite aguda, um problema no intestino, que é uma diverticulite aguda, um problema no pâncreas, que é uma pancreatite aguda, entre outros. Há uma série de urgências abdominais que podem ser identificadas, mas essas são as mais comuns.
Caso não tratadas, ou postergadas, quais complicações essas urgências na região do abdômen podem causar?
DR. GIULIANO MENDES – Depende de diversas situações. No caso de uma apendicite aguda, por exemplo, que é a inflamação do apêndice, é necessário fazer a cirurgia, não dá para postergar na maioria das vezes. Uma colecistite aguda, que é a inflamação da vesícula, também é caso cirúrgico pois precisamos tirar a vesícula e os cálculos.
Algumas outras patologias, como a diverculite aguda, quando ela é leve e sem complicação, podemos tratar apenas com antibioticoterapia. No caso da pancreatite aguda, às vezes administramos com jejum e analgesia. Temos que diagnosticar a patologia para tratar da maneira mais correta.
Há algum grupo de risco em específico que deve ficar mais atento aos sinais e sintomas abdominais, ou que são mais propensos a desenvolver enfermidades que levam a emergências?
DR. GIULIANO MENDES – O paciente que é diabético e idoso às vezes é mais difícil de diagnosticar. Demoramos mais para fazer o diagnóstico porque, na maioria das vezes, eles sentem menos dor e os sinais e sintomas de alguma patologia abdominal podem não ser tão evidentes.
Gostaria de ressaltar que todo paciente com dores abdominais que não são aliviadas com os analgésicos comuns, que precisa voltar uma segunda vez ao pronto-socorro, tem que ser bem investigado. Uma boa história clínica do paciente e um bom exame físico são os principais fatores para não errar no diagnóstico de uma emergência abdominal.
Dr. Giuliano Noccioli Mendes é cirurgião geral, cirurgião do aparelho digestivo/oncológico (especialista em cirurgia robótica e laparoscópica) e atende nas unidades Oncologia Leforte Higienópolis, todas as segundas e quartas-feiras; Oncologia Leforte Alphaville, às sextas-feiras; Clínica e Diagnósticos Leforte Alphaville, às quintas-feiras; e na Clínica e Diagnósticos Leforte Liberdade às quartas-feiras.
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