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Cardiologia

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Riscos de abandonar tratamento cardiológico durante a pandemia de Coronavírus

Saiba qual a preocupação dos médicos sobre os riscos de suspender o acompanhamento médico e adiar cirurgias para tratamento cardiológico.
EL
Equipe Leforte - Equipe Leforte Atualizado em 25/05/2020

Pacientes em isolamento social por conta da pandemia têm preocupado médicos com alguns comportamentos: o abandono do tratamento de doenças crônicas, e a negligência de sinais e sintomas que podem indicar complicações graves. Conversamos com o coordenador do Centro de Cardiologia do Grupo Leforte, Dr. Heron Rached, sobre os principais riscos de abandonar tratamento cardiológico e adiar cirurgias cardiovasculares durante a crise do Coronavírus.

Motivos para manter o tratamento cardiológico: o que o paciente deve considerar

Alguns sinais e sintomas podem significar que há algo de errado com o funcionamento do coração e são comuns a doenças, como arritmia, doenças valvares, insuficiência cardíaca em estágio inicial, hipertensão ou hipotensão arterial, obstrução das artérias e até infarto. Além da popular dor no peito, esteja atento aos seguintes sinais e, caso perceba algum deles, não espere para procurar ajuda médica:

  • Sensação de falta de ar
  • Fadiga ou esgotamento;
  • Náuseas e vômitos;
  • Desmaios;
  • Dor no maxilar e/ou pescoço;
  • Inchaço de pés e pernas;
  • Sangramento, inchaço e feridas nas gengivas;
  • Suor frio ou intenso.

Para o Dr. Rached, o maior perigo é o abandono do tratamento de doenças ou acompanhamento médico na “espera” dos sintomas graves. Ele explica que esse comportamento é uma armadilha, pois com o isolamento, as atividades diminuem e a demanda do coração também, passando a falsa sensação de que está tudo bem. “Como tem muitas pessoas em isolamento social em casa, em alguns casos ganhando peso, sem praticar atividades físicas, estressadas com o isolamento, isso funciona como uma bomba relógio. Então mesmo o paciente que não tenha sintomas, mas que é consciente que tem doenças crônicas, ele precisa retornar aos consultórios para fazer o acompanhamento”, reforça.

Estima-se que as doenças cardiovasculares matam, normalmente, 300 mil brasileiros por ano. A preocupação é que esse número cresça ainda mais por conta da desistência no acompanhamento de doenças crônicas durante o período da pandemia.

O cardiologista alerta ainda para os riscos da infecção da Covid-19 em pacientes que não estão com o seu estado de saúde sob controle. “A Covid-19 determina um estado inflamatório sistêmico no organismo do paciente, então pode chegar uma hora que essa doença crônica evolua em uma velocidade muito maior do que vinha evoluindo antes”, explica.

Para ter a doença cardiovascular sob controle e evitar complicações, além de manter o acompanhamento com o médico é preciso que o paciente não pare de tomar os medicamentos de uso contínuo. Infelizmente, a adesão aos remédios é um dos desafios enfrentados pelos médicos. O Dr. Rached exemplifica: “nós temos metade da população do Brasil com mais de 40 anos portadora de hipertensão arterial. Digamos que esse grupo de pacientes foi diagnosticado com hipertensão e adequadamente tratado. Ao final de seis meses, apenas 20% dessa população continua em tratamento”. Ele reforça a importância das consultas periódicas para a conscientização do paciente.

Cirurgias para tratamento cardiológico podem oferecer risco se adiadas

Algumas cirurgias cardiovasculares, mesmo que consideradas eletivas, oferecem risco ao paciente caso sejam adiadas. Um dos casos mais comuns, comentado pelo Dr. Heron Rached, é a ponte de safena, realizada para tratar doença coronária. Nesse procedimento, os pacientes que tem artérias entupidas e precisam fazer o tratamento, caso aguardem por muito tempo, correm sério risco de sofrer infarto.

Outro exemplo de caso cirúrgico são pacientes portadores de doenças valvares, que precisam trocar uma das válvulas ou recuperar a função de uma delas. Caso não façam a cirurgia a tempo, pode até ocorrer morte súbita por fechamento da válvula.

Sobre a segurança de recém-operados, o médico ressalta a importância da criação de fluxos de internação e equipes de profissionais de saúde divididos entre pacientes infectados com Covid-19 e os demais. “Nós não temos uma data exata para a pandemia encerrar, então o fluxo especial é essencial para o tratamento desses outros pacientes [crônicos e cirúrgicos] para jamais postergar aquilo que a gente tem certeza que pode complicar”, conclui.

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