Bruxismo infantil pode ter causa emocional e envolve tratamento multidisciplinar

O bruxismo infantil envolve o ato da criança ranger e apertar os dentes, além de outros movimentos parafuncionais da boca e mandíbula, como ficar “abraçando” os dentes com a língua, mordiscar as bochechas ou lábios ou projetar a mandíbula. Se não tratado adequadamente, pode causar problemas como desgastes ou fraturas nos dentes, dificuldades de mastigação e alterações na formação das estruturas da boca e mandíbula. O Grupo Leforte entrevistou o Dr. Marco Aurélio Verlangieri Alves, especialista em bucomaxilo e chefe de equipe do Hospital Leforte Morumbi, para falar sobre o tema.

BRUXISMO INFANTIL – O que pode causar o bruxismo em crianças? Existe algum fator de risco que favorece o desenvolvimento do hábito de ranger os dentes?

Dr. Marco Verlangieri – As causas do bruxismo são de origem em sistema nervoso central. Sendo assim, é errado associar o bruxismo com a troca dos
dentes-de-leite ou com a disfunção da ATM (articulação temporomandibular), por exemplo. O bruxismo pode ser sinal de que algo não está bem e precisa ser investigado na criança.

Como fatores de risco, podemos citar: distúrbios do sono, problemas respiratórios (como as obstruções das vias aéreas), refluxo gástrico, condições neurológicas que causam distúrbios de movimento – distonias oromandibulares, paralisia cerebral, epilepsia, doenças neuromusculares e as neurodegenerativas, por exemplo – alguns
medicamentos, estresse, ansiedade, transtorno de déficit de atenção (TDAH), entre outros. Estudos sugerem que, se um dos pais apresenta bruxismo, as chances de a criança também manifestá-lo são maiores.

BRUXISMO INFANTIL – Quais as diferenças do bruxismo diurno e noturno em termos de consequências para a criança? Algum dos tipos costuma ser mais grave?

Dr. Marco Verlangieri – O bruxismo de vigília (diurno) acontece quando a pessoa está desperto e é mais associado à ansiedade, estresse, alguns medicamentos ou condições de saúde. O bruxismo do sono (noturno) é um distúrbio associado ao movimento do sono e é associado à baixa qualidade do mesmo. Pode estar relacionado ao uso de medicamentos, obstruções de vias aéreas, refluxo gástrico ou condições de saúde.

O bruxismo também pode ser transitório durante o uso de algumas medicações, como grupos de antidepressivos, antipsicóticos, quimioterápicos e certas condições de saúde, como nos episódios de febre em infecções agudas ou em crises convulsivas. Da mesma forma, esse tipo de bruxismo também deve ser monitorado e discutido com os demais profissionais que acompanham a criança.

BRUXISMO INFANTIL – Quais sinais a criança pode manifestar ao desenvolver o bruxismo? De que forma é feito o diagnóstico?

Dr. Marco Verlangieri – As crianças podem se queixar de cefaleia, dor na face e músculos mastigatórios e apresentar disfunção temporomandibular. Os pais ou pessoas próximas podem perceber o som do ranger de dentes, presença de marcas de dentes na região interna da bochecha ou nas bordas da língua, apertamento dos dentes, desgaste das superfícies dentárias, movimentos parafuncionais de lábios/língua/bochechas e mandíbula, entre outros.

O diagnóstico diferencial é realizado em consulta presencial a partir de uma anamnese bem detalhada com história e exame clínico da criança. Consideramos também as situações clínicas que se associam com o tipo de bruxismo apresentado. Os pais ou cuidadores, geralmente, relatam ter notado a presença de “bruxismo” pelo som do ranger de dentes.

BRUXISMO INFANTIL – Quais os tratamentos indicados para tratar o bruxismo? Existem casos em que a criança precisa do acompanhamento de mais de um tipo de especialista?

Dr. Marco Verlangieri – O tratamento para controle do bruxismo é individual e varia de acordo com a causa e o diagnóstico. Para os casos de bruxismo de vigília, no geral, é o aconselhamento e terapia cognitivo-comportamental para evitar os fatores desencadeantes, como hábitos de apertar os dentes, mascar chicletes, controle de ansiedade e estresse.

No bruxismo do sono podemos aplicar a terapia cognitivo-comportamental, além de adotar práticas da higiene do sono – horário regrado e adequado ao dormir, quarto com ambiente adequado e arejado, evitar atividades físicas ou estimulantes antes de dormir, evitar refeições muito próximas ao horário de dormir etc.

Existem casos em que a criança necessita de atendimento e acompanhamento multidisciplinar pelas especialidades odontológicas de Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial, odontopediatria, neurologista, psiquiatra, neurologia, otorrinolaringologista, psicólogo, nutricionista e fonoaudiólogo. Alguns exemplos desses casos são crianças com paralisia cerebral ou apneia do sono.

Outro tratamento para o bruxismo em crianças, quando indicado, é a instalação de dispositivos interoclusais, popularmente conhecidos como “placa de mordida”, que são indicadas para a proteger os dentes dos desgastes pelo atrito e para redução da sobrecarga nas articulações temporomandibulares e suas estruturas.

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BRUXISMO INFANTIL – A falta de tratamento do bruxismo em crianças pode levar a quais complicações?

Dr. Marco Verlangieri – Para o sucesso do tratamento, é essencial identificar os problemas que conduzem a criança a realizar o apertamento ou ranger os dentes. Quando desencadeada por alterações sistêmicas, a doença de base ou comorbidade deve ser tratada, pois, nestes casos, o bruxismo está sinalizando que algo não está bem na criança e “silenciar” o bruxismo, não estará tratando a causa.

Dependendo do tipo de bruxismo e do tempo em que está ocorrendo, pode levar a queixas de dor nos dentes, face, região de articulação temporomandibular (ATM), e cefaleias, além de problemas como desgastes ou fraturas de elementos dentários, dificuldades na função mastigatória, alterações no processo de erupção dos dentes permanentes, alterações da ATM e estruturas correlatas.

 

Dr. Marco Aurélio Verlangieri Alves é especialista em bucomaxilo na unidade Leforte Morumbi. Atende na Clínica e Diagnóstico Leforte Morumbi às terças-feiras. Agendamento: Call Center/WhatsApp (11) 3345-2288, online ou ainda pelo APP do Grupo Leforte.

Este conteúdo é meramente informativo e educativo, sendo destinado para o público em geral. Ele não substitui a consulta e o aconselhamento com o médico e não deve ser utilizado para autodiagnóstico ou automedicação. Se você tiver algum problema de saúde ou dúvidas a respeito, consulte um médico. Somente ele está habilitado fazer o diagnóstico, a prescrever o tratamento mais adequado para cada caso e acompanhar a evolução do quadro de saúde do paciente.
Testemunhos

Gostaríamos de agradecer ao Dr Pierry Louys Batista, em nome de todos os pediatras, toda equipe assistencial, de atendimento, segurança, higiene e do laboratório Delboni, pois percebemos que houve a verdadeira hospitalidade que todos falam, mas poucos exercem: a de fora dos livros.

Gustavo Ambrósio Tenório

Equipe de enfermagem muito bem preparada, atenta e disponível para qualquer chamado. Muito educada e cordial também, por exemplo, sempre ao entrar no quarto os enfermeiros avisavam meu pai que a luz seria acesa, não acendendo diretamente na “cara” da pessoa, que estava despreparada.

Antônio Rafael de Carvalho