Todo ano, em 8 de maio, acontece o Dia Mundial do Câncer de Ovário para conscientizar sobre a doença, que é um dos cânceres ginecológicos que provoca mais mortes. Isso acontece porque, geralmente, ele é diagnosticado em estágio avançado, quando já se espalhou. Então, para falar sobre os diversos aspectos da doença, o Grupo Leforte convidou o médico ginecologista e obstetra, Dr. Rubens do Val Júnior.
O que é o câncer de ovário, como ele se desenvolve?
O Dr. Rubens explica que “existem vários tipos de tumor, inclusive metastáticos, para ovário”. Em relação aos que começam no órgão, eles são agrupados de acordo com o tipo de célula onde eles se originam, que são as seguintes:
- Células epiteliais – elas recobrem a superfície do ovário;
- Células germinativas – são as que formam os óvulos;
- Células estromais – são as que compõem o tecido conjuntivo do ovário.
Cada uma dessas células pode dar origem a vários tipos de tumores de ovário, tanto benignos quanto malignos, ou seja, cânceres. Mas, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), 95% dos cânceres de ovário começam nas células epiteliais. Entretanto, não são apenas as células do órgão que podem dar origem à doença. Ela também pode se desenvolver a partir da metástase de um câncer em outro local, por exemplo, de câncer no trato gastrointestinal.
O Dr, Rubens conta que “a incidência do câncer de ovário é de 6,18 casos em cada 100 mil mulheres”. Para 2020 no Brasil, a previsão era de 6.650 novos casos da doença, de acordo com o Inca.
Quais são os sinais e sintomas do câncer de ovário?
“O grande problema dos cânceres de ovário iniciais é exatamente a pobreza de sinais e sintomas, o que leva ao atraso na procura do serviço de saúde, provocando o diagnóstico tardio”, diz o Dr. Rubens. Pois só “tardiamente o tumor leva ao aumento do volume abdominal e provoca dor e dificuldade para evacuar”, que são algumas das manifestações mais comuns que o câncer de ovário pode causar na medida em que vai crescendo.
Os sinais e sintomas de câncer de ovário que podem surgir em estágio avançado são os seguintes:
- Inchaço abdominal;
- Dor abdominal ou pélvica ou nas costas;
- Dor durante o ato sexual;
- Sensação de saciedade;
- Constipação intestinal;
- Fadiga;
- Perda de peso;
- Necessidade urgente de urinar com frequência;
- Alterações menstruais.
Entretanto, ter um ou mais dos sinais e sintomas listados não quer dizer que a mulher tenha câncer de ovário, pois eles são inespecíficos. Isso significa que diversos problemas de saúde podem provocá-los. De qualquer forma, é importante procurar o médico se persistirem por vários dias para que ele descubra a causa e possa tratá-la o mais breve possível.
Como é feito o diagnóstico do câncer de ovário?
O Dr. Rubens conta que “o diagnóstico do câncer de ovário é feito por meio de marcadores tumorais, exames radiológicos, como a ressonância magnética, e o ultrassom transvaginal”. Mas o único exame que permite ter certeza absoluta se a mulher tem a doença é fazer uma biópsia do tumor. Veja o que é cada um deles:
- Marcador tumoral – identifica o nível da proteína CA 125 no sangue, que é um indicativo para a possível presença de câncer de ovário;
- Ressonância magnética – utiliza ondas eletromagnéticas para formar imagens de alta precisão que permitem ver o tamanho e a localização do tumor, bem como se há metástase;
- Ultrassom transvaginal – usa ondas sonoras de alta frequência que formam imagens dos órgãos dentro da cavidade pélvica, possibilitando ver os tecidos, o fluxo sanguíneo e diferenciar um tumor de um cisto.
- Biópsia – é retirada um fragmento do tumor, que é enviado para a análise.
“A realização rotineira de ultrassom transvaginal está associada ao diagnóstico mais precoce do câncer de ovário”, diz o Dr. Rubens. O que é muito importante, pois “o diagnóstico precoce está ligado ao sucesso terapêutico e a uma sobrevida maior, bem como a uma melhor qualidade de vida e até uma possível cura”.
Como é feito o tratamento do câncer de ovário?
“Na maioria dos casos, o tratamento do câncer de ovário é feito com cirurgia e a quimioterapia é um tratamento adjuvante”, conta o Dr. Rubens. Na cirurgia, geralmente são removidos os ovários, as trompas de falópio e o útero, o que pode ser feito com uma das seguintes técnicas:
- Laparoscopia – procedimento cirúrgico minimamente invasivo no qual o médico faz uma pequena incisão no local e introduz o laparoscópio, que é o aparelho que permite visualizar a região do procedimento. Também são feitas outras pequenas incisões para serem introduzidos os instrumentos cirúrgicos, que são mais delicados que os das cirurgias convencionais;
- Cirurgia robótica – também minimamente invasiva, é realizada por um robô manipulado pelo médico, sendo que o equipamento possui ainda uma câmera 3D para o cirurgião ter uma melhor visão do campo cirúrgico em um monitor;
- Laparotomia aberta – é outro procedimento cirúrgico que pode ser realizado para a retirada do tumor.
Quais são os fatores de risco do câncer de ovário?
Existem vários fatores de risco do câncer de ovário. Ter um ou mais deles não significa que a doença se desenvolverá inevitavelmente. Entretanto, é indicado ir com regularidade ao médico para fazer um acompanhamento mais próximo. Veja alguns dos fatores de risco:
- Idade – a maioria dos casos acontece depois da menopausa, sendo que a metade deles é em mulheres com mais de 63 anos;
- Maternidade – ter filhos depois dos 35 anos ou não ter filhos;
- Histórico familiar – caso da doença em mãe, irmã ou filha ou mesmo em um familiar do pai. Aliás, quanto mais casos existirem na família, maior o risco.
- Obesidade – está associada a um risco maior de desenvolver a doença;
- Câncer de mama – a mulher que já teve câncer de mama também tem um risco maior de desenvolver câncer de ovário.
- Mutações em determinados genes – que são o BRCA1 e o BRCA2, responsáveis pela maior parte dos casos de câncer de ovário hereditário.
Como pode ser feita a prevenção do câncer de ovário?
O Dr. Rubens avalia que, em relação ao câncer de ovário “a prevenção é uma tarefa difícil, pois exige tecnologia avançada, estudos genéticos. São métodos difíceis e caros para o uso em saúde pública. Mas, acredito que se houvesse uma luta a favor do diagnóstico precoce, diminuiríamos a mortalidade”, conclui.
O Dr Rubens do Val Júnior é médico ginecologista e obstetra há mais de 30 anos. Vem de uma família de médicos e formou-se na Faculdade de Medicina do ABC em 1987. Fez residência médica e tem título de especialista também em mastologia, além de ginecologia e obstetrícia. Atua no Grupo Leforte e em clínica própria ao lado do filho, da esposa e mais 10 médicos associados, todos ginecologistas, obstetras e mastologistas.
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Este conteúdo é meramente informativo e educativo, sendo destinado para o público em geral. Ele não substitui a consulta e o aconselhamento com o médico e não deve ser utilizado para autodiagnóstico ou automedicação. Se você tiver algum problema de saúde ou dúvidas a respeito, consulte um médico. Somente ele está habilitado fazer o diagnóstico, a prescrever o tratamento mais adequado para cada caso e acompanhar a evolução do quadro de saúde do paciente.