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Nódulo de tireoide: quando é necessário operar e quais as consequências?

Veja, no site do Grupo Leforte, quais os casos de nódulo de tireoide indicados para cirurgia e como o paciente pode viver normalmente após o tratamento.
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Equipe Leforte - Equipe Leforte Atualizado em 05/05/2022

Você sabia que a maioria dos casos de nódulo de tireoide não precisam de cirurgia? Ainda assim, as pessoas que precisam de cirurgia de tireoide costumam ter ótima resposta ao tratamento quando fazem o acompanhamento correto. O Grupo Leforte conversou com a Dra. Christiana Vanni, especialista em cirurgia de cabeça e pescoço, que tirou nossas dúvidas sobre as indicações para cirurgia de tireoide, como ela é realizada e quais tratamentos devem ser feitos a longo prazo para a qualidade de vida dos pacientes.

NÓDULO DE TIREOIDE – todo nódulo na tireoide necessita ser retirado? Quando isso é necessário?

DRA. CHRISTIANA VANNI – nem todos os nódulos precisam ser retirados. Aliás, a maioria deles precisa apenas ser acompanhado. Nesses casos, chamamos de vigilância ativa, que é o acompanhamento clínico de pertinho dos nódulos subcentimétricos, com ultrassom e exames laboratoriais, e só intervenção cirúrgica se houver mudança do padrão.

NÓDULO DE TIREOIDE – quando a cirurgia é necessária?

DRA. CHRISTIANA VANNI – nós precisamos retirar o nódulo nas seguintes situações:

  • Em suspeita ou confirmação de malignidade (câncer);
  • Quando o nódulo tem mais de quatro centímetros;
  • Quando o nódulo provoca sintomas, geralmente devido ao tamanho, como dificuldade de engolir e dificuldade de respirar – que são chamados de sintomas compressivos.
  • Questões estéticas – quando o bócio, que é o aumento benigno da tireoide, fica muito volumoso, causando um aumento do volume anterior do pescoço, região da “papada”;
  • Quando os nódulos são produtores de uma quantidade de hormônio além da ideal e não é possível o controle com medicação.

Hoje em dia, para os nódulos benignos e volumosos, nós temos uma técnica menos invasiva e não-cirúrgica, chamada radioablação, em que inserimos uma pequena agulha na região do nódulo, cauterizamos e ele encolhe.

NÓDULO DE TIREOIDE – o que esses problemas de saúde citados podem causar ao paciente caso não sejam tratados?

DRA. CHRISTIANA VANNI – o não tratamento dos nódulos tireoidianos podem gerar consequências:

No caso de nódulo de tireoide maligno – ele pode crescer e se espalhar, gerando metástase para os linfonodos, que são as “ínguas”, as áreas de drenagem da própria região do pescoço. Ou, em casos mais avançados, para o pulmão, ossos e até para o cérebro.

Às vezes, o nódulo pode crescer e invadir as regiões vizinhas, sendo que uma das principais é um nervo que faz a movimentação da prega da voz. Então, um dos sinais precoces de evolução do tumor é a disfonia, que é a alteração vocal. A pessoa também pode notar dificuldade para engolir ou respirar.

No caso de nódulo de tireoide benigno – temos alteração estética, devido ao crescimento do nódulo, e também dificuldade de engolir e respirar, pelos sintomas compressivos. É comum o paciente falar que não consegue deitar sem travesseiro, se queixar que consegue comer alimentos pastosos, mas não consegue engolir pedaços de carne ou sólidos.

No caso de alterações da função hormonal – o quadro pode evoluir para o aumento da produção de hormônio, que é o hipertireoidismo, gerando uma resposta metabólica acelerada. Nesses casos, o paciente pode ter perda de peso, arritmia cardíaca, olhos protusos (arregalados), alteração de unha e cabelo, diarreia, tremores e taquicardia. Quando há produção de hormônio muito baixa, temos o hipotireoidismo, que causa letargia, alteração do hábito intestinal, inchaço, ganho de peso, sonolência, alteração de comportamento mental e dificuldade de raciocínio.

NÓDULO DE TIREOIDE – existe algum grupo de pessoa mais suscetível a desenvolver problemas de tireoide? Por que?

DRA. CHRISTIANA VANNI – os pacientes mais suscetíveis a alterações na tireoide são, sem dúvidas, mulheres entre 40 e 50 anos de idade. Os fatores de risco que aumentam as chances dessas alterações acontecerem são:

  • Doenças autoimunes, sendo a mais comum a tireoidite de Hashimoto;
  • Histórico familiar – pai e mãe com doença tireoidiana;
  • Exposição à radiação;
  • Obesidade;
  • Estresse, principalmente depressão;
  • Alterações hormonais, como as da gestação e da menopausa.

Os homens também são acometidos e os nódulos devem ser investigados pois tendem a maior risco de malignidade.

Um fato que pouca gente sabe é que o teste do pezinho faz a investigação do hipotireoidismo neonatal, que gera uma doença chamada cretinismo – a ausência da tireoide ou do hormônio da tireoide. Esse hormônio é tão essencial à vida que, na falta dele, temos alteração de desenvolvimento.

NÓDULO DE TIREOIDE – como é realizada a cirurgia de tireoide? Existe algum risco envolvido?

DRA. CHRISTIANA VANNI – a cirurgia da tireoide é realizada sob anestesia geral e leva, em média, duas horas. O corte é pequeno, estético e localizado na região anterior do pescoço, em uma das pregas (rugas) da região. O paciente normalmente fica internado um dia e, se não houver complicações, pode ir para casa no dia seguinte. A recuperação da cirurgia é bem leve e a recomendação que damos é não pegar peso ou fazer esforço físico por uma a duas semanas.

Dependendo da indicação da cirurgia, vamos avaliar se o paciente deverá continuar um tratamento, fazer controle e reposição de hormônio da tireoide. No caso de tumores de tireoide mais avançados, nós não fazemos quimioterapia ou radioterapia, mas sim a iodoterapia.

Em relação a possíveis riscos colaterais após a cirurgia, os mais comuns podem ser:

Alteração na voz – ao lado da tireoide existe um nervo chamado laríngeo recorrente, que envia comandos para a prega da voz, dentro da garganta. Durante a cirurgia, nós manipulamos esse nervo e, dependendo da manipulação, o paciente pode ter alteração vocal. No tubo de respiração do paciente, temos uma espécie de “adesivo” que usamos para garantir a integridade e segurança desse nervo, por meio de documentação da corrente elétrica do trajeto. Caso o paciente apresente alteração de voz após a cirurgia, é possível reverter a situação com fonoterapia.

Alteração da quantidade de cálcio no organismo – ao lado da tireoide, temos também quatro glândulas bem pequenas, de três ou quatro milímetros, chamadas de paratireoides, que são responsáveis pelo cálcio no organismo. Durante a cirurgia, elas podem sofrer alguma alteração, seja pela posição ou vascularização prejudicada. Quando isso acontece, há a diminuição de um hormônio chamado paratormônio, que regula a quantidade de cálcio no organismo. Por consequência, o paciente pode sentir câimbras ou formigamento, mas conseguimos corrigir o quadro com comprimidos de cálcio.

Hipotireoidismo – quando tiramos a tireoide inteira, ocorre a falta do hormônio, então necessariamente precisamos fazer a reposição. É um hormônio de baixo custo, muito fácil de ser controlado, então o paciente pode ter uma qualidade de vida normal.

Em qualquer cirurgia, temos que sempre ficar atentos a aspectos como cicatriz, alergia a medicamentos, infecções de feridas, risco de sangramentos com hematomas, equimose, entre outros. Esses fatores são muito individuais e levam em consideração a experiência da equipe e qualidade do hospital.

NÓDULO DE TIREOIDE – quais as vantagens da abordagem minimamente invasiva e em quais casos ela pode ser usada?

DRA. CHRISTIANA VANNI – hoje em dia existe uma técnica chamada tireoidectomia transvestibular, que pode ser endoscópica ou robótica, onde o corte não fica aparente. A incisão é feita dentro da boca, entre os dentes e o lábio, e a cirurgia é feita por meio de pinças maiores e câmeras por dentro do pescoço.

A grande vantagem dessa abordagem é que ela não deixa cicatriz externa, mas, assim como outras cirurgias, existem riscos. A cirurgia minimamente invasiva costuma ser indicada nos seguintes casos:

  • Quando não há uma grande inflamação da tireoide;
  • Quando os nódulos não são muito grandes;
  • Quando não há confirmação de linfonodos doentes;
  • Pessoas com menos comorbidades, geralmente mais jovens, em que a estética é realmente muito importante.

NÓDULO DE TIREOIDE – como é a recuperação do paciente após a cirurgia de tireoide?

 DRA. CHRISTIANA VANNI – no pós operatório, o paciente pode sentir uma dor suportável, facilmente controlada com analgésicos simples. A alimentação é livre, apenas restringimos o esforço físico pelo período de uma a duas semanas. De resto, orientamos o paciente a levar a vida normalmente, andar e conversar.

NÓDULO DE TIREOIDE – o paciente pode viver normalmente sem a glândula da tireoide? Quais tratamentos ele deve fazer ao longo da vida?

 DRA. CHRISTIANA VANNI – qualquer pessoa pode viver normalmente sem a tireoide, desde que haja a reposição do hormônio. Ou seja, todos os dias, ela precisa tomar o hormônio sintético da tireoide, que é vital para o funcionamento do organismo. É ele que faz o controle de diversas funções do metabolismo dos órgãos do corpo.

O controle do hormônio é muito fácil de ser manejado. A gente faz a reposição baseada no peso do paciente, as doses são acertadas de acordo com os exames de sangue que, normalmente de duas a três semanas, nós conseguimos dar a dose do hormônio, colher o exame de sangue e ajustar o que for necessário.

Quem operou a tireoide por conta de câncer, precisa fazer um acompanhamento regular com exames de imagem, exames de sangue e exame físico. Primeiro, de mês a mês; então, de três em três meses; seis em seis meses e, conforme orientação médica, de ano em ano.

Os pacientes que retiraram a tireoide por qualquer outra razão, uma vez ajustada a dose hormonal e estando bem assintomáticos, o controle pode ser feito anualmente.

Christiana Maria Ribeiro Salles Vanni é médica graduada em 2005 pela Universidade Santo Amaro em cirurgia geral com especialização de videolaparoscopia e após a graduação ingressou na residência de Cirurgia de Cabeça e Pescoço na Faculdade de Medicina do ABC, a qual concluiu em 2010 e obteve o título de especialista pela Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço no mesmo ano. É membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Minimamente Invasiva e Robótica. Doutora pela FMUSP. Chefe do grupo de reconstrução em Cirurgia Cabeça e Pescoço ICESP/HC. Profissional na prática privada na maioria dos principais hospitais. Pós graduação em Cirurgia Robótica em Cabeça e Pescoço no Hospital Israelita Albert Einstein. É responsável pela Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Hospital Leforte Morumbi e atende às segundas-feiras, pela manhã.

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Este conteúdo é meramente informativo e educativo, sendo destinado para o público em geral. Ele não substitui a consulta e o aconselhamento com o médico e não deve ser utilizado para autodiagnóstico ou automedicação. Se você tiver algum problema de saúde ou dúvidas a respeito, consulte um médico. Somente ele está habilitado fazer o diagnóstico, a prescrever o tratamento mais adequado para cada caso e acompanhar a evolução do quadro de saúde do paciente.

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