A hipertensão intracraniana é caracterizada pelo aumento da pressão dentro do crânio, que pode causar danos cerebrais permanentes. Existem várias causas para essa condição em crianças, desde doenças congênitas até traumas e infecções. Quanto antes feito o diagnóstico e iniciado o tratamento, menores as chances de sequelas e complicações, por isso é importante que pais e responsáveis estejam atentos aos sinais e sintomas.
O Grupo Leforte conversou com o Dr. Carlo Petitto, médico neurologista e neurocirgião pediátrico, que explica sobre as causas da hipertensão intracraniana, como é feito o diagnóstico, quais os sinais de alerta e como é realizado o tratamento.
HIPERTENSÃO INTRACRANIANA – o que pode causar hipertensão intracraniana em crianças? Qual causa é a mais comum?
DR. CARLO PETITTO – a hipertensão intracraniana é um sintoma que pode acontecer em decorrência de diversas patologias. As causas mais comuns são relacionadas a hematomas intracranianos e à hidrocefalia – que é o acúmulo de líquidos nas cavidades internas do cérebro e pode ser uma condição congênita ou desenvolvida como consequência de AVC ou tumor cerebral, por exemplo. Outras causas para a hipertensão intracraniana podem ser:
- Traumatismo craniano;
- Infecções cerebrais;
- Tumores cerebrais;
- Hemorragias intracranianas;
- Trombose de veias cerebrais;
- Cistos intracranianos.
HIPERTENSÃO INTRACRANIANA – quais os sinais e sintomas que podem ser um alerta para os pais ou responsáveis sobre a hipertensão intracraniana? Eles variam de acordo com a causa?
DR. CARLO PETITTO – os sinais e sintomas da hipertensão intracraniana são pontos de atenção comuns a qualquer causa. No entanto, eles dependem muito da faixa etária da criança:
Lactentes abaixo de dois anos – irritabilidade, náuseas e vômitos, aumento rápido do tamanho da cabeça, crise convulsiva.
Crianças mais velhas, que conseguem expressar linguagem – dor de cabeça com náuseas e vômitos em jato, visão embaçada ou dupla, estrabismo, sonolência excessiva e até o coma.
HIPERTENSÃO INTRACRANIANA – como é feito o diagnóstico?
DR. CARLO PETITTO – o diagnóstico preciso é feito por meio da medição direta da pressão intracraniana. Para isso, o médico pode introduzir um cateter na cavidade cerebral ou medir a pressão do líquor, um fluido presente em partes do cérebro e na medula espinhal, através de uma punção do líquido da espinha.
Há diversos outros exames que podem apoiar o médico no diagnóstico de hipertensão intracraniana como, por exemplo:
- Tomografia;
- Ressonância magnética;
- Ultrassonografia Doppler transcraniano;
- Exame do fundo de olho, ou até mensuração do diâmetro da bainha do nervo óptico.
HIPERTENSÃO INTRACRANIANA – confirmado o diagnóstico, quais os tipos de tratamentos dados para controlar a pressão intracraniana para cada caso? Em quais casos é necessário cirurgia?
DR. CARLO PETITTE – sempre que existe o diagnóstico de hipertensão intracraniana o mesmo deve ser tratado de forma multidisciplinar, que envolve uso de medicamentos, punções de líquido da espinha, cirurgias de tratamento da hidrocefalia ou outros procedimentos voltados para as possíveis causas que estejam gerando a hipertensão intracraniana, como drenagem de hematomas, retirada de cistos ou tumores, entre outros.
Com exceção dos casos de traumatismo craniano difuso ou trombose das veias do crânio, o tratamento cirúrgico é sempre uma possibilidade, mesmo que seja somente para a introdução de um cateter para medir a pressão do interior do crânio.
HIPERTENSÃO INTRACRANIANA – Como é a recuperação do paciente? Há possíveis sequelas permanentes?
DR. CARLO PETITTO – a recuperação e possíveis sequelas depende muito da causa da hipertensão intracraniana, do tempo de demora do tratamento e da gravidade da condição do paciente. Podemos ter evoluções excelentes, com recuperação plena, até desfechos como a morte encefálica.
HIPERTENSÃO INTRACRANIANA – nos casos de hipertensão intracraniana adquirida, seja por traumas ou doenças, como a meningite, quais os riscos de não buscar ajuda médica?
DR. CARLO PETITTO – a busca por tratamento médico e a velocidade de ação do médico é extremamente importante para o sucesso do tratamento. A demora pode causar sequelas permanentes, tais como perda visual, perda de movimentação de um ou mais membro, perda da capacidade cognitiva ou até a morte encefálica.
Dr. Carlo Emannuel Petitto é médico graduado pela Universidade de São Paulo (USP). Realizou residência em neurologia no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. É especialista em neurocirurgia pela Sociedade Brasileira de Neurocirurgia e em neurocirurgia pediátrica pela International Society of Pediatric Neurosurgery. Atende na Clínica e Diagnósticos Leforte Morumbi, às sextas-feiras, período da tarde, e na Clínica e Diagnósticos Leforte Liberdade, às terças-feiras, período da tarde.
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