Silenciosa, a osteoporose não manifesta sinais e sintomas até que ocorra alguma fratura, facilitada pela fragilidade dos ossos causada pela doença. Por ser muito incidente na população e estar naturalmente atrelada ao envelhecimento, a osteoporose é muitas vezes negligenciada, mas pode trazer sérios danos à saúde e qualidade de vida de uma pessoa.
No dia 20 de outubro é comemorado o Dia Mundial e Nacional da Osteoporose, data que busca conscientizar a população sobre a importância da prevenção e diagnóstico precoce da doença. Para falar sobre o tema, o Grupo Leforte convidou o Dr. Silvio Figueira Antonio, reumatologista do Hospital e Maternidade Cristovão da Gama.
O que é a osteoporose?
DR. SILVIO FIGUEIRA – A osteoporose é uma condição extremamente frequente, em que acontece um enfraquecimento progressivo dos ossos e, em grande parte das vezes, silencioso. Os ossos da pessoa com a doença ficam com a camada externa mais fina e perdem a arquitetura normal, tornando-se mais frágeis.
Portanto, o risco de fraturas é maior – e elas causam dor, incapacidade, podendo até aumentar o risco de morte, principalmente quando são necessárias cirurgias ortopédicas de urgência. Como em casos de fraturas na região do fêmur, o maior osso do nosso esqueleto, e muitas também no osso do braço (úmero).
Qual a incidência da osteoporose no Brasil?
DR. SILVIO FIGUEIRA – Estima-se que 10 milhões de pessoas tenham esta doença em nosso país. Mas, muitas vezes a osteoporose é negligenciada e, por isso, subdiagnosticada. Os dados nacionais sobre a doença são escassos.
A osteoporose é mais frequente entre mulheres ou homens, em alguma faixa etária e em algum grupo social/étnico?
DR. SILVIO FIGUEIRA – Ela é mais frequente em mulheres no período pós-menopausa, mas também atinge homens, em todos os grupos étnicos. 25% das mulheres na pós-menopausa tem osteoporose e 12% dos homens após os 70 anos possuem esta doença. Pessoas asiáticas geneticamente têm menor massa óssea do que pessoas brancas, que possuem massa menor do que os afrodescendentes.
Com o envelhecimento da população e o aumento da expectativa de vida, a incidência e prevalência da osteoporose irão aumentar consideravelmente, especialmente nos países em desenvolvimento. As condições sociais também interferem na incidência da osteoporose, já que nos países mais pobres a ingestão de alimentos ricos em cálcio é menor, o que predispõe a um aumento do número de casos da doença.
Quais as principais causas da osteoporose?
DR. SILVIO FIGUEIRA – A principal causa é a menopausa, em que ocorre uma diminuição progressiva de estrógenos (hormônio sexual feminino). Isso acarreta uma maior retirada de cálcio dos ossos, além de uma menor absorção deste mineral. Esse tipo de osteoporose é chamado de osteoporose pós-menopausa; quando ocorre uma fratura por insuficiência óssea, ou seja, aquelas que acontecem sem impacto, chamamos de osteoporose estabelecida.
Existem causas de osteoporose denominadas secundárias, que ocorrem por uma doença pré-existente. Entre as principais, destacamos as doenças da tireoide, doenças gastrointestinais que acarretam uma diminuição da absorção de nutrientes, insuficiência renal crônica, doenças reumáticas inflamatórias – como a artrite reumatoide e lúpus eritematoso sistêmico. O uso prolongado de certos medicamentos, principalmente a cortisona e medicamentos para convulsão, devem ser considerados para um diagnóstico precoce de osteoporose.
Como funciona o mecanismo do ganho e da perda de massa óssea?
DR. SILVIO FIGUEIRA – O osso é um tecido vivo e em constante remodelação. Existem duas células principais: os osteoblastos, que são formadores de osso novo, e os osteoclastos, que eliminam o tecido ósseo mais antigo. Essas duas células trabalham em conjunto e em equilíbrio.
Na pós-menopausa, a taxa de reabsorção óssea é maior que a de formação de tecido ósseo novo. Dessa forma, caso não haja um tratamento adequado, os ossos ficam frágeis, sendo o principal motivo das fraturas pela osteoporose.
A osteoporose costuma acometer algum local ou locais específicos com mais frequência?
DR. SILVIO FIGUEIRA – Sim. Os ossos mais acometidos são o colo do fêmur, a coluna torácica e a lombar. Outros locais são o punho e o osso chamado úmero, que compõe a articulação do ombro. As fraturas do quadril são as mais graves e causam mais morbidade e mortalidade, necessitando de cirurgias de urgência. Como ocorrem geralmente em pacientes mais idosos, podem ter complicações decorrentes de outras doenças pré-existentes, elevando o índice de mortalidade. Estima-se que 25% dos pacientes que sofrem fraturas de fêmur morrem após um ano.
A osteoporose provoca sinais e sintomas na fase inicial e/ou em estágios mais avançados? Se sim, quais são?
DR. SILVIO FIGUEIRA – A osteoporose é uma doença silenciosa e não provoca sintomas até a ocorrência de uma fratura. Quando ocorre na coluna dorsal ou lombar, leva a uma deformação semelhante a uma corcunda, diminuição da altura da pessoa e dor, às vezes muito intensa, nos locais da fratura. Quando ocorre no fêmur ou no ombro, o paciente não consegue andar ou elevar o braço e a dor é expressiva.
Como é feito o diagnóstico da osteoporose?
DR. SILVIO FIGUEIRA – A história clínica, a observação de doenças concomitantes, do histórico familiar e do estilo de vida do paciente são importantes para o diagnóstico da osteoporose. O médico deve solicitar o exame de densitometria óssea, que mede a densidade óssea, sempre na pós-menopausa ou caso perceba sinais de alerta para a doença. Sempre que possível, os exames devem ser feitos no mesmo aparelho, para que haja condições de comparar sequencialmente. Exames de dosagem sanguínea dos parâmetros de bioquímica óssea devem ser solicitados de acordo com a avaliação do médico especialista.
Quais são os possíveis tratamentos para osteoporose?
DR. SILVIO FIGUEIRA – Existem várias opções de tratamentos para osteoporose e a escolha depende do perfil de risco individual. Para pacientes com risco aumentado, os tratamentos com medicamentos são necessários para reduzir efetivamente o risco de fraturas pela osteoporose. Alguns fatores como condições de saúde do paciente, alergias ou intolerância a algum tipo de medicamento influenciam na definição do remédio a ser usado.
Porém, devemos deixar claro que é necessária uma abordagem geral com a prevenção da osteoporose, que é tão ou até mais importante que o tratamento com medicamentos.
Há alguma forma de prevenir a osteoporose ou diminuir os riscos de desenvolver a doença?
DR. SILVIO FIGUEIRA – As principais formas de prevenir a osteoporose são: fazer exercícios regularmente para fortalecer os músculos e também ajudar os ossos a se tornarem mais fortes; manter uma alimentação rica em cálcio, proteínas e vitamina D, cujas fontes principais são o leite e os derivados (podem ser desnatados ou light), verduras escuras e peixes; evitar hábitos nocivos para a saúde como um todo, por exemplo, fumar ou exagerar no consumo de bebidas alcóolicas.
Também devemos ter uma atenção especial para a prevenção de quedas, que é um fator fundamental, principalmente no ambiente doméstico. A consulta com um reumatologista para o diagnóstico, estadiamento e planejamento de estratégias de tratamento é essencial.
O Dr. Silvio Figueira Antonio é médico do Grupo Leforte – Hospital e Maternidade Cristovão da Gama, desde 2002 e atende às quartas e sextas-feiras, no período da manhã. É reumatologista do Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo – IAMSPE e do Hospital Cruz Azul de São Paulo.
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Este conteúdo é meramente informativo e educativo, sendo destinado para o público em geral. Ele não substitui a consulta e o aconselhamento com o médico e não deve ser utilizado para autodiagnóstico ou automedicação. Se você tiver algum problema de saúde ou dúvidas a respeito, consulte um médico. Somente ele está habilitado fazer o diagnóstico, a prescrever o tratamento mais adequado para cada caso e acompanhar a evolução do quadro de saúde do paciente.