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Quem pode fazer cirurgia bariátrica para tratamento da obesidade?

A cirurgia bariátrica é um dos tratamentos para obesidade e possibilita a perda de até 40% do peso. Veja, no site do Leforte, quais as indicações.
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Equipe Leforte - Equipe Leforte Atualizado em 11/10/2022

Cerca de 20% da população brasileira possui obesidade, considerada uma doença crônica pela Organização Mundial de Saúde. O Dr. Tiago Szegö, cirurgião bariátrico e coordenador do Centro de Obesidade e Bariátrica do Hospital Leforte Morumbi, da Dasa, explica que a doença provoca um estado inflamatório no corpo e, por isso, contribui para o desenvolvimento de diversos problemas de saúde crônicos. Felizmente, é possível controlar a obesidade com o acompanhamento dos profissionais adequados e os tratamentos disponíveis. Entre eles, está a cirurgia bariátrica, que possibilita ao paciente a perda de até 40% do peso.

Quais prejuízos à saúde a obesidade pode trazer se não for controlada?

O mecanismo inflamatório da obesidade faz com que ela seja fator de risco para o desenvolvimento de outras doenças, algumas delas crônicas:

  • Diabetes;
  • Pressão alta;
  • Refluxo gastroesofágico;
  • Apneia do sono;
  • Doenças cardiovasculares – infarto, AVC, arritmia;
  • Câncer de mama;
  • Câncer de endométrio;
  • Câncer de cólon;
  • Problemas nas articulações;
  • Impotência sexual;

O Dr. Tiago Szegö explica que o mecanismo inflamatório foi ainda mais percebido durante a pandemia de Covid-19: “a maioria dos pacientes com complicações tinham obesidade, o que aumentou a complexidade e gravidade da doença. Tanto que na época mais grave da pandemia, nós da Sociedade de Cirurgia Bariátrica conseguimos converter a bariátrica de uma cirurgia eletiva, que podia ser postergada durante o período, para uma cirurgia necessária, indicada para melhora das complicações.”, conta.

Além do risco à saúde física, o estigma da sociedade com a pessoa que possui obesidade e as dificuldades práticas enfrentadas no dia a dia – mobilidade em geral, acessibilidade, comprar roupas etc – podem ter impacto importante na autoestima e saúde mental. Isso pode contribuir para quadros de depressão, ansiedade, distúrbios alimentares e outros transtornos.

Quais os tratamentos disponíveis para controle da obesidade?

O tratamento da obesidade pode ser clínico ou cirúrgico, por meio da cirurgia bariátrica:

  1. Tratamento clínico da obesidade

Envolve mudanças de hábitos, apoio emocional, tratamento de eventuais problemas de saúde associados e podem ser receitados medicamentos que estimulam a perda de peso.

Acompanhamento com nutricionista – que vai orientar o paciente para uma reeducação alimentar personalizada, considerando preferências pessoais, rotina, hábitos de alimentação. Dessa forma, ao contrário de dietas muito restritivas ou “da moda”, é possível fazer escolhas saudáveis para toda a vida.

Acompanhamento com médico endocrinologista – o especialista vai descartar qualquer problema de origem hormonal que possa contribuir para o ganho de peso. Ele também pode receitar medicamentos para o controle da obesidade, que são alternativas seguras e eficazes, desde que orientadas pelo médico. A perda de peso com tratamento farmacológico pode chegar a 20%.

Psicoterapia – importante para ajudar a entender inseguranças pessoais e superar dificuldades emocionais que podem surgir ao longo do tratamento, o que aumenta a adesão a ele. Também ajuda a tratar transtornos associados, como distúrbios alimentares, por exemplo.

Prática de exercícios físicos – é um hábito que deve ser levado por toda a vida, já que promove o gasto calórico, ajuda a eliminar gordura e estimula o ganho de massa muscular.

  1. Tratamento cirúrgico da obesidade

O tratamento cirúrgico é indicado para pacientes com obesidade grau II, com índice de massa corporal (IMC) entre 35 e 40, com doenças associadas, e grau III, com IMC acima de 40. “Isso porque já foi comprovado que é muito difícil o paciente nesse estágio perder peso por si só”, explica o Dr. Tiago. O IMC é calculado por meio da seguinte fórmula: peso / (altura X altura).

De acordo com o médico, “hoje só são realizadas duas técnicas de cirurgia bariátrica, as quais são aprovadas pelo Conselho Federal de Medicina. Outras caíram em desuso pois as complicações possíveis não superam os benefícios e algumas ainda estão em fase de pesquisa e não foram oficializadas”. As técnicas cirúrgicas são:

Bypass gástrico – “uma técnica que envolve estômago e intestino e cria um atalho entre eles, pelo qual o alimento vai passar. Essa técnica é a mais clássica, mais antiga e muito realizada”.

Gastrectomia vertical (sleeve) – “hoje é a técnica mais realizada e é uma cirurgia que envolve só o estômago, fazendo um corte vertical para diminuí-lo”.

Quem pode realizar cirurgia bariátrica como tratamento para obesidade?

As regulamentações do Ministério da Saúde e da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) determina que estão aptas à cirurgia bariátrica:

  • Pessoas com IMC acima de 40 – com ou sem doenças associadas (comorbidades);
  • Pessoas com IMC maior que 35, com alguma comorbidade – pressão alta, diabetes, gordura no fígado, refluxo gastroesofágico, problemas articulares.

O paciente também deve ter obesidade há, pelo menos, cinco anos e estar em tratamento sem sucesso há dois anos, ao menos.

Sobre contraindicações da bariátrica, o Dr. Szegö afirma que são raras as situações em que os riscos superam os benefícios da cirurgia para o paciente e, atualmente não há evidências concretas de contraindicações. No entanto, alguns casos são ponderados entre os médicos:

  • Pacientes dependentes de álcool ou qualquer outra droga;
  • Pacientes com condições intelectuais que impossibilitem seguir as orientações pré e pós cirúrgicas;
  • Pacientes que já passaram por alguma cirurgia do aparelho digestivo que impossibilite a técnica cirúrgica da bariátrica;
  • Quando o risco clínico do paciente comprometeria uma cirurgia.

Como é feito o acompanhamento do paciente antes e depois da cirurgia bariátrica?

Antes de ser elegível à cirurgia bariátrica, o paciente já teve que passar pelo tratamento clínico, que é obrigatório. Ele deve fazer também um preparo pré-operatório, explicado pelo Dr. Tiago Szegö: “no Centro de Obesidade e Bariátrica do Hospital Leforte Morumbi, nós explicamos todo o processo para o paciente, ele vai fazer uma série de exames necessários e passar pela avaliação de uma equipe multiprofissional: psicólogo, nutricionista, endocrinologista, cardiologista. Nós fazemos uma reunião em grupo com o paciente, onde orientamos as questões pré operatórias. Depois que ele fizer todos esses exames, avaliações e orientações, nós vamos indicar e solicitar a cirurgia”.

após a cirurgia, o paciente deverá fazer uma dieta líquida por um período, progredindo a dieta para alimentos de fácil mastigação, como purês e carne moída, até chegar à dieta geral. Mesmo depois desse período, o acompanhamento com o médico deve ser para a vida toda. “O paciente terá que tomar um polivitamínico para sempre e deve fazer exames periodicamente – no começo a cada três meses, seis meses, até chegar a um ano e manter esse intervalo de acompanhamento”, diz o médico.

Atenção: a obesidade é uma doença crônica, progressiva e sem cura. Apesar dos ótimos resultados que podem ser obtidos com a cirurgia bariátrica, pacientes que abandonam o tratamento e retomam/começam a ter maus hábitos podem ter reganho de peso.

O Dr. Tiago Szego é médico cirurgião bariátrico, titular do Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva – CBCD, da Sociedade Brasileira de Cirurgia Vídeo-Laparoscópica – SOBRACIL, da Sociedade de Cirurgia Bariátrica e Metabólica – SBCBM. É Presidente do capítulo SP – SBCBM 2021-2022. Também coordena o Centro de Obesidade e Bariátrica do Hospital Leforte Morumbi.

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Este conteúdo é meramente informativo e educativo, sendo destinado para o público em geral. Ele não substitui a consulta e o aconselhamento com o médico e não deve ser utilizado para autodiagnóstico ou automedicação. Se você tiver algum problema de saúde ou dúvidas a respeito, consulte um médico. Somente ele está habilitado fazer o diagnóstico, a prescrever o tratamento mais adequado para cada caso e acompanhar a evolução do quadro de saúde do paciente.

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