Nas últimas Olimpíadas, esportistas famosos desistiram de competir em algumas provas por estresse, chamando a atenção para a importância dos cuidados com a saúde mental. A Dra Raquel Franco Jacintho, psicóloga e psicooncologista do Hospital Leforte Oncologia, explica que o mesmo aconteceu durante a pandemia da Covid-19, com o aumento da procura por ajuda, diante da exposição constante e repetitiva da finitude da vida e da necessidade de isolamento.
“As pessoas identificaram a importância de terem um espaço de fala sem julgamentos e depara desenvolverem novas estratégias para lidar com as aflições e angústias que emergiram situações e formas de diálogo, favorecendo a comunicação não violenta”, afirma.
Dentro de um hospital, o trabalho de um psicólogo não é diferente. É esse profissional que oferece o acolhimento e ajuda a pacientes e acompanhantes, para que se sintam menos vulneráveis. Através da escuta ativa e da psicoeducação, busca favorecer uma vivência mais positiva diante de situações difíceis. E, também, ajuda esses indivíduos a distinguir o que são angústias e aflições decorrentes daquela vivência de adoecimento e tratamento, e o que tem relação com outras histórias. O objetivo é minimizar frustrações anteriores que possam impactar naquele momento.
A Dra. Raquel ressalta outros aspectos. “Também há pacientes que têm dificuldades de se submeterem a ressonâncias, devido à claustrofobia, e a outros exames que exigem um preparo mais prolongado, como uma colonoscopia. Nas unidades de internação, UTI e Pronto Socorro também é importante o atendimento psicológico, para favorecer a expressão das angústias e aflições e auxiliar a desenvolver estratégias para lidar com elas.”, afirma.
De acordo com a especialista, o ambiente hospitalar faz emergir as vulnerabilidades das pessoas, o medo da dor, do sofrimento, da morte, do confinamento, da perda de qualidade de vida, da autonomia, da própria potencialidade e até da vida. Por isso, além de mais vulneráveis, os pacientes e acompanhantes se mostram mais suscetíveis ao exacerbamento de emoções. Tudo isso se intensificou também durante a pandemia.
Nos consultórios particulares também houve aumento de atendimentos, uma vez que o confinamento mais intenso expos conflitos camuflados e evitados. “Por isso, muitas pessoas que antes sequer pensavam em fazer psicoterapia perceberam que o tratamento psicológico é o melhor caminho para lidar com o vivenciado de forma construtiva”, afirma.
No entanto, Raquel chama a atenção para o principal cuidado que as famílias devem ter nesse momento, que é o excesso de atividades diárias de crianças e adolescentes. “Todo excesso não costuma ser bom ou saudável. No mundo ideal, manteríamos um equilíbrio entre os tipos de atividades. É importante equilibrar as atividades como estudar, trabalhar, com uma alimentação responsável, realização de atividades físicas, um sono reparador, interagir com pessoas queridas, mesmo que por videochamadas”, conclui.
Raquel Franco Jacintho é graduada em Psicologia pela UNIFMU e especialista em Terapia Comportamental Cognitiva pelo Instituto de Neurociências do Comportamento; Cuidados Paliativos pela Universidade Santa Cecília e Psicologia Hospitalar pela Universidade Cidade de São Paulo. Para informações sobre atendimento da unidade de Oncologia Higienópolis, entre em contato pelo número: (11) 3797-3000.
Este conteúdo é meramente informativo e educativo, sendo destinado para o público em geral. Ele não substitui a consulta e o aconselhamento com o médico e não deve ser utilizado para autodiagnóstico ou automedicação. Se você tiver algum problema de saúde ou dúvidas a respeito, consulte um médico. Somente ele está habilitado fazer o diagnóstico, a prescrever o tratamento mais adequado para cada caso e acompanhar a evolução do quadro de saúde do paciente.