Usar fone de ouvido de forma incorreta pode causar perda irreversível da audição

Segundo a Organização Mundial de Saúde, 1,1 bilhão de jovens estão em risco de desenvolver problemas na audição devido ao uso incorreto e excessivo do fone de ouvido. Para explicar os motivos que isso pode acontecer e qual a forma segura de escutar as músicas, podcasts e vídeos favoritos, o Leforte conversou com o médico otorrinolaringologista, Dr. Alexandre Colombini.

 

USO DE FONE DE OUVIDO – quais fatores do uso comum dos fones de ouvido, feito pela maior parte das pessoas, mais afetam a audição?

DR. ALEXANDRE COLOMBINI – nossos ouvidos conseguem tolerar, por um tempo maior, sons de até 80 decibéis. A partir dessa intensidade, o tempo de exposição sonora acaba sendo reduzido conforme os decibéis aumentam. Então, o principal fator que leva a alterações auditivas em pacientes que usam fones de ouvido é a intensidade do volume que eles escutam. Quanto mais alto, maiores as chances de lesão auditiva.

 

USO DE FONE DE OUVIDO – como esses danos ao aparelho auditivo ocorrem? Eles são percebidos à longo prazo ou o impacto pode ser causado em pouco tempo de uso incorreto dos fones de ouvido?

DR. ALEXANDRE COLOMBINI – a exposição sonora a sons intensos leva a uma lesão das células ciliadas, que são células neuronais dentro do nosso ouvido, o que gera a perda de audição. A gente pode dividir essa lesão em dois tipos:

Trauma acústico agudo – é quando uma bomba, um rojão, um tiro, ou qualquer barulho muito alto acontece perto do ouvido do paciente provoca uma alteração auditiva imediata.

Exposição crônica a altos decibéis – é o caso de trabalhadores que são expostos a ruídos intensos ou da juventude com os fones de ouvido no volume muito alto. A exposição crônica e prolongada a níveis altos de decibéis vai levar a uma perda de audição. E aí percebemos que esses pacientes, ao longo do tempo, começam a ter uma perda de audição gradativa, com maior dificuldade de entender e compreender o que está sendo dito.

 

USO DE FONE DE OUVIDO – existe algum dado de incidência sobre quais grupos de pessoas são os mais prejudicados pelo uso de fones de ouvido?

DR. ALEXANDRE COLOMBINI – a Organização Mundial de Saúde estipulou que poderemos ter 1,1 bilhão de jovens no mundo usando fones de ouvido e com lesão auditiva por esse uso.

 

USO DE FONE DE OUVIDO – algum dos tipos de fones de ouvido ou forma de uso é pior? Por exemplo, os intra-auriculares em relação aos headphones etc.

DR. ALEXANDRE COLOMBINI – Normalmente, nós observamos que os fones do tipo concha têm uma qualidade de som melhor em comparação aos intra-auriculares. Com isso, o volume que as pessoas acabam usando nesse fone pode ser menor. Porém, quanto mais alto e mais próximo à membrana timpânica essa fonte de emissão sonora estiver, mais lesivo vai ser para o ouvido.

 

USO DE FONE DE OUVIDO – existe alguma forma segura de fazer uso dos fones de ouvido, que não cause danos ao aparelho auditivo?

DR. ALEXANDRE COLOMBINI – de uma maneira bem simples, seria respeitar as indicações do fabricante do fone de ouvido. Alguns celulares já possuem essa função de limitar o volume. Caso não haja ou você não saiba como fazer isso, sempre tente respeitar os 50% do volume máximo, não ultrapassando a metade da capacidade do aparelho. Assim, você estará protegendo o seu ouvido.

 

USO DE FONE DE OUVIDO – quais sinais e sintomas podem indicar que há algum problema no aparelho auditivo?

DR. ALEXANDRE COLOMBINI – com a exposição prolongada a níveis altos de decibéis e as lesões repetitivas e crônicas das células ciliadas, os principais sintomas poderão ser:

 

  • Dificuldade de escutar;
  • Dificuldade de compreender – ou seja, o paciente escuta, mas não entende o que está sendo dito;
  • Zumbido no ouvido – é aquele apito no ouvido decorrente da morte de neurônios causada pela lesão.

 

USO DE FONE DE OUVIDO – os danos causados pelo uso de fones de ouvido podem ser revertidos? Existe algum tratamento?

 

  1. ALEXANDRE COLOMBINI – quando pensamos em um trauma acústico, que é o exemplo da lesão aguda por um som muito alto e pontual, existem alguns tratamentos que podem ser feitos para tentar reverter a inflamação causada no neurônio auditivo e tentar recuperar a audição dos pacientes.

 

Já nas pessoas que usam o fone de ouvido com volume alto durante anos, principalmente adolescentes, e que na fase adulta começarão a ter dificuldade de escutar, não tem um remédio que possamos dar para reverter a audição. Essas células já sofreram uma lesão muito crônica e morreram. O conseguimos fazer é amplificar esse som que está chegando de maneira incorreta através dos aparelhos auditivos de amplificação sonora, corrigindo a perda que ocorreu durante os anos.

dr alexandre colombini

Formado em Medicina pela Universidade de Marília, Dr. Alexandre Colombini escolheu como sua especialidade a Otorrinolaringologia, especialidade essa que cuida das doenças dos ouvidos, nariz e garganta. Fez sua especialização em Otorrinolaringologia no renomado Instituto Felippu, tendo como foco a Rinologia e a Cirurgia Endoscópica das patologias nasais e paranasais, ronco e apneia do sono. Atende na Clínica e Diagnósticos Leforte Morumbi, às segundas-feiras, período da tarde.

Este conteúdo é meramente informativo e educativo, sendo destinado para o público em geral. Ele não substitui a consulta e o aconselhamento com o médico e não deve ser utilizado para autodiagnóstico ou automedicação. Se você tiver algum problema de saúde ou dúvidas a respeito, consulte um médico. Somente ele está habilitado fazer o diagnóstico, a prescrever o tratamento mais adequado para cada caso e acompanhar a evolução do quadro de saúde do paciente.
Testemunhos

Gostaríamos de agradecer ao Dr Pierry Louys Batista, em nome de todos os pediatras, toda equipe assistencial, de atendimento, segurança, higiene e do laboratório Delboni, pois percebemos que houve a verdadeira hospitalidade que todos falam, mas poucos exercem: a de fora dos livros.

Gustavo Ambrósio Tenório

Equipe de enfermagem muito bem preparada, atenta e disponível para qualquer chamado. Muito educada e cordial também, por exemplo, sempre ao entrar no quarto os enfermeiros avisavam meu pai que a luz seria acesa, não acendendo diretamente na “cara” da pessoa, que estava despreparada.

Antônio Rafael de Carvalho