O chamado “atleta de final de semana” é a pessoa que não pratica exercícios físicos de forma regular, no dia a dia, mas quando surge uma oportunidade aos finais de semana ou em ocasiões especiais, quer compensar e acaba exagerando. Fazer atividades de impacto ou que envolvem movimentos repetitivos, com sobrecarga, pode causar lesões sérias aos músculos e articulações. Para falar sobre o assunto, o Leforte entrevistou o médico ortopedista Dr. Diego da Costa Astur.
Qual a quantidade e frequência de exercício físico recomendada para adultos?
O Dr. Diego afirma que, com exceção de casos extremos, em que há restrições de saúde, todo adulto deve se exercitar. No entanto, a quantidade e intensidade ideal são difíceis de serem estabelecidas, pois dependem de fatores variáveis, tais como: se a pessoa já está acostumada a fazer atividade física, se tem alguma limitação física, como está a qualidade da massa muscular e da saúde cardiorrespiratória.
“O ideal é que a pessoa faça o máximo de exercício que permita a ela uma vida saudável, ou seja, sem sofrimento e sem dor depois que o corpo atinge o equilíbrio. Sempre devemos lembrar que o corpo precisa descansar. Então, por exemplo, ao fazer academia, o ideal é não repetir o mesmo treino de um dia para o outro, mas sim, alternar dias de descanso ou então intercalar dias de atividades aeróbicas com atividades de força. É importante que o corpo se adapte a uma nova atividade e isso sempre ocorra de forma progressiva, e nunca de forma abrupta”, orienta o médico.
Concentrar a prática de exercícios físicos apenas no fim de semana ou dias de folga pode ser prejudicial?
O Dr. Diego afirma que, muitas vezes, o corpo não está condicionado e não tem músculos com alongamento e preparo suficientes para fazer o esforço que alguns esportes necessitam. Ele explica as consequências: “isso vai favorecer o surgimento de lesões, que, na maioria das vezes, são musculares ou, em casos mais graves, lesões ligamentares por entorse, que podem até resultar em uma cirurgia”.
É importante ponderar que alguns tipos de atividades não são prejudiciais ao corpo, mesmo se feitas de forma esporádica. O médico ortopedista dá exemplos: “se for uma caminhada no parque, um futebol leve com os amigos, é saudável e recreativo. O que não pode é passar a semana inativo e, no final de semana, fazer uma série de musculação bem agressiva, participar de um campeonato de futebol super competitivo ou resolver participar de uma prova de triatlo na praia”.
Quais são as lesões mais comuns nos “atletas de final de semana” e em quais situações acontecem?
As lesões são aquelas decorrentes de um corpo que não está preparado para fazer determinada atividade, e se coloca em situação de sobrecarga. Segundo o Dr. Diego, as consequências mais comuns são:
- Lesões musculares;
- Lesões ligamentares – decorrentes de entorse do joelho e tornozelo;
- Lesões por fadiga – muitas vezes podem atingir os ossos, causando fraturas por estresse.
Essas lesões acontecem principalmente em atividades de impacto muito intenso, como jogos de futebol muito competitivos, ou em decorrência da prática de exercícios de repetição que o corpo não está acostumado a fazer. O Dr. Diego dá alguns exemplos comuns: “aquela pessoa que costumava correr, mas está parada há cinco anos e resolve participar de uma maratona. Ou então aquele outro que resolve se aventurar em uma pedalada de 55km pela primeira vez”.
Quais sinais e sintomas indicam possíveis lesões decorrentes da prática de exercícios físicos?
Os sinais e sintomas de problemas de saúde e lesões decorrentes da prática de exercícios físicos podem ser clínicos ou ortopédicos:
Sinais e sintomas ortopédicos
- Dor no local da lesão;
- Incapacidade de fazer determinado movimento, como dificuldade de dobrar um joelho ou de estender o cotovelo;
- Aumento do volume do local da lesão – seja por conta de um hematoma ou devido a um derrame articular, decorrente de um processo inflamatório agressivo por conta de uma sobrecarga.
Sinais e sintomas clínicos
Podem sugerir que há algo errado com o funcionamento da parte cardiorrespiratória. São eles:
- Falta de ar;
- Dor no peito;
Como prevenir ou minimizar os riscos dessas lesões por exercícios físicos?
Segundo o Dr. Diego, para diminuir o risco de desenvolver lesões são fundamentais as seguintes medidas:
- Realizar exercícios físicos com o acompanhamento de um profissional – seja ele um educador físico, fisioterapeuta, instrutor da modalidade técnica, médico ortopedista ou do esporte;
- Respeitar os limites do próprio corpo – “é importante respeitar o tempo progressivo de preparo do corpo e entender que ele pode não estar preparado para determinada atividade física ou para desempenhá-la a nível de alta performance”, afirma o médico.
Qual a importância de consultar um médico antes de começar uma rotina de exercícios físicos?
Hoje, há áreas da medicina voltadas ao preparo e acompanhamento da pessoa que deseja fazer exercícios físicos. Além do médico ortopedista, existe o médico do esporte, que “são capazes de identificar se o paciente já tem uma lesão prévia ou se tem propensão a desenvolver algum tipo de lesão. Eles também podem sugerir modalidades que não são adequadas e outras que são mais indicadas, de acordo com a saúde física e hábitos de vida do paciente. Dificilmente uma pessoa acompanhada de um profissional de saúde evolui com lesões graves”, explica o Dr. Diego.
Algumas pessoas decidem começar a fazer alguma atividade por conta própria – como antigamente, quando não existia uma medicina direcionada apenas à prática segura de exercícios físicos – e não sentem impactos negativos. Já outras apresentam lesões que evoluem de forma grave e podem até impossibilitar a volta ao esporte, situação que pode ser evitada com orientação e preparo prévio.
Prof. Dr. Diego da Costa Astur é professor afiliado e pós-doutorado em cirurgia translacional – Departamento de Ortopedia e Traumatologia da Escola Paulista de Medicina/ Universidade Federal de São Paulo. É chefe do Grupo do Joelho da disciplina de Medicina do Esporte do Departamento de Ortopedia e Traumatologia da EPM/UNIFESP 2017-2021, orientador do programa de pós-graduação em Ciências da Saúde Aplicada ao Esporte e à Atividade Física da EPM/UNIFESP. É médico ortopedista do corpo clinico do Hospital Leforte.
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