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Esofagite, uma possível complicação do refluxo

Azia e queimação estão entre os sintomas de esofagite, que pode ser causada por episódios recorrentes de refluxo. Leia no site do Grupo Leforte.
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Equipe Leforte - Equipe Leforte Atualizado em 04/12/2021

A esofagite é a inflamação do esôfago, órgão em forma de tubo que conduz o alimento até o estômago. A forma mais frequente do quadro ocorre devido a episódios recorrentes de refluxo gastroesofágico – condição caracterizada pelo retorno do conteúdo do estômago para o esôfago, causando irritação e inflamação nas mucosas que o revestem. Para falar sobre esse problema cada vez mais frequente na população, o Grupo Leforte convidou o médico cirurgião Dr. Mauricio Correa Addor.

ESOFAGITE – O que é esofagite?

DR. MAURICIO CORREA ADDOR – esofagite é uma inflamação no esôfago, mais comumente causada pelo refluxo de ácido clorídrico vindo retrogradamente do estômago.

ESOFAGITE – Qual a incidência dessa condição no Brasil?

DR. MAURICIO CORREA ADDOR – a incidência de esofagite de refluxo tem aumentado no mundo todo, inclusive no Brasil. Até 10 a 12 % da população tem refluxo e estas taxas aumentam com a idade e peso.

ESOFAGITE – Quais são as causas da esofagite?

DR. MAURICIO CORREA ADDOR – o principal fator é o aumento dos índices de obesidade nas últimas décadas, padrão alimentar inadequado, excessos de refrigerantes, álcool, café e fumo.

ESOFAGITE – a doença pode se manifestar em qualquer idade? Quais são os fatores de risco?

DR. MAURICIO CORREA ADDOR – ela pode se manifestar em todas as idades, desde lactentes (bebês com meses de vida) até idades avançadas. Fatores como gestação, plásticas abdominais e, principalmente, a obesidade são gatilhos desencadeantes de refluxo gastroesofágico.

ESOFAGITE – é possível prevenir a doença?

DR. MAURICIO CORREA ADDOR – as principais maneiras de prevenção são:

  • Ter uma alimentação saudável;
  • Comer devagar com uma boa mastigação;
  • Evitar líquidos nas refeições;
  • Manter o peso adequado;
  • Moderar no consumo de álcool;
  • Não fumar.

ESOFAGITE – quais são os sinais e sintomas do problema? Ele costuma ser confundido com outras condições de saúde?

DR. MAURICIO CORREA ADDOR – os principais sintomas são azias, queimação na boca do estômago, sensação de regurgitação e eructação (arrotos). Também pode acontecer rouquidão e desgaste excessivo nos dentes.

Eventualmente, situações como asma brônquica podem ter como fator desencadeante uma crise de refluxo. É comum a pessoa inicialmente procurar um otorrinolaringologista ou um pneumologista pensando que tem uma afecção na garganta ou bronquite, quando, na verdade, a causa primária é o refluxo.

ESOFAGITE – como é feito o diagnóstico?

DR. MAURICIO CORREA ADDOR – o diagnóstico de esofagite é feito pela endoscopia digestiva alta. Nela, podemos verificar a intensidade da inflamação, que pode ser desde leve até erosões mais graves do esôfago. Um outro exame que complementa a avaliação da doença é a pHmetria: é colocada uma sonda fina pela narina até o esôfago e mede-se o pH (intensidade de ácido) local.

Realmente, é um exame um pouco desconfortável no início da realização. Mas, muitas vezes, é este exame que confirma o diagnóstico de refluxo, principalmente nos casos com endoscopias pouco alteradas.

ESOFAGITE – como a esofagite é tratada? Ela pode ser curada?

DR. MAURICIO CORREA ADDOR – a base do tratamento da esofagite de refluxo é uma dieta balanceada e fracionada, bem orientada pelo nutricionista, evitando bebidas gasosas e alimentos com alto teor de gordura. Lembrando que não basta atenção ao que comemos, mas, também, como comemos. É importante uma boa mastigação, comer sem pressa, sem distrações como celulares, computadores e TVs, algo tão rotineiro na vida corrida nas grandes cidades. Outra questão é respeitar os horários das refeições, evitando jantar muito tarde e dormir logo na sequência.

Por ser uma alteração crônica e recorrente, tais hábitos alimentares e mudanças no estilo de vida têm de ser incorporados no dia a dia das pessoas, pois, se houver abusos, haverá novas crises de refluxo.

Além da dieta, medicamentos foram desenvolvidos para tratar a esofagite nas últimas décadas com bons resultados. Eles agem diminuindo a secreção ácida do estômago e, por conseguinte, diminuem o teor ácido de eventuais refluxos. Antiácidos comuns podem aliviar temporariamente os sintomas e dão conforto momentâneo, mas não tratam a causa.

ESOFAGITE – se não for devidamente tratada, quais são as possíveis complicações da doença?

DR. MAURICIO CORREA ADDOR – como a causa da esofagite está associada ao refluxo gastroesofágico decorrente de um funcionamento inadequado do mecanismo de válvula na transição entre o esôfago-estômago, a tendência é que ocorram crises de tempos em tempos, dependentes da mudança ou não do estilo de vida e padrão alimentar, como disse acima.

Um acompanhamento com o gastroenterologista irá graduar a medicação proporcionalmente à intensidade dos sintomas. Havendo uma baixa resposta ao tratamento medicamentoso e nutricional, poderá ser indicada uma cirurgia.

Outra indicação de tratamento cirúrgico é a ocorrência de complicações do refluxo, como esofagites erosivas mais graves ou o chamado esôfago de Barret, que é uma alteração do revestimento mucoso do esôfago. Essa alteração é pré-maligna, podendo, com o passar dos anos, transformar-se em um tipo de câncer local, o adenocarcinoma. Para evitar a progressão do refluxo para casos mais graves e quando não há resposta ao tratamento clínico, a cirurgia é indicada.

Essa cirurgia é a cardioplastia hiatal feita por videolaparoscopia, na qual, através de pequenos orifícios na pele e parede abdominal, é confeccionada uma nova válvula entre o esôfago e estômago, além de sutura no espaço do diafragma por onde o esôfago entra no abdômen.

O Dr. Mauricio Correa Addor formou-se em medicina na PUC de Campinas. Fez residência em cirurgia geral na Santa Casa de São Paulo e possui título de especialista em cirurgia pela Associação Médica Brasileira (AMB). É membro Titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM) e membro titular do Colégio Brasileiro de Cirurgiões.

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Este conteúdo é meramente informativo e educativo, sendo destinado para o público em geral. Ele não substitui a consulta e o aconselhamento com o médico e não deve ser utilizado para autodiagnóstico ou automedicação. Se você tiver algum problema de saúde ou dúvidas a respeito, consulte um médico. Somente ele está habilitado fazer o diagnóstico, a prescrever o tratamento mais adequado para cada caso e acompanhar a evolução do quadro de saúde do paciente.

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